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quinta-feira, 24 de março de 2011

Carta Aberta à sociedade baiana sobre o Hospital Estadual da Criança

Hospital Estadual da Criança: quem ou quê regula quem ou quê?
Na semana passada meu filho teve forte quadro de dengue. Internado no Hospital Pediátrico Sobaby, em Feira de Santana-BA, apresentou epistache, derrame pleural, abrupta baixa de plaquetas (chegou a 27.000), febre de quase 40 graus, vômitos, desidratação e demais complicações oriundas.
Além do atendimento de praxe, necessitou de bolsas de plaquetas, monitoramento por eletrodos, raios-X, soro etc. Ainda assim, e com todo o apoio e a atenção da equipe do referido Hospital, no sábado, 19, buscou-se sua transferência para uma Unidade de Saúde com recursos de UTI, dentre outros.
Após várias tentativas, por parte do Hospital e pela família, meu filho continuou internado no mesmo local. Entretanto, caso infeliz e absurdo operou-se a partir do Hospital Estadual da Criança (HEC). Após mais de quatro horas de tentativas finalmente o HEC negou sua internação, alegando ausência de vagas. O pior ainda estava por vir. Como toda família em situação de desespero, procuramos contatos com a Diretoria Médica do HEC e mesmo com amigos ligados a autoridades políticas de Feira de Santana.
No afã da crítica e triste situação em que se encontrava meu filho, essas pessoas sugeriram que fôssemos ao HEC, afinal, trata-se de um dos maiores hospitais pediátricos do Brasil e referência regional para crianças, particularmente em casos de dengue grave: ao menos era o que supúnhamos, haja visto a imensa propaganda acerca do mesmo e as inferências aludidas por pessoas que nele trabalham. Qual não foi nosso espanto quando chegamos (eu e um irmão) ao HEC e a primeira pergunta que me fizeram (antes de um simples boa noite !) foi "qual é o plano (de saúde) da criança?". Informando que se tratava do Planserv, esperamos mais de 25 minutos até sermos atendidos (sic) por duas pessoas, uma delas a Sra. Suane, que se apresentou, após minha solicitação, como médica. A mesma disse que já tinha o relatório do meu filho desde "a manhã" e que tinha acabado de falar com a Sra. Edilma Reis, diretora do HEC, informando que nada poderia fazer pelo mesmo. Maior susto foi quando a mesma médica indagou: "por que a Sobaby quer se livrar de seu filho?" Daí passou a discorrer sobre o fato dela ter estudado Medicina no mesmo local do médico requerente, que ela era médica em qualquer lugar, e, pasmem, dentre outras idiossincrasias e absurdos, disse que ele deveria ir para Salvador!
Após ter dito que levaria essas perguntas e observações à Sobaby e à imprensa a mesma me pediu o relatório (o mesmo que antes alegava ter em posse desde a manhã do mesmo dia!). As questões que me faço, como pai e cidadão, são:
a) Por que o HEC precisa saber do plano de saúde de uma criança?
b) Qual é, afinal, a capacidade de atendimento do HEC?
c) O que é preciso para ser atendido no HEC (além de seis dias de dengue com o quadro descrito acima)?
d) Por que eu deveria levar meu filho a Salvador?
e) Como uma médica pode aludir que outro profissional (e Hospital) quer se livrar de uma criança?
f) Por que mais de quatro horas para finalmente negar um atendimento?
g) Onde ficam os direitos da criança frente ao ECA e ao SUS?
Felizmente meu filho, apesar da negligência e ação absurda e irresponsável do HEC, e da qualidade dos profissionais da Sobaby (sem contar as orações e sua própria capacidade de reação), ficou bom e teve alta após seis dias de internamento. Mas ficam o protesto, a tristeza, a indignação e o aviltamento feito e sentidos por toda a família, amigos e colegas da criança. Por isso esta Carta Aberta à sociedade, que também segue para os profissionais de imprensa, alguns deputados estaduais, Ministério Público, Conselho Tutelar, Conselho Estadual dos Direitos da Criança, Cremeb, HEC, Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, dentre outros.
De tudo isso cabe a pergunta: afinal, quem ou quê está regulando quem ou quê?
Atenciosamente,
Márcio Fróes da Motta Mascarenhas
RG 05442377-57
CPF 636.550.715-15
Email: marcio.mascarenhas@yahoo.com.br
Tels: (75) 9191-8685 e 8193-0809

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