Por Reinaldo Azevedo
Há certas coisas que são de uma obviedade que chegam quase a dar
preguiça - embora sejam, sim, importantes porque podem estar na raiz de alguns
dos males brasileiros. Infelizmente, e torço para estar errado, eu não aposto
R$ 0,10 - R$ 1 milhão muito menos, até porque não tenho isso tudo, hehe… — que
haverá empenho do governo federal para chegar a fundo na origem do
financiamento da baderna de rua. A denúncia de Jonas Tadeu, advogado dos
assassinos do cinegrafista Santiago Andrade, é muito séria. Ele acusa
políticos, partidos e grupos de financiar o que chamou de "terrorismo social".
Que há militância organizada na rua, isso é inequívoco. Olhem
Elisa de Quadros, a tal Sininho. Percebe-se de longe o cheiro da militante
profissional. Não se conhece a sua ocupação, embora tenha dos endereços no Rio
e dois RGs. Vive de quê? De onde tira o dim-dim que paga o feijão? Atenção,
leitores! Nos regimes democráticos, alguém sempre está financiado alguma causa.
É parte do jogo. A questão é saber se esse financiamento se dá nos limites da
legalidade ou não; a questão é saber se a causa patrocinada civiliza ou
embrutece; contribui para uma sociedade mais democrática e tolerante ou promove
a violência, o caos e a morte.
Embora essas confusões de rua sejam um incômodo para o PT e possam
criar severas dificuldades para a presidente Dilma durante a Copa do Mundo, o
partido vai querer passar longe da questão; vai dar um jeito de olhar para o
outro lado. Infelizmente, não vejo a Polícia Federal empenhada em ir a fundo no
tema. A razão é simples: OS PETISTAS FAZEM A MESMA COISA. ESSE É O SEU MÉTODO
DE AÇÃO. É PRÁTICA CORRENTE NO PT FINANCIAR OS DITOS MOVIMENTOS SOCIAIS.
Querem exemplos? Na eleição de 2012 para a Prefeitura, apareceu um
troço chamado "Existe Amor em São Paulo". Parecia espontâneo, coisa da
sociedade. Descobriu-se depois que era uma criação do comitê de campanha de
Fernando Haddad. A turma ganhou até cargo na Prefeitura. O Movimento Passe
Livre, que promoveu as primeiras badernas na cidade, em junho, sempre operou em
parceria com os petistas. O MST, que botou pra quebrar em Brasília, é parceiro
histórico do PT.
O partido não quer discutir o financiamento ilegal de movimentos
de protesto porque isso levantaria óbvias suspeitas sobre a sua própria maneira
de se organizar e sobre a sua própria conduta. Os movimentos de sem-teto que
infernizam São Paulo nasceram no petismo e têm sólidos vínculos com a legenda
até hoje. E é evidente que as outras organizações partidárias sabem disso.
Pensemos um pouquinho: quando o PT aparelha um sindicato e passa e
submete uma categoria profissional à agenda do partido e às suas necessidades,
estará fazendo algo muito diferente do que fazem os que financiam estes que
saem quebrando tudo por aí? O crime, evidentemente, é menos grave - mas a ação
é igualmente ilegal. Afinal, um sindicato deve pensar primeiro nos interesses
dos seus filiados.
Quando os petistas usam dinheiro público, da administração direta
e das estatais, para financiar páginas na Internet que se dedicam à pistolagem
política contra a oposição e contra a imprensa livre, estarão atuando de modo
muito diverso dos que "contratam" a mão de obra de baderneiros? Talvez seja até
um pouco mais grave porque usam dinheiro público.
A advogado Jonas Tadeu botou o dedo numa ferida importante. Ainda
que corra riscos em razão de movimentos que saem do seu controle, o PT não vai
querer fazer esse debate. Ao contrário: vai é fugir dele porque se a legenda X
ou Y têm uma Sininho, a Fadinha que acompanha Peter Pan, o petismo tem umas
500, todas elas empenhadas em criar a Terra do Nunca.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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