Holocausto cultural

Por Dimitri Ganzelevitch

Quando o soteropolitano pensava ter atingido o fundo do poço com tantas agressões, a primeira capital do Brasil, cada dia acorda constatando que sempre se pode cavar mais um pouco. Nosso genial prefeito agora resolveu, não somente retirar as pedras portuguesas da orla marítima substituindo-as com granito (quem tem minas de granito na Bahia?), mas cortar todas as árvores da Barra e adjacências! Coqueiros e amendoeiras amanhã não mais existirão. Chegamos a triste conclusão que consegue ter um gosto ainda pior que Imbassahy e mais: que está acabando com toda a cidade.

A saúde, o ensino, comunicações, poluição sonora, poluição ambiental, transportes públicos etc. são um desastre. Ele estabeleceu o caos permanente nesta cidade. E estas obras que, de repente, se lembrou de fazer, por mera coindidência na véspera das eleições? Heim? Por que não pensou no banho de asfalto, na iluminaçao logo que se sentou no trono? Em vez de choramingar com tanta sensibilidade descabida e despropositada, deveria ter ouvido os protestos de quem entendo do assunto. Arquitetos, urbanistas, sociólogos, antropólogos, gente das áreas culturais etc. Mas não. Se fechou em gabinetes com ar condicionado e prefiriu conversar com especuladores imobiliários e imobiliárias. A contemporaneidade deste homem não passa de modernoso kitsh. Quem ja passou pelo Fórum Ruy Barbosa com certeza se assustou com a escandalosa feiúra da "realização paisagística".
É evidente que o Jesus que guia as escolhas deste lamentavel prefeito, não é o Jesus que andava a pé no meio do povo e ouvia as queixas, fazendo milagres para os mais pobres. Este, como pobre de espírito, será o primeiro a subir ao ceú. Entretanto nós, mortais, neste vale de lágrimas, aqui e agora, etamos vivendo um inferno de burrice e temos que aguentar tanta displicência.
O autor é presidente da Associaçao Cultural Viva Salvador