Por
Reinaldo Azevedo
O colégio Andrews é um dos mais tradicionais - no melhor sentido
da palavra (existirá um ruim?) do Rio de Janeiro. Está com a família Flexa
Ribeiro há 100 anos, desde a sua fundação. Nesta quarta, o inacreditável
aconteceu. Um professor de geografia (!) do oitavo ano - a antiga sétima série,
e isso quer dizer que estamos falando de alunos de 13 anos! - aplicou uma prova
em que se podia ler esta questão:
Vemos, como vocês podem notar, o desenho de um soldado nazista
humilhando um judeu. Ao lado, um soldado israelense humilha um palestino.
Bastava a imagem para constatar que, para o professor, as duas situações são
equivalentes - o que já é de uma notável delinquência intelectual. Observem:
isso não é matéria de opinião, mas matéria de fato. Comparar os territórios
palestinos a campos de concentração é coisa de vagabundos morais. Não consta,
para ser raso, que os judeus tivessem mísseis à sua disposição em Auschwitz ou
em Treblinka.
O "mestre", no entanto, achou que o desenho não era suficiente e,
para não deixar a menor dúvida sobre o que pretendia, escreveu em letras
garrafais: "Chegaram invadindo, tomando terras, assassinando… Quem será pior?
Nazistas ou judeus". Destaque-se que o senhor professor não tomou nem mesmo
cuidado de escrever "israelenses", que é uma nacionalidade. Ele escolheu a
palavra "judeus", que é uma etnia, equiparando-os a nazistas - que é uma
escolha política -, que tinham como pressuposto o extermínio de… judeus.
Trata-se de uma assertiva obviamente criminosa, do mais
escancarado antissemitismo. Talvez ele próprio não se dê conta do crime porque
o ataque ao Estado de Israel é apenas uma das expressões do esquerdismo mais
rasteiro. Boa parte dos idiotas que repetem ladainhas contra o país nem sabe do
que fala.
O professor não quer, é evidente, que o aluno expresse "uma"
opinião, mas que dê a "sua" - do professor! - opinião. Vejam a questão: "Conforme é sabido, os judeus foram perseguidos por Hitler. Atualmente, um
determinado povo é tido como vítima dos israelenses, tendo de viver em
assentamentos controlados por Israel.
a) explique o que é sionismo e a diáspora;
b) que povo mais sofre os impactos da ação de Israel?
c) qual a importância do território no conflito entre judeus e esse povo que mais sofre os impactos acima?"
a) explique o que é sionismo e a diáspora;
b) que povo mais sofre os impactos da ação de Israel?
c) qual a importância do território no conflito entre judeus e esse povo que mais sofre os impactos acima?"
Imagino o que esse sujeito andou a dizer a estudantes de 13 anos!
Pra começo de conversa, os "assentamentos" não são controlados por Israel. Isso
é só mais uma mentira escandalosa. Os judeus não foram apenas "perseguidos" -
empreendeu-se uma ação de extermínio de um povo. O estúpido deve ignorar que a
organização que mais matou palestinos até hoje foi o Exército da… Jordânia, que
é árabe, no chamado "Setembro Negro". Yasser Arafat chegou a falar em 20 mil
mortos. Dá-se de barato que foram pelo menos 10 mil.
Os parabéns
Falei há pouco com Pedro Flexa Ribeiro, diretor-geral do Andrews. Ele me informa que o professor foi demitido nesta manhã. E eu parabenizo a escola não porque tenha demitido um professor favorável aos palestinos e crítico de Israel, mas porque ele não ministrava aulas. Fazia é proselitismo mixuruca, criminoso.
Falei há pouco com Pedro Flexa Ribeiro, diretor-geral do Andrews. Ele me informa que o professor foi demitido nesta manhã. E eu parabenizo a escola não porque tenha demitido um professor favorável aos palestinos e crítico de Israel, mas porque ele não ministrava aulas. Fazia é proselitismo mixuruca, criminoso.
Pedro Flexa Ribeiro é inequívoco: "Trata-se de um episódio
lamentável! A gente não se reconhece nisso. É indefensável, insustentável! A
questão, de saída, foi anulada, e estamos estudando a possibilidade de anular
toda a prova". No site da
escola há um pedido formal de desculpas.
É assim que se faz! Escola não é partido político. Escola não é
grupo de militância. Escola não é lugar para proselitismo ideológico. Escola
não é seita.
Não sei o nome do professor e, confesso, nem procurei saber para
ficar mais à vontade para escrever. Não seria difícil chegar a esse gigante. O
que me interessa não é personalizar o debate e tentar provar que ele está
errado. O ponto é outro.
Chegou a hora de dar um basta a essa partidarização das chamadas
disciplinas da área de "humanas". Livros didáticos, não raro, são mais boçais
do que panfletos de partidos. Não duvido que, fôssemos chegar ao fundo das
vinculações ideológicas desses monstros intelectuais, chegaríamos àqueles que
acham que uma boa forma de manifestar o seu ponto de vista é sair quebrando
tudo por aí.
Há uma enorme diferença entre formar alunos críticos, preparados
para entender a complexidade do mundo, e querer transformá-los em militantes
políticos. Muitos jovens leem este blog - eles comparecem às muitas dezenas aos
lançamentos dos meus livros. Deixo aqui um recado, quase uma convocação: não
aceitem passivamente a partidarização das aulas. Professor que se confunde com
pregador é, de fato, um vigarista.
A prova, reitero, foi aplicada a alunos de 13 anos. Um deles
fotografou a indignidade e, felizmente, o debate saiu dos muros do colégio. Ele
é de interesse geral. Que as direções das outras escolas tenham a clareza e a
coragem demonstrada pelo comando do Andrews nesse caso. E noto, para arremate
dos males, que esses emissários da extrema esquerda - é o que são - disfarçados
de professores de história e geografia quase nunca escolhem dar aula em escolas
públicas. Buscam os melhores colégios particulares para que possam pregar luta
de classes ou antissemitismo, mas com o salário de um bom burguês.
Pedro Flexa Ribeiro dignificou a sua função. O lugar desse
professor é a rua. E o lugar de sua questão é a lata de lixo moral.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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