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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Pensamentos Visuais de Almandrade




Exposição de esculturas, objetos, pinturas, desenhos, projetos de instalações e poemas visuais

Texto de Divulgação

Esta exposição é uma síntese da produção do artista plástico Almandrade (Foto: Divulgação), nome artístico de Antonio Luiz Morais de Andrade, artista plástico, poeta, arquiteto com mestrado em Urbanismo, pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (Ufba), considerado pioneiro da arte contemporânea na Bahia. É um recorte do seu trabalho elaborado em mais de três décadas de utilização do objeto de arte para estimular o pensamento e provocar a reflexão, segundo critérios fundamentados na racionalidade, no elementarismo e, não por acaso, na economia de dados.
Experimentalista assumido, Almandrade compromete-se com a pesquisa de linguagens artísticas que envolve artes plásticas, poesia e geometria. No percurso do artista destaca-se a passagem pelo concretismo e a arte conceitual, nos anos 70, o que contribuiu fortemente para a incessante
busca de uma linguagem singular, limpa, de vocabulário gráfico sintético.
Segundo o crítico de arte e poeta concreto, Décio Pignatari, “Almandrade capricha nas miniaturas de suas criaturas, cuja nudez implica mudez, límpido limpamento do olho artístico, já cansado da fantástica história da arte deste século interminável,
deste milênio infinito”.
Aparentemente frias, suas construções estéticas impressionam pela originalidade e pela leveza das concepções. Marca pelo rigor e coerência com que transita entre os mais diversos suportes, incluindo a palavra, e, sobretudo, pelo exercício de um saber técnico e conceitual no trato das formas, cores e matérias. Ademais, provoca emoções variadas conforme o ponto de vista do observador que atende ao convite do artista a pensar sobre a própria natureza da arte.
Poeta da arte e artista da poesia, seu trabalho configura uma opção estética que tende à síntese, ao traço essencial, ao quase vestígio. Um nada, cuja gênese reside na totalidade absoluta. Divulgador e crítico da arte contemporânea no Brasil, sua principal bandeira é a defesa da arte como instrumento de pensamento e não de entretenimento.
Ao longo da sua trajetória, iniciada em 1972 com Menção Honrosa no I Salão Estudantil, participou de importantes mostras nacionais e internacionais, dentre elas, XII, XIII e XVI Bienal de São Paulo; "Em Busca da Essência", mostra especial da XIX Bienal de São Paulo; “Universo do Futebol” (MAM/Rio); IV Salão Nacional; Feira Nacional em São Paulo; II Salão Paulista; I Exposição Internacional de Escultura Efêmeras, em Fortaleza; I Salão Baiano; II Salão Nacional. Almandrade integrou várias coletivas de poemas visuais, multimeios e projetos de instalações.
Em reconhecimento, foi premiado nos concursos de projetos para obras de artes plásticas do Museu de Arte Moderna da Bahia, 1981/82, Prêmio Fundarte no XXXIX Salão de Artes Plásticas de Pernambuco em 1986 e Premio Copene de cultura e arte, 1997. Foi um dos criadores do Grupo de Estudos de Linguagem da Bahia que editou a revista "Semiótica" em 1974 e autor dos livretos de poesias e/ou trabalhos visuais: "O Sacrifício do Sentido", "Obscuridades do Riso", "Poemas", "Suor Noturno" e “Arquitetura de Algodão", além do livro “Escritos Sobre
Arte: Arte, Cidade e Política Cultural”, uma organização de artigos publicados em jornais e revistas.
Longe da pretensão de, como diria Harold Rolsenberg, “oferecer rótulos explicativos antes mesmo de a tinta secar na tela”, bem ao modo do atual público de vanguarda ávido pelas novidades e receptivo aos caprichos da moda em voga, pode-se afirmar que a obra de Almandrade é, no mínimo, singular. Distancia-se da “tradição do novo” diferenciando-se do que hoje pode ser considerada arte contemporânea na Bahia.

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