Por
Reinaldo Azevedo
Escrevi um post nesta tarde em que afirmei
que o Brasil estava entre larápios e fantasmas. Não preciso, por óbvio,
declinar os nomes dos primeiros. Os demais estão a toda hora na propaganda
eleitoral do PT e no discurso do governo. Quando os petistas apostavam que
Dilma iria disputar o segundo turno com Aécio Neves, espalhavam a mentira
estúpida de que, se eleito, o tucano iria cortar benefícios sociais. Como Aécio
ataca, e com correção, o Estado perdulário, ineficiente, gastador e corrupto,
os companheiros transformavam essa crítica num sinônimo de "medidas amargas"
contra os pobres. Era só um fantasma. Nunca existiram nem a promessa nem a
intenção.
Segundo a fotografia do momento das pesquisas, Dilma disputaria o
segundo turno com Marina Silva. Não faltam a cada uma das adversárias motivos
para apontar falhas nas promessas da outra. Os há às pencas. Mais uma vez, no
entanto, a petezada escolhe o discurso das sombras, do medo, do terror. Se
eleita, espalham, a peessebista não dará atenção ao pré-sal. O
sindicalismo gay foi mobilizado para sair por aí a gritar impropérios contra a
candidata do PSB, acusada de homofóbica e fundamentalista. Fantasmas,
fantasmas, fantasmas! Sempre os fantasmas.
Nesta terça, as candidatas que lideram as pesquisas, segundo os
institutos, se engalfinharam em acuações obscurantistas, falsas e cínicas. No
horário eleitoral, o PT fez de Marina mero títere dos bancos. Enquanto o
locutor dizia que a peessebista pretende dar autonomia ao Banco Central, a
comida ia sumindo do prato dos brasileiros, tadinhos!, que faziam, então, uma
expressão triste. Segundo o locutor, a autonomia significaria "entregar aos
banqueiros um grande poder de decisão sobre a sua vida, a sua família, os juros
que você paga, seu emprego e até seu salário".
É claro que é um discurso vigarista, mentiroso. Marina rebateu a
baixaria à altura e apelou a uma linguagem que nada deve ao PSTU e ao Psol.
Acusou o PT de ter criado a "bolsa banqueiro" por intermédio do pagamento de
juros. Referindo-se a Dilma, mandou brasa: "Ela disse que iria baixar os juros,
e nunca os banqueiros ganharam tanto. Agora, eles, que fizeram a bolsa
empresário, a bolsa banqueiro, a bolsa juros altos, estão querendo nos acusar
de forma injusta em seus programas eleitorais".
Dilma voltou à carga para deixar o debate ainda mais burro: "O Banco
Central, como qualquer outra instituição, não é eleito por tecnocratas nem por
banqueiros. Sua diretoria é indicada por quem tem voto direto. O Congresso
chama o Banco Central e manda prestar contas. Eu não digo isso porque sonhei
com isso, mas porque está escrito no programa de autonomia do Banco Central, e
todo mundo sabe o que é autonomia do Banco Central. Então, não adianta falar
que eu fiz bolsa banqueiro. Eu não tenho banqueiro me apoiando".
Qual das duas está certa nesse bate-boca? Sempre relevando que os
bancos tiveram, sim, um excelente desempenho nos governos petistas, a resposta
é esta: ninguém! Trata-se de um discurso para enganar trouxas. Os petistas
sabem que, na maior parte do tempo, fizeram um governo afinado com, digamos, a
metafísica do setor financeiro. E nem os estou criticando por isso. Foi quando
Dilma resolveu que marcharia na contramão do óbvio que a coisa desandou. Marina
Silva, por outro lado, sabe que esse papo de "bolsa banqueiro" é mera conversa
mole.
As duas candidatas poderiam, então, dar um exemplo, não é mesmo?
Rejeitem a contribuição do setor financeiro na campanha eleitoral, ora essa! É
o cúmulo do cinismo transformar banqueiro no novo fantasma da eleição para,
depois, usar à socapa o seu rico dinheirinho. O nome disso é vigarice política.
E uma informação que não pode faltar: até meados do ano passado, os banqueiros
faziam rezas e romarias para que fosse Lula o candidato do PT ao governo. Sabem
que o companheiro sempre foi "de confiança".
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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