42 anos da morte do cineasta
Por Dimas Oliveira
Além de
inscrever seu nome - e o de Feira de Santana - no cenário cinematográfico
nacional e internacional, Olney São Paulo (07.08.1936-15.02.1978) também era
ligado à literatura. Ele escreveu em 1965 o livro de contos "A Antevéspera e o Canto do Sol".
Nesse
livro, o conto "Destacamento", foi republicado em 2009 como o nome de
"Cravo Santo", pela Fundação Senhor dos Passos, através do Núcleo de
Preservação da Memória Feirense. Exemplares foram distribuídos aos presentes no
dia 9 de agosto de 2009, no Tributo a Olney São Paulo, realizado na Câmara de
Dirigentes Lojistas (CDL).
Olney foi
diretor da revista "Sertão", órgão da Associação Cultural Filinto
Bastos, exclusivamente cultural. No número 1 da revista, ele escreveu o ensaio
"Vingança".
Ele
também assinava a coluna "Cineópolis", no jornal "O
Coruja", do Colégio Santanópolis, onde estudava. Começou escrevendo sobre
cinema antes de roteirizar e dirigir filmes.
Estudos
de relações entre literatura e cinema no Brasil, foram desenvolvidos pelo
Núcleo de Estudos em Literatura e Cinema (Nelci), da Universidade Estadual de
Feira de Santana (Uefs).
Olney
também foi estudado para uma seleção de mestrado em História da Pontifícia
Universidade Católica (PUC), de São Paulo, por Johny Guimarães da Silva, com a
proposta "O Sertanejo no Cinema de Olney São Paulo".
Como já
foi dito, Olney é sertanejo-urbano, jacuipense, feirense, baiano, carioca e
brasileiro, um artista do mundo.
Homenagens
Em Feira
de Santana, Olney deu nome a Cine Clube - que não está mais em atividade; seu
filme "O Grito da Terra" virou nome de jornal - também extinto; teve
mesa com seu nome no Balcão Di Vidros - um bar que já fechou. Também foi nome
de premiação, em 1994, do Salão Universitário de Artes Plásticas, do Museu
Regional de Arte. Na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) existia o
Coletivo Olney São Paulo, entidade formada por professores e alunos para
estudar cinema. Na Galeria Carmac, no centro da cidade, tem um espaço chamado
praça Olney São Paulo, e no Tomba existe uma extensa rua com seu nome. Olney
também denomina a praça de alimentação do Boulevard Shopping.
Mais: a
edição de 1978 da Jornada Baiana de Cinema fez homenagem a Olney. "Muito
Prazer", filme de David Neves, com Ilya São Paulo no elenco, teve
lançamento em Feira de Santana, no Íris, em homenagem póstuma a Olney.
"Pinto
Vem Aí" foi premiado no V Festival Brasileiro de Curta-Metragem do Jornal
do Brasil. "Manhã Cinzenta" foi apresentado em vários festivais internacionais,
como Pesaro (Itália), Cracóvia (Polônia), Mannheimm (Alemanha) - onde foi
premiado com o Filmdukaten, em 1970, e causou curiosidade nos alemães com sua
presença, pois ele foi para o festival de sandálias de tiras de couro cru,
naturalmente compradas na feira livre de sua terra -, Londres (Inglaterra),
Havana (Cuba), e Viña Del Mar (Chile). "Manhã Cinzenta" (rèalisé par
Olney A Sau Paulo) também participou de mostra paralela no Festival de Cannes
(França), em 1970. Em 1976, participação no V Festival Internacional de Cinema
da Figueira da Foz (Portugal).
Olney foi
elogiado por Orson Welles (realizador do maior filme de todos os tempos,
"Cidadão Kane"), para quem "Manhã Cinzenta" era um filme
extraordinário. Glauber Rocha chamou Olney de "mártir do cinema
brasileiro", disse mais que ele "é a metáfora de uma alegoria.
Alegorias estas que muitas vezes foram barradas mas que nunca deixaram de ser
registradas". Sobre "Manhã Cinzenta", o crítico e cineasta Rubem
Biáfora comentou no jornal "O Estado de São Paulo": "Uma fita
mais abertamente polêmica, que a Censura cometeu o erro e a inutilidade de
proibir". A empresa Dezenove Som e Imagem, em São Paulo, dedicada a
"filmes de autor", tem em seu acervo uma cópia de "Manhã Cinzenta".
No
catálogo oficial do I Mille Occhi, oitava edição do Festival Internacional de
Cinema e de Arte, realizado em Triestre, na Ítália, entre 18 e 26 de setembro
de 2009, consta artigo de Dimas Oliveira, especialmente escrito (e
traduzido do inglês para o italiano), sobre "Grito da Terra", de
Olney São Paulo, que foi exibido no festival. A atriz Helena Ignez - que atuou
na realização feirense - foi destacada com o "Premio Anno Uno" e teve
mostra de seus filmes no evento. O catálogo dedica 26 páginas (29 a 54) a
Helena Ignez, sendo as duas últimas destinadas ao filme de Olney São Paulo.
No dia 3
de dezembro de 2011, Olney foi homenageado dentro da mostra de curtas do
Tocayo, evento multimídia que ocupou o Galpão da Ação da Cidadania, no Centro
do Rio de Janeiro. Ao todo foram exibidos quatro títulos do cineasta:
"Manhã Cinzenta" (1968), obra que culminou em sua prisão; "Grito
da Terra" (1964); "Sob o Ditame do Rude Almajesto: Sinais de
Chuva" (1976); e "Pinto Vem Aí" (1976). A 12ª edição do Tocayo
reuniu cerca de 50 artistas, com 12 horas de atividades culturais. Em
2011, Henrique Dantas lançou o documentário "Sertão Cinzento", sobre
Olney e seu filme mais polêmico, "Manhã Cinzenta". Em 2013, a vez de
Henrique Dantas lançar "Sinais de Cinza: A Peleja de Olney São Paulo
Contra o Dragão da Maldade", que conta a trajetória do cineasta e dá a
dimensão da importância do cinema político de Olney.
A data de
nascimento de Olney, 7 de agosto, é Dia Nacional do Documentarista.
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