Em “Turistas”, um médico brasileiro mostra-se antiamericano e pratica tortura contra turistas para roubar seus órgãos para distribuir aos pobres em hospitais do Rio de Janeiro. O argumento é risível, não é mesmo. Segundo o personagem é uma vingança contra os séculos de exploração. O filme está em cartaz em Feira de Santana, deste esta sexta-feira, 2.
Trata-se de uma ação de terror que se passa no Brasil. É o primeiro filme norte-americano a ser inteiramente rodado no país, com sua equipe de produção ficando aqui durante cinco meses. Teve locações em Ubatuba, Rio de Janeiro e Lençóis e Iraquara. Cita-se Recife e Florianópolis com parte do elenco e da ficha técnica formada por brasileiros. A trilha sonora também é com samba, rap e canções de Adriana Calcanhoto (“Fico Assim Sem Você” e “Justo Agora”), Marcelo D2 (“Rebatucada”, “Vidro Fume” e “Vai Vendo”), Mestre Matias (“Joga Capoeira”), Rappa, Claudinho e Bochecha.
O filme seria ambientado na Guatemala. Mas um brasileiro residente em Los Angeles, Raul Guterres, sugeriu as locações para a realização das filmagens no Brasil. Assim, florestas de mata atlântica em São Paulo e locais com grutas subaquáticas, como as de Lençóis, na Chapada da Diamantina foram utilizadas.
Todos os brasileiros envolvidos no filme - o elenco é de doer, com interpretações ruins - são pouco conhecidos ou totalmente desconhecidos. Alguns, com trabalho em outros filmes e na televisão, como é o caso de Miguel Lunardi, que faz o vilão, um médico psicopata. Ele foi visto nos filmes “Jenipapo”, “Mauá, o Imperador e o Rei”, “Benjamim” e “O Outro Lado da Rua”, bem como na novela “Páginas da Vida”.
Os realizadores garantem que o filme é baseado em fatos reais. Na verdade, “Turistas” não mostra nada além do que se vê na televisão e em filmes brasileiros (“Cidade de Deus”, “Carandiru”, “Cidade Baixa”, entre outros) e se lê nos jornais e revistas. Violência, sexo, drogas, crimes, pobreza. Mulheres sem pudor, seminuas e fazendo topless, vítimas e bandidos. O Brasil é retratado como em parte ele é na realidade: com samba, sensualidade (com prostitutas se oferecendo para os estrangeiros), cachaça, futebol, miséria. De belo, só as praias.
No cartaz original (ilustração) está contido: “Há alguns lugares que turistas nunca deveriam ir. Turistas vão embora”. Nos Estados Unidos, a frase de apelo do filme é: “Num país onde vale tudo, qualquer coisa pode acontecer”.
Pelo menos na primeira sessão (15h25) desta sexta, no Orient Cineplace, não houve nenhum protesto contra o filme, como chegou a acontecer em outros locais.
O certo é que o que “Turistas” apresenta não chega a ser ofensivo, como se pintou. Ele envergonha o cinema e não o Brasil.
sexta-feira, 2 de março de 2007
Brasil retratado como em parte ele é
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3 comentários:
Realmente, filmes brasileiros como "Cidade de Deus", "Carandiru" e "Cidade Baixa" denigrem mais o país que "Turistas", tão ruim como os três citados.
Pelo roteiro, deve ser uma bomba. Mas não entendo a revoltazinha de um monte de gente. Há pessoas que parecem estar sempre em estado de militância anti-algumacoisa. Lá nos Estados Unidos, Michael Moore deita e rola. Aqui no Brasil, não se pode mais falar mal do país ou do presidente. Se for brasileiro, é xingado, se for estrangeiro, deportado. Democrático.
"Turistas" mostra uma realidade que é por demais conhecida dos brasileiros: violência e safadeza.
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