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sexta-feira, 31 de agosto de 2007

"Conversa fiada faz mal à saúde"

Vale a pena republicar avaliação feita pelo jornalista Glauco Wanderley sobre a situação da saúde:
"Consumiu valioso tempo de sua árdua jornada o secretário de Saúde, Jorge Solla, esfalfando-se por explicar a nós incautos jornalistas em 11 páginas de minucioso relato o que é que se passa afinal na relação entre estado, município e Santa Casa.Esforço vão, pois aposto que quase ninguém terá tido a santa paciência de ler, com vagar, para tentar entender o mistério que se encerra neste nebuloso caso “republicano” (como gostam de dizer os petistas).
Não que falte à imprensa boa vontade com os governantes, que isso não falta, qualquer um pode ver. É que naturalmente ninguém gosta de ser feito de besta e o bate-boca já ultrapassou o limite do tolerável.
A população nem a imprensa está interessada em saber quem tem razão. O que se quer é um atendimento decente na Saúde, que tem faltado em Feira e na Bahia toda. Aliás tem faltado até o atendimento. Decência já é luxo.
O tom do tratado enviado por Jorge Solla, é de hostilidade com a gestão da saúde no município. Reclama que Feira de Santana não cumpre sua parte, que o estado está sozinho tentando melhorar as condições de atendimento de emergência – quando o município deveria agir, já que possui gestão plena, concedida pelo Ministério da Saúde –, queixa-se da ausência da secretaria municipal de Saúde em discussões coletivas com outros municípios e chega às raias da mesquinhez, dizendo que o estado assumiu os prejuízos provocados pelo incêndio de uma ambulância do SAMU na emergência do hospital.
A essência do documento é provar que o dinheiro a mais que passará a ser recebido pelo município foi graças a gestões do governo estadual, com a condição de que fosse empregado no funcionamento da emergência do Dom Pedro; e que a versão de que se trata de dinheiro do SUS que viria de qualquer modo, é enganosa e alardeada ardilosamente nos meios de comunicação pela prefeitura, para não dizer pelo prefeito.Mas se há dúvidas sobre o assunto elas foram criadas pelas declarações dos próprios representantes do estado, capitaneados pelo deputado Zé Neto, cujos pronunciamentos nunca se notabilizaram pela clareza nem pela objetividade.
Porém agora tudo isso simplesmente já não vem ao caso. A guerrinha política cansou quem se deu ao trabalho de prestar atenção nela. O que a prefeitura e o estado precisam fazer é mostrar resultado.
Dispensam-se os esforços midiáticos. Afinal, Solla gastou tantas horas de redação e revisão para explicar, justificar e convencer-nos de suas virtudes e boas intenções. E no entanto, em apenas uma frase bem simplória, Fátima Mendonça, a mulher do governador Jaques Wagner, pintou o quadro completo, na já histórica entrevista à revista Metrópole: “A saúde é dose, né?”.

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