Por Percival Puggina
Todos
os brasileiros sabem como a esquerda em geral e o petismo em particular
apreciam "narrativas". Quando o partido se dá mal, a narrativa desmonta os
fatos, peça por peça, recompondo-os como num jogo de armar até ficarem com o
aspecto desejado. E o que é mais insólito: quem os segue vira Alice no país das
narrativas. Passa a habitá-las.
Foi
assim, por exemplo, que os terroristas que lutaram nos anos 60 e 70,
financiados por Cuba e por Moscou para implantar o comunismo no Brasil, são
exibidos como heróis e mártires da democracia. Foi assim que o sítio de
Atibaia, onde não havia um palito que não pertencesse a Lula, onde ele esteve
cento e tantas vezes em cinco anos (e onde, descoberta a tramoia, nunca mais
voltou) jamais lhe pertenceu, segundo a narrativa. E por aí vai a mentira.
Ela
é companheira inseparável de todos os erros, de todos os vícios e de todos os
crimes. Mente o marido infiel, o aluno vadio e o professor militante; mente o
ladrão, o estuprador e o homicida. A mentira só não é agravante de todos os
crimes porque sua presença em tais atos, de tão constante, se tornou natural e
virou direito. Ela reina nas narrativas e sobre as expectativas.
Corromper
a verdade não é um delito menor. Escrevi outro dia que antes de o bandido se
tornar bandido, houve o ciclo das mentiras, turbando o caráter e preparando o
terreno para o que vem depois.
O
Brasil foi sede de um mecanismo que o saqueou em proporções descomunais e pôs
no chinelo ocorrências semelhantes na história universal. Os atos criminosos
envolveram fraude em licitações, corrupção de agentes públicos, lavagem de
dinheiro e organização de quadrilha. Os que cometeram esses atos eram
mentirosos escolados e ninguém se surpreendeu com que assim fosse. A surpresa
veio do filme "Democracia em Vertigem", um condensado de mistificações sobre o
impeachment de Dilma, sobre o Brasil e sobre o governo Bolsonaro, produzido com
o intuito de vitimizar os criminosos em vítimas. Estranhas vítimas! Vítimas de
vários partidos, que devolveram dinheiro roubado, que denunciaram os parceiros
e já foram condenados em até três graus de jurisdição, durante processos
acompanhados de perto pelo Supremo Tribunal Federal.
A
sensação de poder é mais perigosa e afoita do que o próprio poder. O poder
cobra proteção; a sensação de poder faz crer que a mentira vai pegar e suscita
uma espécie de fé.
O
suposto documentário que produziram para esse fim é obra de ficção. Conta que
Bolsonaro é um ogro, que acabou a democracia no Brasil, e que houve um golpe,
aqui, em 2016. Agora, vestiram black tie, lustraram os sapatos, pisaram no
tapete vermelho e tentaram aplicar um golpe na Academy Awards. Não colou.
Percival
Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas
de jornais e sites no país. Autor de "Crônicas Contra o Totalitarismo", "Cuba, a Tragédia da Utopia", "Pombas e Gaviões", "A Tomada do Brasil". Integrante do grupo
Pensar+.
Fonte: http://www.puggina.org
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