Eva Marie Saint ladeada por Alan Arkin, John Phillip Law, Cindy Putnam e Carl Reiner em "Os Russos Estão Chegando! Os Russos Estão Chegando!"
Foto: Reprodução
Na noite desta quinta-feira, 4, no TeleCine Cult, a revisão
de "Os Russos Estão Chegando! Os Russos Estão Chegando!" (The
Russians Are Coming! The
Russians Are Coming!), comédia de guerra de Norman Jewison, 1966. O filme foi
visto em 1969, no Cine Santanópolis.
Comentário feito no jornal "Situação", integra o livro "cinema demais ou era uma vez
dezenas de filmes comentados e a situação do cinema em feira de Santana", que
estarei lançando ainda este ano:
Nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um, zero:
sem nenhum aviso, os russos desembarcam numa pequena cidade da costa
norte-americana. Porém, apenas por um acaso e, se não saem devorando indefesas
criancinhas pelas ruas é porque finalmente a velha imagem já foi superada...
Norman Jewison, em seu filme, tenta apresentar até que ponto
pode ir uma pacífica convivência entre os visitantes vermelhos e os anfitriões
capitalistas. Após certos equívocos, russos e americanos descobrem que, atrás
de frases pueris, todos são igualmente seres humanos. Isso vemos no final - a
despedida como velhos camaradas.
Partindo de uma idéia pretensiosa, Jewison evita todos os
caminhos da boa comédia para cair no mais frágil chavão de sentimentalismo com
as fórmulas eternas: um simpático e jovem russo se enamora pela americana, tão
bonitinha como chatinha; russos que outrora agrediam com palavras se enternuram
pelo garoto que quase cai do telhado, mas aparece o jovem russo que sobe até lá
e salva o "promissor" americano. Isso de não apresentar os inimigos da guerra
fria como sórdidos vilões, o que era praxe, não melhora nada o filme, pois,
temos a imagem contrária nesta película. Todos os conflitos são reduzidos a uma
espécie de compreender que só satisfaz aos consumidores de literatura do
rearmamento moral.
Em comédia quase tudo é permitido, todavia em "Os Russos
Estão Chegando" falta uma certa malícia, certo espírito inovador, como falta
inteligência ao seu diretor. No fim, todos acabam como heróis do cotidiano,
simplesmente porque Jewison segue no seu filme a rota de conciliação
paupérrima, debilóide, comprometida somente nos slogans publicitários "amizade
pelo sorriso". Não perto de querer definir esta amizade, acho que para uma
pacífica coexistência é necessário algo mais complexo e não apenas apertos
diplomáticos de mãos, sob a ação de fotógrafos.
Enfim, "Os Russos Estão Chegando" decepciona por completo.
Seguindo a pior linha diplomática, escolhida pelos líderes da guerra e da paz,
o ramo de flores na frente dos canhões. Para os consumidores do dia-a-dia da
política internacional, o aperto de mão que Jewison patrocina será o prenúncio
de novas ideologias, lançadas por cineastas de pouca imaginação.
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