De Reinaldo Azevedo
Assisti apenas aos programas do PT e do PSDB transmitidos à noite. O que há a destacar de mais importante? O de Serra melhorou muito, já digo por quê. O de Dilma descobriu, finalmente, o eleitor. Desde o início da campanha eleitoral na TV, foi a primeira vez em que candidata petista disse com clareza que, bem…, precisa do voto de quem está do outro lado da tela. De qual eleitor? Daquele que, no primeiro turno, resistiu a fazer aquilo que Lula mandou - já que ela, como individualidade, não existiu na primeira fase da disputa - e também daquele que, tendo votado nela, pode mudar de idéia.
Dilma agradeceu a Deus, se disse a favor da vida - embora não tenha pronunciado a palavra “aborto” -, fez as suas promessas e exibiu o apoio de aliados já eleitos no primeiro turno. O tom é menos triunfalista. Se, antes, a eleição parecia um mero ritual para referendar o que já era dado como certo, agora fica claro que há uma disputa. Seu grande esteio não poderia faltar: Lula apareceu pedindo voto para a candidata, usando a si mesmo como exemplo: também ele teria sido vítima de uma campanha negativa quando candidato - talvez se referisse a Collor, seu aliado de agora. É claro que ele não tratou da diferença entre os dois casos, não é mesmo? Que Dilma tenha defendido a descriminação do aborto é um fato, não um boato.
O programa teve um daqueles momentos sublimes. Anuncia-se a comparação entre os oito anos de governo FHC e os oito anos de governo Lula. E alertam: “Sem mentiras!” Em seguida, na seqüência mesmo!, a locutora afirma: “No governo FHC-Serra, não haveria Bolsa Família”. Uau! O PT, ENTÃO, MENTIU DUAS VEZES: NA MENTIRA EM SI E AO ANUNCIAR QUE NÃO MENTIRIA. Por quê? Os programas reunidos no Bolsa Família foram criados no governo tucano, e a idéia de unificá-los também partiu de um governador do PSDB.
O programa de Serra
O programa de Serra não abandonou as propostas mais imediatas que têm ancorado seus programas - mínimo de R$ 600, 10% de reajuste para aposentados, 13º para o Bolsa Família -, mas investiu também na imagem no estadista, que fala em defesa da democracia, das instituições, da liberdade de imprensa e, claro, do respeito à vida. Em seu programa, pronunciou-se, sim, a palavra aborto, contra o qual, informou-se, ele sempre se posicionou, sem mudar de idéia na reta da eleição. A referência a Dilma não é explícita, mas é clara.
Agora, há, sim confronto com o PT. Depois de lembrar a trajetória do candidato, desde os tempos de presidente da UNE, os contratastes com o partido adversário: Serra estava na luta pelas diretas; Dilma não se sabia onde estava; Serra estava com Tancredo; “o PT de Dilma”, contra; Serra estava defendendo o Real; “o PT de Dilma”, contra”. Nas suas intervenções, Serra fala da necessidade de unir o Brasil.
O discurso está mais arejado, mais aberto, mais jovial, mais confiante. O candidato “sem escândalos” é o do Programa Mãe Brasileira: mulheres grávidas, com o ar alegre - em vez do tom emocionado-choroso - passam a mão na barriga, e a narração em off lembra o candidato “a favor da vida”. O tucano volta ao vídeo para afirmar que um presidente tem de ter “postura, equilíbrio e VALORES CRISTÃOS” e estar preocupado em defender a “democracia, o meio ambiente”…
O texto flui. Até a política externa entrou no horário eleitoral de um modo claro, adequado, didático: o Brasil tem de dar o braço a países que honrem a democracia, não aos que “apedrejam mulheres e perseguem a imprensa”. Trata-se, enfim, de um leque de temas fala a brasileiros de todas as classes, de todas as rendas, de todas as formações. E a mensagem geral é para unir esses Brasis.
Os aliados também estiveram presentes: Aécio Neves, senador eleito (MG) e os governadores eleitos Beto Richa (PR), Geraldo Alckmin (SP) e Antonio Anastasia (MG) deram seu testemunho em favor de Serra. Lula apareceu, sim, no horário tucano, mas, agora, de um modo que todo eleitor da oposição certamente considerou adequado: faz-se uma seqüência de retratos de presidentes a partir de Collor , “que” ninguém conhecia, lembra o narrador. E deu no que deu. Depois vieram Itamar Franco, que “restaurou a dignidade”; FHC, “que fez o Real”, e Lula, que deu continuidade. E agora? Os eleitores colocarão na presidência uma pessoa desconhecida, como era Collor?
Cada um tem o seu programa ideal, não? Somos milhões de técnicos de futebol e de marqueteiros. A campanha de Serra pode melhorar? Eu acho que há muito a ser feito. Mas já dá para dizer que a do segundo turno não repete alguns erros óbvios da do primeiro turno. Parece outra. Os eleitores disseram nas urnas que se deve, sim, respeitar Lula, mas não temê-lo.
DE VOLTA À POLÍTICA! Já não era sem tempo!
Assisti apenas aos programas do PT e do PSDB transmitidos à noite. O que há a destacar de mais importante? O de Serra melhorou muito, já digo por quê. O de Dilma descobriu, finalmente, o eleitor. Desde o início da campanha eleitoral na TV, foi a primeira vez em que candidata petista disse com clareza que, bem…, precisa do voto de quem está do outro lado da tela. De qual eleitor? Daquele que, no primeiro turno, resistiu a fazer aquilo que Lula mandou - já que ela, como individualidade, não existiu na primeira fase da disputa - e também daquele que, tendo votado nela, pode mudar de idéia.
Dilma agradeceu a Deus, se disse a favor da vida - embora não tenha pronunciado a palavra “aborto” -, fez as suas promessas e exibiu o apoio de aliados já eleitos no primeiro turno. O tom é menos triunfalista. Se, antes, a eleição parecia um mero ritual para referendar o que já era dado como certo, agora fica claro que há uma disputa. Seu grande esteio não poderia faltar: Lula apareceu pedindo voto para a candidata, usando a si mesmo como exemplo: também ele teria sido vítima de uma campanha negativa quando candidato - talvez se referisse a Collor, seu aliado de agora. É claro que ele não tratou da diferença entre os dois casos, não é mesmo? Que Dilma tenha defendido a descriminação do aborto é um fato, não um boato.
O programa teve um daqueles momentos sublimes. Anuncia-se a comparação entre os oito anos de governo FHC e os oito anos de governo Lula. E alertam: “Sem mentiras!” Em seguida, na seqüência mesmo!, a locutora afirma: “No governo FHC-Serra, não haveria Bolsa Família”. Uau! O PT, ENTÃO, MENTIU DUAS VEZES: NA MENTIRA EM SI E AO ANUNCIAR QUE NÃO MENTIRIA. Por quê? Os programas reunidos no Bolsa Família foram criados no governo tucano, e a idéia de unificá-los também partiu de um governador do PSDB.
O programa de Serra
O programa de Serra não abandonou as propostas mais imediatas que têm ancorado seus programas - mínimo de R$ 600, 10% de reajuste para aposentados, 13º para o Bolsa Família -, mas investiu também na imagem no estadista, que fala em defesa da democracia, das instituições, da liberdade de imprensa e, claro, do respeito à vida. Em seu programa, pronunciou-se, sim, a palavra aborto, contra o qual, informou-se, ele sempre se posicionou, sem mudar de idéia na reta da eleição. A referência a Dilma não é explícita, mas é clara.
Agora, há, sim confronto com o PT. Depois de lembrar a trajetória do candidato, desde os tempos de presidente da UNE, os contratastes com o partido adversário: Serra estava na luta pelas diretas; Dilma não se sabia onde estava; Serra estava com Tancredo; “o PT de Dilma”, contra; Serra estava defendendo o Real; “o PT de Dilma”, contra”. Nas suas intervenções, Serra fala da necessidade de unir o Brasil.
O discurso está mais arejado, mais aberto, mais jovial, mais confiante. O candidato “sem escândalos” é o do Programa Mãe Brasileira: mulheres grávidas, com o ar alegre - em vez do tom emocionado-choroso - passam a mão na barriga, e a narração em off lembra o candidato “a favor da vida”. O tucano volta ao vídeo para afirmar que um presidente tem de ter “postura, equilíbrio e VALORES CRISTÃOS” e estar preocupado em defender a “democracia, o meio ambiente”…
O texto flui. Até a política externa entrou no horário eleitoral de um modo claro, adequado, didático: o Brasil tem de dar o braço a países que honrem a democracia, não aos que “apedrejam mulheres e perseguem a imprensa”. Trata-se, enfim, de um leque de temas fala a brasileiros de todas as classes, de todas as rendas, de todas as formações. E a mensagem geral é para unir esses Brasis.
Os aliados também estiveram presentes: Aécio Neves, senador eleito (MG) e os governadores eleitos Beto Richa (PR), Geraldo Alckmin (SP) e Antonio Anastasia (MG) deram seu testemunho em favor de Serra. Lula apareceu, sim, no horário tucano, mas, agora, de um modo que todo eleitor da oposição certamente considerou adequado: faz-se uma seqüência de retratos de presidentes a partir de Collor , “que” ninguém conhecia, lembra o narrador. E deu no que deu. Depois vieram Itamar Franco, que “restaurou a dignidade”; FHC, “que fez o Real”, e Lula, que deu continuidade. E agora? Os eleitores colocarão na presidência uma pessoa desconhecida, como era Collor?
Cada um tem o seu programa ideal, não? Somos milhões de técnicos de futebol e de marqueteiros. A campanha de Serra pode melhorar? Eu acho que há muito a ser feito. Mas já dá para dizer que a do segundo turno não repete alguns erros óbvios da do primeiro turno. Parece outra. Os eleitores disseram nas urnas que se deve, sim, respeitar Lula, mas não temê-lo.
DE VOLTA À POLÍTICA! Já não era sem tempo!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Por Thomas Oliveira
Um comentário:
Mas é claro que a propaganda de Serra foi a melhor!! A de Dilma é super artificial, tudo preparado milimetricamente. Adorei quando o Serra mostrou os bonequinhos dos dois, sendo êle cheio de conteúdo e ela...oquinha! (Depois de MAIS UMA VEZ, colocando o meu laptop em condições, ainda bem).
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