O leitor que é interessado pela política dos
Estados Unidos, mas que não se aprofunda a conhecê-la, provavelmente acredita,
que ao longo da historia, influenciado pelas narrativas convencionais da grande
mídia, o Partido Democrata sempre defendeu os negros enquanto o Partido
Republicano fazia o contrário.
Este engano ocorre por causa da repetição de fatos
mentirosos, com a colaboração de jornalistas e políticos do "politicamente
correto", que chamam qualquer um de seus desafetos de racistas, machistas, fascistas, nazistas, homofóbicos e
tantos outros xingamentos com o único intuito de denegrir a imagem de seus
adversários ao invés de procurar um debate saudável.
O documentário "Hillary’s America: The
Secret History of the Democratic Party", produzido pelo
indiano Dinesh D'Souza, mostrou, após uma profunda investigação, um passado
nada animador de um partido que diz ser o criador de oportunidades, mas que na
verdade foi contra o progresso por diversas vezes ao longo do tempo.
Tudo começou no século XIX quando o Partido
Democrata-Republicano, do na época presidente Thomas Jefferson, dividiu-se e um
grupo criou o Partido Democrata. O primeiro a se eleger pela nova legenda foi
Andrew Jackson, em 1820. Na época, ele desrespeitou tratados e invadiu terras
de tribos indígenas para vendê-las a preços baixos para brancos em troca de
votos. Naquele momento, quem se opôs a essas medidas foram os fundadores do
recém lançado Partido Nacional Republicano, que mais tarde deu origem ao atual
Partido Republicano.
Ao longo deste mesmo século, um tema acabou
ganhando muita importância: a libertação dos negros. Os ânimos ficaram tão
acirrados que em 1856 o senador republicano Charles Summer foi agredido pelo
senador democrata Prestern Brooks durante um discurso contra a escravidão.
Segundo Dinesh D'Souza, nenhum dos parlamentares
republicanos possuíam escravos, o que ajuda a explicar a luta do partido contra
a escravidão e os dados que apontam os votos dos republicanos a favor do fim da
escravidão, enquanto 77% dos democratas votarem contra.
Quando se trata da 14° emenda, onde diz que "todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos, e
sujeitas a sua jurisdição, são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado onde
tiverem residência", 94% dos republicanos votaram a favor de
validação com oposição de todos os congressistas democratas. Já a 15°
emenda, que diz que "o direito de voto dos cidadãos
dos Estados Unidos não poderá ser negado ou cerceado pelos Estados Unidos, nem
por qualquer Estado, por motivo de raça, cor ou de prévio estado de servidão",
foi aprovada por todos os republicanos e reprovada por todos os democratas em
1870.
O
surgimento da Ku Klux Klan (KKK)
Após essa grande derrota, o Partido Democrata
tentou se reerguer. Segundo Carol Swain, professora da Escola de Direito de
Vanderbilt e uma especialista na história das relações entre raças e direitos
civis, o novo plano era restaurar a hegemonia branca no país, tanto que em 1868
o lema dos Democratas era "este é um país de homens
brancos. Deixem um homem branco governar". Neste período, eles
estiveram por trás da organização racista chamada de Ku Klux Klan (KKK), cujo
fundador foi Nathan Bedfor Forest, um delegado comprometido com o Partido
Democrata.
O desespero de muitos democratas, que levou ao
aumento de ataques da KKK, se deu porque a grande parte dos negros viviam no
sul do país e votavam no Partido Republicano. Para eles era inadmissível ver
pessoas que odiavam estarem também os tirando do poder. O ódio se acirrou
ainda mais porque os negros passaram a se candidatar e a serem eleitos no
Congresso em ou legislaturas estaduais, tanto que no fim do século XIX, 22
congressistas eram negros e membros do partido republicano.
Estima-se que mais de três mil negros e mil brancos
republicanos foram mortos pela KKK. E os casos de racismo seguiram o século
seguinte e pareciam sem alguma solução. O presidente democrata Woodrow Wilson (1913-1921) aprovou medidas que aumentavam a segregação, impedindo brancos e
negros de usarem o mesmo banheiro e de comerem no mesmo lugar, como também
demitiu grande parte dos supervisores negros que trabalhavam para o governo.
Wilson também foi acusado de ter parte com o racismo por causa do filme "O
Nascimento de Uma Nação", de 1915, exibido na Casa Branca, e que mostrava
os negros como seres monstruosos e grandes ameaças aos brancos. Além disso, o
filme é acusado de enaltecer a KKK e de dar um recomeço a esta organização
racista.
Após o lançamento do filme, as tensões raciais
foram se intensificando. Em 1924, no dia da Convenção do Partido Democrata -
que também ficou conhecido como a Klanbake - milhares de membros da KKK
marcharam pelas ruas (Foto: Reprodução) de Nova Iorque gritando frases racistas e queimando cruzes
ao celebrar a recusa do partido em condenar as ações da organização.
Mais tarde, já na década de 1930, o presidente
democrata Franklin D. Roosevelt (1933-1945) viu grande parte de seu partido
resistir a aprovação do New Deal, que era um plano para combater os efeitos da
Crise de 1929. Para seu projeto ser aprovado, Roosevelt prometeu aos membros de
seu partido que se se não votassem no New Deal ele iria impedir quaisquer leis
anti-linchamento. E se a medida fosse aprovada, os negros seriam excluídos de alguns
dos programas do New Deal. Segundo Carol Swain, fazendeiros brancos eram pagos
para não produzir, o que significou a perda de empregos de muitos negros e os
levaram a ficarem sem seguridade social.
Anos depois, a luta contra a segregação foi
crescendo encabeçada pelo pastor Martin Luther King Jr., cujo pai era um
republicano conhecido. Durante a década de 1960, leis anti-segregacionistas
foram amplamente aprovadas pelos republicanos, já que eles possuíam maioria no
Câmara dos Deputados e no Senado. Contrariando a grande parte de seus
companheiros de partido, o presidente democrata John F. Kennedy (1961-1963) se
comprometeu com os líderes do movimento contra o segregacionismo, mas tudo se
cumpriu apenas com o vice e sucessor de Kennedy, o presidente democrata, Lyndon
B. Johson (1963-1969), que teria dito que ao apoiar as medidas anti-racistas,
estaria garantindo o voto dos negros para o seu partido pelos próximos 200
anos.
Os
democratas e o controle de armas
O Partido Democrata é um grande defensor do
controle de armas, tanto que o ex-presidente Barack Obama fez diversos
discursos e tentou promover certas medidas para este fim. A defesa do partido
por esta posição vem de longe e se originou para que os negros não tivessem a
possibilidade de se defenderem ao serem atacados pela KKK, de acordo com Carol
Swain.
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