Nesta
segunda-feira, 11, data de aniversário de Pilar São Paulo. Seu irmão Olneyzinho
São Paulo, envia texto em homenagem a ela - feita pelo seu pai Olney São Paulo.
Nas fotos,
ela está com o filho Rayne e ainda criança, no colo da mãe Maria Augusta e com
o pai Olney.
"Eu estava
um bocado chateado, num desses dias que parece que não vai ter noite, e, aliás,
nem parecia que estava tendo dia, parecia mais, que quem me tinha eram as
coisas daquele dia. De tão danado que estava fiquei triste, uma “zoação” na
minha cabeça, uma canseira de tentar, uma saudade de mim mesmo, uma tristeza de
não ser. Nem vi que a noite acabara o dia. Não entendia que esse danado desse
dia só em mim ainda existia.
Cego e
acanhado me desesperava a vida que não entendia. Então saí pelo mato, o chão
quase que me feria os pés dentro de minhas galochas. Não via, que incendiado,
bordado de estrelas o céu, me via, mas ele me via. Do meio do escuro, passei um
bicho, que eu tão pouco entendia, mas, seguro que bicho ali existia. E de
estanque parei no zumbido, um ensurdecedor zumbido que aos poucos se foi vendo,
era a zoada dos 'namoros dos sapos'. Sim. Quando namoram, os sapos fazem zoada.
E muita. Era tanta zoada na lagoa que dava pra calar a burrice do mundo, a
burrice que me deixara zoado. Eu deveria ter feito zoada ao invés de ter
deixado esse dia me acabrunhar. Fiquei ali olhando aquela lagoa enorme, cheia
de estrelas que, de tão grande e tão estreladas, minhas vistas ardia. Era sapo
e estrela, talvez sapo namorando com sapa, ou com estrela, mas estava bonito de
tão 'zoadento' de ver. Havia tempo que não sabia mais do sertão assim, com
tanta água, água até pra sapo zoar. E continuei andando, apesar de querer ficar.
Mas tinha que ir. A caatinga molhada na roça de meu compadre pedia que eu fosse
que eu continuasse. E fui andando pelo meio do mato, só as estrelas e eu. A
lua, que eu queria não saía, mas estava; só que não saía como eu queria. Deixei
de querer e fui. Fui e vi, aliás, não vi. Nada vi, só senti. Tinha lobisomem,
que não vi, tinha onça que eu não vi, tinha fada, que eu não vi, mas pensei na
brincadeira “essa fadinha” e ri, tinha outros elfos e gnomos que eu também não
vi, tinha até um saci, que eu também não via, mas eu sorria, e o mato, por si
só caminhou meu caminho e me trouxe pra casa, cansado e rindo. E enquanto
sorria lembrei que aquilo tudo era porque amanhã era o dia do aniversario da
Pilar, eu estava triste por ela não estar, mas como quando tentava dormir e ela
não deixava, brincando sorrindo, tocando piano nas minhas costas, vi todos os
seus brinquedos de menina, o mundo bonito que ela via, os brinquedos da minha
filha Pilar, uma menina feita de sorriso e magia. Passei o passo da porta olhei
minha mulher e filha dormindo e chorei de felicidade, estava quase na hora de
ir buscar os bichos no pasto, 'pra a gente brincar', pois hoje era o
aniversário da Pilar.
Bom
aniversário minha filha!
Amo você
Olney"
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