Por César Maia
1. Desde a eleição de 1989, fala-se que o PT teria organizado internamente um serviço especializado em informação e contrainformação. Muitas vezes funcionou. Outras vezes, como no caso dos "aloprados", naufragou. Nas CPIs de Collor e dos Anões do Orçamento, e no caso do Dossiê Cayman (alertando ser falso) etc., se dizia que o serviço de informação do PT funcionou com seus links de militantes nas áreas de investigação federal, PF, MP... A mensagem divulgada na intranet da Abin, em 2005, durante a CPI dos Correios, onde seu diretor chamava os parlamentares de "bestas-feras no picadeiro", e que culminou com o seu afastamento, insinuava uma ação de contrainformação naquele momento, desde dentro do órgão.
2. O mensalão de 2005 tirou da direção do PT o "grupo" dito revolucionário e, em função disso, os ex-dirigentes da CUT assumiram o partido de lá para cá. A autoridade de Lula passou a valer para dentro do partido e, em seguida, legitimada com sua popularidade, para fora. O "grupo" se acomodou e se encolheu. A escolha de Dilma, por Lula, fora da máquina partidária, e a montagem de uma base de apoio que vai da direita da direita, à esquerda da esquerda, empurrou o governo para o Centro-Difuso, isolando o "grupo".
3. Claro que essa situação não agrada aos "revolucionários". Apesar do PT ser amplamente favorecido na montagem do governo, administrações direta e indireta, empresas, bancos e fundos, a correlação de forças no parlamento não o favorece. São apenas 16,5% dos deputados federais. As votações do Código Florestal e da Emenda 29 (Saúde) mostraram isso.
4. Como não há como aumentar a bancada do PT, o caminho trilhado foi debilitar relativamente os aliados, inventando um partido e desintegrando, inclusive, aqueles que não tinham e não têm a confiança do "grupo", como Palocci. A cada ministro - aliado - levado a pique, se via que as ações anteriores (algumas delas identificadas e divulgadas) iam criando o ambiente para o tiro de misericórdia.
5. O que se garante nos restaurantes e corredores em Brasília é que os vazamentos de personagens e fatos caem no colo da imprensa vindos diretamente do "grupo", desde dentro do governo. Claro que é mais fácil atacar com fatos reais que com suposições. Independente disso e de qual bola é a da vez, vai se debilitando a "base aliada" e, com isso, transformando os ministérios dos aliados em uma burocracia sem expressão. Alguns são mortos-vivos esperando a reforma ministerial.
6. Os ministros - que ficam - perdem o poder que tinham, de decidir, e de nada adianta terem portas abertas aos deputados. Os parlamentares da "base aliada" não têm mais canal com os ministérios de seus partidos e têm que ir buscar no PT - dentro do governo ou no Congresso - a autorização ou a aprovação de que precisam.
7. Os 16,5% quantitativos passam a ser o dobro, qualitativos. Os ministérios da base aliada, na substituição dos desviantes ex-ministros, perdem expressão. E o ministério passa a ser de ministros de primeira do PT e de segunda dos demais. Basta acompanhar a agenda da Presidente e ver a frequência de despachos com uns e outros.
8. A cada dia fica mais claro que todo esse desmonte interessa ao PT. Poder-se-ia dizer que há razão para esse desmonte. É verdade. Mas essas razões são as mesmas dos últimos anos e com os mesmos personagens. Só que a presença de Lula inibia a ação do "grupo", pois se atingisse a imagem de Lula, o castelo de cartas desmancharia e o PT iria junto. Agora não há esse risco e, com isso, toda ousadia é válida.
Fonte: "Ex-Blog do César Maia"
1. Desde a eleição de 1989, fala-se que o PT teria organizado internamente um serviço especializado em informação e contrainformação. Muitas vezes funcionou. Outras vezes, como no caso dos "aloprados", naufragou. Nas CPIs de Collor e dos Anões do Orçamento, e no caso do Dossiê Cayman (alertando ser falso) etc., se dizia que o serviço de informação do PT funcionou com seus links de militantes nas áreas de investigação federal, PF, MP... A mensagem divulgada na intranet da Abin, em 2005, durante a CPI dos Correios, onde seu diretor chamava os parlamentares de "bestas-feras no picadeiro", e que culminou com o seu afastamento, insinuava uma ação de contrainformação naquele momento, desde dentro do órgão.
2. O mensalão de 2005 tirou da direção do PT o "grupo" dito revolucionário e, em função disso, os ex-dirigentes da CUT assumiram o partido de lá para cá. A autoridade de Lula passou a valer para dentro do partido e, em seguida, legitimada com sua popularidade, para fora. O "grupo" se acomodou e se encolheu. A escolha de Dilma, por Lula, fora da máquina partidária, e a montagem de uma base de apoio que vai da direita da direita, à esquerda da esquerda, empurrou o governo para o Centro-Difuso, isolando o "grupo".
3. Claro que essa situação não agrada aos "revolucionários". Apesar do PT ser amplamente favorecido na montagem do governo, administrações direta e indireta, empresas, bancos e fundos, a correlação de forças no parlamento não o favorece. São apenas 16,5% dos deputados federais. As votações do Código Florestal e da Emenda 29 (Saúde) mostraram isso.
4. Como não há como aumentar a bancada do PT, o caminho trilhado foi debilitar relativamente os aliados, inventando um partido e desintegrando, inclusive, aqueles que não tinham e não têm a confiança do "grupo", como Palocci. A cada ministro - aliado - levado a pique, se via que as ações anteriores (algumas delas identificadas e divulgadas) iam criando o ambiente para o tiro de misericórdia.
5. O que se garante nos restaurantes e corredores em Brasília é que os vazamentos de personagens e fatos caem no colo da imprensa vindos diretamente do "grupo", desde dentro do governo. Claro que é mais fácil atacar com fatos reais que com suposições. Independente disso e de qual bola é a da vez, vai se debilitando a "base aliada" e, com isso, transformando os ministérios dos aliados em uma burocracia sem expressão. Alguns são mortos-vivos esperando a reforma ministerial.
6. Os ministros - que ficam - perdem o poder que tinham, de decidir, e de nada adianta terem portas abertas aos deputados. Os parlamentares da "base aliada" não têm mais canal com os ministérios de seus partidos e têm que ir buscar no PT - dentro do governo ou no Congresso - a autorização ou a aprovação de que precisam.
7. Os 16,5% quantitativos passam a ser o dobro, qualitativos. Os ministérios da base aliada, na substituição dos desviantes ex-ministros, perdem expressão. E o ministério passa a ser de ministros de primeira do PT e de segunda dos demais. Basta acompanhar a agenda da Presidente e ver a frequência de despachos com uns e outros.
8. A cada dia fica mais claro que todo esse desmonte interessa ao PT. Poder-se-ia dizer que há razão para esse desmonte. É verdade. Mas essas razões são as mesmas dos últimos anos e com os mesmos personagens. Só que a presença de Lula inibia a ação do "grupo", pois se atingisse a imagem de Lula, o castelo de cartas desmancharia e o PT iria junto. Agora não há esse risco e, com isso, toda ousadia é válida.
Fonte: "Ex-Blog do César Maia"
Um comentário:
Com Lula ou sem Lula, não dá prá assistir a tudo, sem indignação. Petralhas, aliados de petralhas, prá mim tanto faz, são farinhas de um mesmo saco. Agora, prá êles, essa coisa de fôgo amigo(?) pode balançar toda a estrutura do govêrno, se Dilma continuar no papel de poste do falastrão.
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