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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

"Um pobre idioma à mercê de todos (*)"



Por Luís Augusto Gomes
Aproveitemos o pedagógico episódio dos apolos decaídos para lucubrar sobre este patrimônio que é a língua portuguesa.
Sabemos que a língua é dinâmica, isto é, com o tempo, modifica-se, inova-se, adapta-se.
Antigamente isso era um processo lento, porque as palavras viajavam de caravela, e mesmo o avião não acelerou tanto assim as coisas.
Hoje vivemos relações promíscuas na, pode-se dizer, plenitude da comunicação eletrônica-cibernética, que elevou a fofoca de bairro a fofoca universal, com a diferença de que a primeira era muito mais fácil de desmentir.
No bojo dessa transformação, o polêmico conceito do "politicamente correto", com a perda de poder pelos segmentos que o vinham sustentando no país, está sendo substituído pelo "gramaticalmente correto".
De repente, o velho e expressivo "risco de vida" foi expurgado da imprensa, porque, segundo interpretação dos sábios emergentes, "ninguém corre o risco de voltar à vida", o que seria uma incoerência.
Hoje se diz e se escreve nos meios de comunicação que o indigitado cidadão "não corre risco de morte" ou, pior ainda, "não corre risco de morrer".
Como disse respeitado mestre do idioma, querem nos fazer deixar de falar a língua que falavam os avós dos nossos avós, e citou casos obviamente ilógicos, mas usuais, como "um veneno ótimo para baratas".
Temos agora mesmo um caso trágico a acontecer em Salvador e na Bahia, que é um conhecido apresentador de televisão usar o vocábulo "parafernália" para designar confusão, briga, bafafá.
Trata-se, como se sabe, de palavra muito fina, que define, enfim, o conjunto de ferramentas ou instrumentos para execução de determinada atividade.
Sua nobreza vem de estar em geral relacionada com estetoscópio, termômetro, tensiômetro e outros itens do afazer médico. Repetida exaustivamente em programas populares, poderá em breve aspirar à extensão, nos dicionários, do significado.
Voltando aos capadócios norte-americanos, eles não fizeram "falsa comunicação de crime", como está consagrado em nosso jargão jurídico. A comunicação foi verdadeira, falso foi o crime, não o deles, claro. De agora em diante, portanto, "comunicação de falso crime". Será que pega?
(*) Pobre, naturalmente, no sentido sentimental do termo.

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