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quarta-feira, 9 de abril de 2008

Raça e política

Por Thomas Sowell, no site "Mídia Sem Máscara" (midiasemmascara.org):
Há algo pungente e, ao mesmo tempo, irritante na candidatura de Barack Obama.
Qualquer americano, não importa a raça, deve considerar encorajador que este país tenha chegado a ponto de ter um negro como candidato a presidente dos EUA, que tenha ganhado tantas primárias em estados com grande maioria branca.
Temos visto grande número de pessoas fascinadas pela retórica e pelo estilo teatral de Barack Obama.
Muitos de seus apoiadores seguem a máxima “ponha seu dinheiro onde estão suas palavras”, de forma que esse senador de primeiro mandato recebeu muitos milhões de dólares a mais que candidatos que têm estado, há muito mais tempo, no palco da política nacional.
Essa é a boa notícia. A má notícia é que Barack Obama tem tido uma vida dupla, tal como Eliot Spitzer.[1]
Ao mesmo tempo em que fala em nos unir, deplorando ações “desagregadoras”, o senador Obama tem sido, por 20 anos, membro de uma igreja cujo ministro, Jeremiah Wright, diz que “God Bless America” [Que Deus Abençoe os EUA] deveria ser substituído por “God damn America” [Que Deus amaldiçoe os EUA] – dentre muitas outras coisas violentas ou mesmo denúncias obscenas à sociedade americana, incluindo-se ataques gratuitos e racistas aos brancos.
E isso não é um caso isolado. O canal de televisão Fox News tem exibido gravações de vários dos sermões de Jeremiah Wright e diz ter gravações de muitos outros de mesmo teor.
As ações de Wright são coerentes com seu discurso. Ele foi com Louis Farrakhan à Líbia e Farrakhan recebeu um prêmio de sua igreja.
Sean Hannity começou a série de reportagens sobre Jeremiah Wright em abril de 2007. Mas a grande mídia não viu, não escutou e não falou disso.
Agora que os fatos começaram a aparecer em muitos lugares, e já não podem ser abafados, muitos na mídia estão tentando distorcer esses fatos ou considerá-los não-existentes.[2]
A distorção número um é que as palavras de Jeremiah Wright foram “tomadas fora do contexto”. Como muitos que usam tal argumento, eles não explicam o que as palavras significam quanto tomadas no contexto.
Em qual contexto “God damn America” pode significar algo diferente?
A distorção número dois é que Barack Obama alega não ter ouvido as coisas específicas ditas por Jeremiah Wright que agora estão causando tantos comentários.
Esse não é um comentário isolado. As respostas entusiásticas dos freqüentadores da igreja sugerem que essa atitude antiamericana não é novidade para eles ou algo de que eles discordam.
Se Barack Obama não estava na igreja naquele dia particular, ele pertenceu à igreja por 20 anos. Ele fez uma doação de mais de US$ 20.000 àquela igreja.
Em todo aquele tempo, ele nunca teve o mais mínimo indício sobre o tipo de homem que era Jeremiah Wright? Ora, tenha paciência!
Não se pode estar com alguém por 20 anos, chamá-lo de mentor e não conhecer suas idéias racistas e antiamericanas.
Nem Barack Obama, nem seus apoiadores-malabaristas da mídia podem fazer desaparecer essa história por meio de uma retórica superficial, típica de ano eleitoral. Se o senador Obama quiser correr com os coelhos e caçar com os cães, que então pelo menos ele avise aos coelhos e aos cães.
O fato de que a fala de Obama seja diferente da de Jeremiah Wright não significa que sua história seja diferente. O registro de votações de Barack Obama no senado é perfeitamente consistente com a ideologia da extrema esquerda e com a cultura do ressentimento, tal como é consistente com essa ideologia uma afirmação anterior de sua esposa de que ela não sentia orgulho de seu país.
O sucesso político do senador Barack Obama tem sido um alento para a “igualdade”. Mas a igualdade tem seu lado negativo.
Igualdade significa que um negro demagogo desmascarado como mentiroso merece exatamente o mesmo tratamento que um branco demagogo desmascarado como mentiroso.
Não precisamos de um presidente dos EUA que conseguisse entrar na Casa Branca falando de uma forma, tivesse votado de forma completamente diferente no senado, e que por 20 anos tivesse sido seguidor de um homem cujas palavras e atos contradizem a imagem eleitoral de Obama, cuidadosamente manufaturada para o ano eleitoral.

[1] Ver, de Sowell, O contra-senso da neutralidade moral. (N. do T.)
[2] Mais uma prova de que a esquerda daqui, de lá e de todo lugar é absolutamente igual. (N. do T.)
* Thomas Sowell é doutor em Economia pela Universidade de Chicago e autor de mais de uma dezena de livros e inúmeros artigos, abordando tópicos como teoria econômica clássica e ativismo judicial. Atualmente é colaborador do Hoover Institute.

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