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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"Minha tarefa é dissecar mitologias, não alimentar mitos. Ou: Viva a realidade! Abaixo a fantasia!"

Por Reinaldo Azevedo
Sempre fui muito severo com Lula, e isso nada tem a ver, é claro, com sua origem. Até porque é a minha. E eu não tenho nem vergonha nem orgulho de ser quem sou. Como todo mundo, há dias em que acho bacana; há outros em que nem tanto… Mas noto, não sem certo espanto, que, com efeito, em certas áreas, parecia que havia, mesmo!, algum preconceito contra o Apedeuta.
Eu o chamei assim e chamo muitas vezes não por causa de sua origem pobre, mas por causa de sua ignorância nobre.
Explico-me. O que me incomoda no Babalorixá não é ele não ter estudado, mas o orgulho que demonstra por ser quem é sem o estudo, como se sua ignorância original tivesse se convertido na expressão de uma sapiência superior, de cunho mesmo, ousaria dizer, aristocrático. Sem contar, é óbvio, que, a partir de certo momento, não adquiriu instrução formal porque não quis, não porque não pôde.
É igualmente falsa a suposição de que sua impolidez educacional não lhe teria feito falta. Em muitos momentos, fez, sim, com prejuízos para o país. Com um pouco mais de intimidade com as coisas da cultura e com as conquistas da civilização, teria tido melhores condições de reconhecer alguns valores inegociáveis, o que não quer dizer que instrução seja a garantia contra a barbárie, como demonstrou Pol Pot, por exemplo - ou Lênin, Hitler e Stálin antes dele. Nas circunstâncias históricas em que um Lula se formou, a educação teria feito dele um homem melhor, para ganho das nossas instituições. Se Lula foi um bom presidente, ele o foi apesar da sua ignorância, não por causa dela. Volto ao leito.
As minhas restrições a essa figura pública, a esse líder político, no entanto, nunca tiveram essa questão como principal. Mas noto que muita gente se irritava mesmo era com a petulância do ex-operário que se queria, e se quer, salvador da humanidade. Já uma "economista culta" como Dilma, segundo Arnaldo Jabor (!!!), poderia se dar tranqüilamente às mistificações próprias de uma… "economista culta". Tenham paciência! Pra cima de mim?
Ainda que ela de fato o fosse e realmente tivesse uma vida espiritual superiormente interessante, pautada por livros, cinema e música, a construção de sua figura pública não me pareceria menos artificial. O marketing de Lula fez com ele o que era possível, segundo a mística da esquerda: o "intelectual orgânico", expressão de sua classe, forjado na luta, com a mente grávida do futuro, capaz de enxergar com mais aguda vista do que os outros homens. O marketing dela faz com ela o que é possível fazer: não podendo ombrear a sua história com a do antecessor, não sendo dotada - porque culta demais (!?), uma intelectual das elites - das mesmas vertigens visionárias, então lhe restaria o caminho do claustro, do método, do estudo, da intolerância com o erro.
Ele, vindo das classes populares, seria mais emotivo, bonachão, inclusivo, "abraçável" e "abraçante" do que ela, cujas inteligência cultivada e racionalidade exacerbada confeririam certo ar de frieza um tanto distante, porém muito assertiva. Chamo a atenção de vocês para o fato de que tanto Lula como Dilma, nessa perspectiva, são personagens. Mas, a certos setores da imprensa, a personagem de falas e gestos mais econômicos, dotada de uma certa timidez decorosa, menos auto-referencial e auto-referenciada, parece bem mais agradável. Quando menos, não a ouvimos, não por enquanto, em surtos de auto-elogios, fundando e refundando mundos.
Sem dúvida, em Lula, tal característica, vivificada ontem na pajelança do PT, é um tanto irritante. Somos pessoas de gosto refinado, não é? Exigimos decoro no salão. Dilma, em suma, seria um pouquinho mais parecida conosco, pessoas já domadas pelo superego. Lula veio ao mundo sem ele, como já afirmei aqui tantas vezes.
Não contem comigo. Ou: o "Lula necessário"
Bem, não contem comigo para me deslumbrar com essas supostas características de Dilma Rousseff. Sempre considerando que ela tem, sim, o seu modo de ser - e que não há como rivalizar com o antecessor -, eu a considero personagem de uma gesta partidária, de uma narrativa, que não se esgota nas diferenças de temperamento, formação, origem ou mesmo, vá lá, caráter. Sob essas máscaras que distinguem as personagens de salão, há figuras que encarnam um projeto de poder. Esse projeto tem lá suas pequenas contradições internas, suas dissensões, mas que são irrelevantes para o conjunto.
Lula é, antes de tudo, NECESSÁRIO ao PT. Essa Dilma misto de Margareth Thatcher com rainha Elizabeth não mobiliza ninguém e não reúne virtudes (do ponto de vista deles) para sustentar o projeto de poder, ora essa! Não existe petismo no quadro desse administrativismo que apela aos bons bofes do, sei lá como chamar, "conservadorismo" - ao menos por enquanto. Não existe religião sem Deus, a não ser certo budismo frio, que não luta, mas aceita. Isso não é o PT.
Não, não! Os cultores da diferença entre Lula e Dilma estão equivocados. Jabor está errado, como quase sempre quando se mete em política. O Lula mítico que voltou à cena ontem é essencial para a Dilma Rousseff fina, discreta, de salão. É ele que, por contraste, a define. É ele que pode, se e quando necessário, mobilizar a linha de defesa para protegê-la.
Eu estou escrevendo sobre história, política, lógica e mitologias. Há quem prefira alimentar mitos. Não é o meu caso. Lula, ontem, voltou com tudo e, como vocês viram, atacou a imprensa de novo, reafirmando que não há espaço para corpos estranhos entre ele e Dilma, como pretendem certos comentaristas e certa imprensa. E, querem saber?, nesse particular, ele está absolutamente certo.
Há gente que acredita em Irmandade Muçulmana moderada e em petismo com baixos teores de toxidez. Tio Rei é um cético. Confia na história, que não se repete, mas instrui. No caso dessa Dilma que pretendem apta a afrontar Lula, caberia perguntar: "Mas quantas divisões - de tanques partidários - tem Dilma no PT?” Resposta: nenhuma! E só por isso Lula a escolheu como sua sucessora.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"

Um comentário:

Mariana disse...

Dêsde o início, também percebemos o porque de ter sido ela, a escolhida, havendo tantos outros quadros menos piores dentro do partido(e Palocci seria um)que o povo teria concordado muito mais fácil, ainda mais com as bênçãos de Lula! Mas não, tinha que ser alguém que protegeriam, mas sem força nem vontade de continuar, em 2014, prá que êle, o petralhão, voltasse glorioso, aplaudido de pé, prá fazer novamente "um grande govêrno". Ou seja, colocaram um poste só prá guardar o lugar dêle, se o povo assim o permitir. E a gente tem que engolir mais esta farsa.