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sexta-feira, 25 de março de 2011

Democratas: Ser ou não ser?

Por Pettersen Filho
Fato inusitado, porém, novidade alguma, o prefeito Kassab, de São Paulo, capital, acaba de criar o mais novo partido político brasileiro: o PSD - Partido Social Democrático, juntando consigo mais alguns "fonemas", com suas respectivas representações gráficas extraídas do ABCdário brasileiro, no que se constitui a verdadeira "sopa de letras", metaforizada pelas atuais agremiações político partidárias tupiniquins: PT, PSDU, PFL, PMDB, PP, PR, PTB, PSOL, PV, e PêQuêPê's da vida...
Agremiação nova, o PSD, pelo menos na sua atual conjuntura, já que a sigla foi, outrora, utilizada por outros, antes da Ditadura Militar de 1964, que pôs fim a balbúrdia democrática dantes, ora reeditada na vida política nacional, numa verdadeira promiscuidade eleitoral, em que siglas partidárias surgem, e ressurgem, numa proeminência de interesses, pessoais, e interpessoais, no maior das vezes, mais escusos, do que democráticos, com destinação de afirmar uns, e desautorizar outros, valendo-se de uma legislação profícua que, favorece a formação de "legendas de aluguel", o ora "partido" formado por Kassab, como trampolim para saltar o precipício agudo da Lei atual, que pune, com perda de mandato político, os que cambiam de partido, levou consigo os mais destacados "quadros" dos Democratas, ex-PFL - Partido da Frente Liberal, que, por seu turno, é ex-Arena Aliança Renovadora Nacional, do regime político bipartidário militar - MDB e Arena - de 64, imagem da qual querem os atuais PSaDesistas desvincularem-se.
Partido profundamente identificado com tudo que há de repugnante, de antes de 64, e de pós-64, na nossa breve vida democrática, pós-ditadura, o Democratas, ex-Arena, ex-PFL, agora PSD, demonstra claramente como é fácil, retirar a "máscara" velha, e trocar a maquiagem, na vida política tupiniquim, tamanha a promiscuidade legislativa, no jogo corporativo do poder, onde, no mais das vezes, as agremiações partidárias se comportam como verdadeiros abutres, a escarnar o cadáver, ainda vivo, da República Federativa do Brasil, e do seu erário.
Lamentável, contudo, muito mais, por ser não apenas um escândalo, ou pelo menos, não o último, nem, nitidamente, uma ação inovadora, eventualmente isolada, concebida por Kassab, e seus asseclas, destinada a arranjar-lhe um lugar, mais ao sol, longe da sombra agonizante do PSDB paulista, e dos seus velhos caciques, como Geraldo Ackimin, e outros, fenômeno típico de São Paulo, o arranjo, ademais, ameaça ultrapassar as fronteiras do Estado, pegando alguns dos mais eremitas representantes do "povo", vereadores, prefeitos, governadores e deputados, em todos os variados estados da Federação, chegando mesmo à Brasília, com fito único, e exclusivo, de turvar, ainda mais, a já turva vida política partidária nacional, e a tão esclerosada memória política popular, mortalmente ferida....
Aos que acham, do caso, mero acaso político, então:
Que aguardem a tão anunciada reforma eleitoral, com voto distrital, proporcional, partidário e outros "arranjitos..."
Aos que saíram às ruas na famosa Marcha dos Cem Mil, contra a Ditadura, ou nas inigualáveis Diretas Já, fica a terrível impressão:
Coisas piores virão !
* Antuérpio Pettersen Filho é advogado militante e presidente da Associação Brasileira de Defesa do Indivíduo e da Cidadania (Abdic) e editor do periódico eletrônico "Jornal Grito Cidadão"

Um comentário:

Mariana disse...

Estou pressentindo, Dimas, é que quanto mais falamos em "Reforma Eleitoral" e outras coisas que coloquem mais moralidade na política, mais caminhamos prá trás. Um retrocesso. Tomara eu esteja enganada e êsse evento "Kassab e o PSD" saia das manchetes logo e não se dê tanto espaço à mais um gesto de oportunismo político ou não avançaremos. É aí que "aquêles" de plantão, levarão vantagem.