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Por Carlos José Marques
Ele agora mudou de
patamar. Coleciona novas peças acusatórias em ritmo quase semanal. É denúncia
para todo lado. Neste início de mês já foram três consecutivas contra ele.
Mesmo quem acompanha perdeu a conta. Como réu o líder petista figura em seis
processos. Sentença de condenação também não falta: quase dez anos de cadeia o
aguardam por um único dos malfeitos que cometeu. A ficha corrida do
ex-presidente não é para qualquer um e sim digna de criminosos de alta
estirpe.
Mesmo assim ele insiste em posar de injustiçado, perseguido da
lei. A lorota caiu por terra quando o parceiro de todas as horas, Antônio
Palocci, deu com a língua nos dentes e relatou os esquemas nos quais Lula teria
recebido a bolada de R$ 300 milhões como reserva técnica. Isso de apenas uma
das empresas que lhe fazem gentilezas. Dinheirama sem fim além - é claro - de
benesses imobiliárias e reformas na qualidade de mimos extras. Palocci figurava
como homem da mais estreita relação e confiança de Lula. E nessa condição
relatou com requintes de detalhes o caudaloso fluxo de corrupção em torno do
antigo chefe e aliado. Haja lambança.
Lula, por sua vez, para não fugir ao
figurino habitual, comportou-se como um dissimulado de marca maior. Em escala
ascendente, as suas reações contra quem o acusa - e já somam mais de 30
delatores entre empreiteiros, correligionários, operadores e amigos do calibre
de Bumlai, Delcídio e quetais - soam inverossímeis, espetaculosas. Estariam
todos mentindo, menos ele. Quem não se condói de tamanha crueldade?
Há poucos
dias disse ao juiz Moro, em mais um dos enésimos depoimentos, que prefere "a
morte" a passar por mentiroso. Por essa ótica, o enterro já deveria ter
ocorrido faz tempo. Lula mente com a cara de pau de um Pinóquio incorrigível.
Na semana passada, quando confrontado com as evidências de propina dada a seu
instituto, chegou ao limite de dizer que não participava da direção executiva
da organização. Figurava somente como "presidente de honra". Em outras
palavras, deixou entender que o Instituto Lula não é propriedade dele, Lula.
Saibam todos de antemão.
O cacique do pau oco debocha de qualquer circunstância.
Mesmo as mais constrangedoras a ele. Cria ao seu redor espetáculos deprimentes.
As passeatas recentes, organizadas durante as suas andanças pelos currais do
Nordeste, reuniram meia dúzia de áulicos seguidores. Nada além. Situações
anedóticas foram registradas. Tome-se, por exemplo, o comentário da presidente
da agremiação petista e senadora, Gleisi Hoffman, ao tratar da devastadora
paulada do antes festejado quadro partidário, Palocci. Ela alegou que o
ex-ministro estava a serviço da CIA, agência de investigações americana.
Patético, para dizer o mínimo. Os petistas perderam o senso de ridículo.
Apegam-se a qualquer lorota em busca da única tábua de salvação que enxergam: a
candidatura presidencial de Lula como saída para livrá-lo do xilindró. Lula quer
travestir-se de candidato e dessa maneira fugir da condição de investigado.
Seria deveras inacreditável a situação de uma chapa a presidente encabeçada por
um dos mais encalacrados malfeitores políticos de que se tem notícia, o "chefe
da quadrilha", como denominam procuradores federais. Imagine, caro leitor, o
bizarro contexto desse personagem concorrendo, repleto de processos,
condenações em vias de segunda instância, provas de corrupção em profusão
(quatro discos rígidos referentes a pagamentos clandestinos na Suécia em seu
nome também acabam de ser entregues à PF) e novas falácias em campanha?
Mais
grave: na eventualidade de sair vencedor das urnas, Lula teria de apresentar-se
ao Planalto com a sua ficha corrida que, entre outras razões a impedi-lo de
tomar posse, esbarra diretamente na Constituição. Em um dos artigos está
prevista a proibição a qualquer brasileiro de assumir a presidência da
República tendo pendências com a Justiça. Surrealismo além da conta. É
aconselhável acreditar no bom senso dos senhores magistrados para evitar
tamanha patacoada.
Lula, pela ordem natural das coisas, já está fora da corrida
a Brasília - a não ser que escolha a Papuda. O próprio partido estuda
alternativas. Quanto ao faroleiro-mor dos contos da carochinha, nada mais
restará que o cumprimento de penas por tantos desvios que colecionou.
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