Por Reinaldo Azevedo
Vejam
título e texto de um post publicado aqui no dia 4 de março. Volto em seguida.
"O
presidente me disse o seguinte: "Onde está no estatuto do PT que tem que votar
contra o trabalhador e o aposentado? Não está, vote de acordo com sua
consciência".
De quem é essa fala? Segundo o senador Paulo Paim (PT-RS), foi a
recomendação que recebeu de Lula no caso da votação do pacote fiscal. Ao menos
foi o que disse o senador a Leonardo Souza, segundo se lê na coluna do
jornalista, na Folha.
Não cabe, portanto, dúvidas sobre o papel de Lula na resistência
dos petistas ao pacote fiscal. Convenham: ao ex-presidente, apenas dois papeis
seriam dignos: ou a ausência do debate ou a colaboração com a linha escolhida
por sua sucessora. Em vez disso, como fica claro, ele escolheu a sabotagem.
Paim disse mais à coluna: "O Lula é totalmente favorável a acabar
com o fator [previdenciário]. Ele chegou a falar que, se tem uma coisa da qual
ele se arrependeu, foi não ter derrubado o fator no governo dele".
É mesmo? Por que será que o Babalorixá de Banânia não deu fim ao
dito-cujo? Distração? Preguiça? Esquecimento? Vai ver o caixa da Previdência
não permitia, certo? É muito fácil, então, transferir a responsabilidade para a
sucessora.
E Paim não economiza, não. Resolveu abrir guerra contra Dilma
mesmo - Lindbergh Farias, outro interlocutor do lulismo, está com ele:"Se ela vetar [o fim do fator
previdenciário], nós vamos derrubar o veto. Toda a bancada do PT vota pela
derrubada do veto, assim como a do PMDB. O fato novo que ela não entendeu, a
presidenta, é que o voto não é mais secreto, é aberto. E há unanimidade no
país, que o povo todo é contra esse fator."
Eis aí. Com a devida vênia, queridos leitores, eu estava certo,
né? Alguns acharam que eu delirava quando apontava a mão de Lula na
desestabilização do governo Dilma. Já não há mais dúvida.
Imaginem os perrengues pelos quais não tem de passar Michel Temer,
obrigado a fazer a coordenação política do governo. Mesmo sendo presidente do
PMDB - e isso, hoje em dia, já traz dificuldade o que chega -, vê-se ainda na
contingência de ter de enfrentar a sabotagem de Lula em território petista.
É no que dá Dilma pedir a bênção ao criador, que, tudo indica,
quer agora destruir a criatura, de olho não exatamente em seu futuro político,
mas em seu passado.
De resto, chega a ser comovente de tão escandalosamente sincera a
fala de Paim. Ele acha que votar contra o fim do fator previdenciário é trair
os trabalhadores. Mas deixa claro: se o voto fosse secreto, ele até trairia,
entendem? Assim, não é que ele se negue a trair; ele só não quer é que os
outros descubram.
Que gente!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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