Texto de Lucia Hippolito, site CBN, edição desta sexta-feira, 3:
Quando Lula foi eleito presidente em 2002, ninguém esperava que ele fosse um grande administrador, com larga experiência no trato da coisa pública.
Lula não foi eleito como gerente, nem como síndico ou gestor. Foi eleito como símbolo, líder, fonte de inspiração e exemplo. Ele próprio nunca se pretendeu nem se apresentou como outra coisa.
Se Lula criou expectativas, não fez isso sozinho. Sua vitória só se viabilizou porque à sua volta reuniram-se pessoas que se proclamavam altamente capazes para ocupar o poder com competência.
O próprio Lula foi iludido pelos líderes do PT, que o convenceram de que os petistas eram competentes para governar o país, e de Lula só esperavam que fosse aquilo que ele já tinha demonstrado ser: um símbolo, fonte de inspiração, exemplo e líder.
Mas os companheiros antigos foram tombando, um a um, e Lula foi obrigado a exercer um papel que não lhe agrada: o de administrador. O resultado está à vista de todos.
Os problemas de gestão do governo Lula são inúmeros e muito sérios, sendo o caos aéreo apenas a face mais trágica.
Ontem, na reunião do Conselho Político, o presidente Lula se declarou surpreendido com a gravidade da crise aérea.
Lula declarou ainda que foi candidato à presidência da República cinco vezes e que o tema do espaço aéreo nunca esteve presente nas campanhas eleitorais nem nos debates.
Primeiro, uma notícia positiva. O presidente reconhece que existe uma crise no setor aéreo, e que ela é gravíssima.
Esta declaração está em perfeita consonância com seu pronunciamento na TV, três dias depois da tragédia com o avião da TAM.
Naquela ocasião, além de se solidarizar com as famílias das vítimas, o presidente Lula anunciou medidas concretas para superar o caos aéreo. Ou seja, reconheceu a existência de um caos e as responsabilidades do governo federal na crise.
Agora, a notícia assustadora: afinal de contas, quem é que está governando este país?!
Ninguém exige que um presidente da República conheça tudo sobre todos os assuntos, o tempo todo.
O que se exige de um presidente é que tenha à sua volta assessores competentes, que o informem dos problemas e proponham soluções. A escolha final é sempre do presidente.
Mas nunca na história deste país houve um presidente tão mal assessorado quanto Luiz Inácio Lula da Silva.
A incompetência grassa em todas as salas do Palácio do Planalto e na maioria dos prédios da Esplanada dos Ministérios.
Desde 2003 circula um minucioso relatório encaminhado ao Planalto pelo então ministro da Defesa de Lula, o embaixador José Viegas, apontando os problemas do setor aéreo: falta de pessoal, falta de investimentos, material sucateado, aeroportos obsoletos, pistas fora do prazo de validade, malha aérea saturada.
O relatório é, há tempos, um best seller. Só não leu quem não quis. Mas o presidente da República declara, em agosto de 2007, quatro anos e dois trágicos acidentes aéreos depois, que não sabia da gravidade da crise. É extraordinário!
Como se não bastasse, a declaração de que foi candidato à presidência da República cinco vezes, e o setor aéreo nunca foi tema da campanha eleitoral, é profundamente reveladora da personalidade do presidente Lula: sua vida é um eterno palanque.
E o que não está no palanque não existe.
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