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No Domingo de Páscoa

No Domingo de Páscoa

terça-feira, 8 de agosto de 2017

O Cine Teatro Santana

Por Adilson Simas
Palco de grandes acontecimento vale a pena viajar no tempo, e voltar ao Cine Teatro Santana, na visão de quem o frequentava constantemente, o historiador Antônio Moreira Ferreira, também conhecido como Antônio do Lajedinho:
Em 1919 Ruy Barbosa veio fazer uma visita aos seus correligionários políticos de Feira de Santana. Naquela oportunidade fez um dos mais importantes pronunciamentos políticos da época, com grande repercussão em todo o Brasil. Aquele pronunciamento foi feito no palco do Cine Teatro Santana.
É o Cine Teatro Santana, parte histórica da Feira, que ora volta nas lembranças de minha juventude.
O Cine Teatro que conheci na década de 30 era muito grande para o número de habitantes da cidade.
Situado na antiga rua Direita, hoje Conselheiro Franco, em frente ao "Beco do Mocó", ocupava uma área de aproximada de 600 a 800 metros quadrados, tendo na frente uma porta larga que servia de entrada para a sala de espera, mais duas portas de frente, para saída, e duas bilheterias entre as portas.
Ainda na frente existiam três janelas na parte alta, no mezanino, que, com o advento do cinema foram fechadas as laterais e transformadas em seteiras a central onde foi instalada a máquina de projeção (a princípio parava a projeção para trocar a parte seguinte do filme).
A parte interna era mobiliada com cadeiras, tendo uma divisão na parte próxima do palco, (local privilegiado para o teatro e discriminado em "geral" para cinema).
Nas laterais, a uns três metros do solo, havia uma carreira de frisas e mais outros três metros acima, ficavam os camarotes, sendo os de mezanino especiais. Tudo com o realce da arte barroca.
Naquele palco, que tinha vários camarins, desfilaram os grupos dramáticos Sales Barbosa, do qual faziam parte Elziário Santana, Osvaldo Santos, Florisberto Moreira da Silva, Antônio Ribeiro, as irmãs Zaida, Zenilda, Zorilda e outras.
O Taborda que tinha Gilberto Costa, Martiniano Carneiro da Silva, Joaquim Borges da Costa, Manoel da Costa Ferreira, Aurélio Vasconcelos, Alberto Boa Ventura e outros.
Além do Grêmio Lítero-Dramático Rio Branco, do qual faziam parte Dr. Gastão Guimarães, Dr. Juventino Pitombo, Antônio Ferreira da Silva  etc, como outros grupos que por aqui passaram.
Quando comecei a frequentá-lo, na década de 30, o cinema ainda era mudo por aqui. O seu dono era o Sr. Calmon de Siqueira e os operadores eram Florisberto Moreira (Zinho) e Joaquim dos Santos (Quincas).
Logo chegaram os primeiros filmes falados que trouxeram mais adeptos ao cinema. Aos domingos eram oferecidos filmes dramáticos, estrelados por Bette Davis, Kay Francis, Errol Flynn, Rodolfo Valentino etc.
As segundas-feiras eram reservadas para os famosos bang-bangs, que tinham como tradicionais  "mocinhos" o Buck Jones, Kay Maynard, George O'Brien, Tom Mix e outros.
Era a rapaziada que fazia questão de ocupar as gerais, porque ali todos aplaudiam batendo o assento e gritando a cada castigo que o mocinho aplicava no bandido.
Eram dois pandemônios: o da tela e o dos torcedores. Muitas vezes era necessário parar a projeção e acender as luzes para que os torcedores se acalmassem. 
Depois vieram os seriados, também às segundas, que interrompiam em uma cena de  suspense e aparecia na tela "VOLTE NA PRÓXIMA SEMANA". E durante os dias seguintes os homens comentavam os acontecimentos do seriado, como hoje se comentam as novelas na TV.
Um dia, em nome do progresso, mutilaram o histórico Cine Teatro Santana para transformar o local em estacionamento de aluguel para automóveis.
De pé apenas "a marca do crime": um pedaço de parede que desafia o tempo e mexe com as lembranças dos velhos contemporâneos que ainda vivem.


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