Por Ricardo Setti
Ele era o Cão, o Maldito, o
Inominável. Desde que surgiu na política, bajulando a ditadura para conseguir
ser prefeito biônico de São Paulo, depois, sendo secretário dos Transportes e,
posteriormente, utilizando métodos que todo mundo conhece para ganhar a
"eleição" indireta para governador (cargo que exerceu entre 1979 e 1982), Paulo
Salim Maluf, 81 anos, foi combatido ferozmente pelos militantes que, a partir
da fundação do partido, em 1980, seriam os quadros do PT.
Seu modo de fazer política, seu modo
de governar, suas prioridades como homem público, sua proximidade e vassalagem
à ditadura, a maneira ela qual conseguiu ser "candidato" a presidente pelo
Colégio Eleitoral - tudo o que contribuiu para unir políticos moderados que até
então apoiavam a ditadura para voltar-se ao candidato da oposição ao Planalto,
Tancredo Neves - eram o extremo oposto de tudo o que o PT dizia defender.
Dizia. Porque depois que "Lulinha paz
e amor" se elegeu presidente, em 2002 (precedido por comportamentos heterodoxos
de prefeitos e governadores petistas), as coisas mudaram.
O deus todo-poderoso do lulalato
abjurou umas tantas coisas, abriu os braços para gente como Sarney, Jader
Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá e tantos outros do mesmo jaez, e
aceitou, feliz, o apoio parlamentar do malufismo, que sempre se situou na outra
ponta do espectro ideológico "deste país".
Depois, quando Collor se tornou
senador - o mesmo Collor que havia, entre outras proezas, utilizado de forma
sórdida a vida pessoal de Lula na histórica primeira eleição presidencial
depois da ditadura, em 1989 -, sem pudor algum aceitou a aliança com o homem
escorraçado da Presidência, e por aí vai.
Mas homenagear pessoalmente Maluf,
como Lula fez hoje, é um passo inédito, significa um grau mais no constante
processo de arremesso ao lixo que o PT pratica com suas antigas alegadas
convicções e com sua antiga proclamada ética, que uma sentença condenatória no
caso do mensalão terminaria de afundar na lama.
Fonte: "Blog do Ricardo Setti"
4 comentários:
Por aí, pode-se perceber o desespêro daquêle que já não poderá berrar tanto nos palanques, nos próximos mêses.
O povo tem tudo prá banir boa parte do petralhismo das prefeituras do Brasil e depois o resto em 2014.
Lembro a cara de concreto no período que o mesmo era presidente e sempre falando que não sabia de nada.
Resumindo: LULA MALUFOU.
Se eu fosse maluf não aceitava era Lula, por toda perseguição que Lula fez a Maluf.
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