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sábado, 7 de janeiro de 2012

"Prescrição da memória"

Por Ruy Fabiano
A primeira denúncia do ano - a de que o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, privilegiou seu estado, Pernambuco, governado por seu partido, o PSB, com verbas contra catástrofes, em detrimento de outros, mais necessitados - é mais grave pelo que oculta que pelo que revela.
Revela uma anomalia antiga, o critério partidário-eleitoral no uso do Estado. E oculta uma das maiores dores de cabeça da presidente Dilma: a luta fratricida em sua base de apoio.
Enquanto o PSB se empenha em blindar o ministro, o PT, de olho na reforma ministerial, o expõe nos bastidores.
O PSB cresce em prestígio, graças, sobretudo, a seu presidente, o governador pernambucano Eduardo Campos, uma das maiores lideranças do Nordeste, região em que o PT garantiu triunfo nas três últimas eleições presidenciais.
É natural que os petistas temam essa expansão, ainda que em uma força aliada.
Vê-se por aí o liame frágil que forma as coalizões no Brasil, mesmo quando entre parceiros ideológicos. Campos é um presidenciável de grande potencial. Pode não ter ainda dimensão nacional, mas, numa campanha presidencial, tiraria votos do PT em sua principal base de apoio popular.
Com as eleições de outubro, a guerra entre as duas legendas deve crescer no Nordeste, com repercussões negativas para a solidez da base federal do governo.
O ano começa com a velha rotina das catástrofes climáticas, que se misturam com as políticas (os escândalos), que marcaram o ano findo.
Sendo ano de eleição, é de se prever uma exploração ainda mais exacerbada dos malfeitos (para usar a linguagem eufemística da presidente, diante dos escândalos de corrupção).
Há ainda a crise econômica mundial, que já começa a dar sinais de seus efeitos internos, para compor um cenário delicado - e só não o é mais por uma razão prosaica: o país não tem oposição.
Mesmo somando todas as dificuldades e contradições do governo, a oposição ainda as supera. Basta ver que o principal adversário, o PSDB, briga mais consigo mesmo que com o rival PT.
Minas e São Paulo, estados que concentram a parte mais substantiva do PIB brasileiro, e são governados pelos tucanos, anulam-se politicamente, com o duelo entre suas principais lideranças, o senador Aécio Neves e o ex-governador José Serra.
Lutam pela hegemonia partidária e pela sucessão de 2014, sem se deter no fato de que, a permanecer a desdita, não chegarão até lá. No campo mais conservador, onde despontam o DEM e o PSD, a luta é ainda mais autofágica.
O PSD nasceu do DEM, mas rapidamente agregou gente de quase todos os partidos, inclusive governistas. O DEM tentou bloqueá-lo na justiça. Perdeu.
Ressentido, avisou que jamais apoiará iniciativas suas, o que faz prever que muito menos aceitará coligações eleitorais, a começar pelas de outubro próximo.
Tudo isso facilita a vida do governo, que conseguiu perder sete ministros - seis por corrupção - e mesmo assim livrar-se de todas as tentativas de CPI no Congresso.
É inimaginável que o mesmo se desse com o PT na oposição. Esse, na verdade, é o grande trunfo político de Dilma: não ter adversários – a não ser, claro, os de dentro. Não é pouco; em certas situações, são os piores, porque imperceptíveis.
A grande incógnita é o Mensalão, previsto para ser julgado ainda este semestre.
Segundo, porém, o ministro Ricardo Lewandowski, relator revisor do processo no Supremo Tribunal Federal, ele pode simplesmente prescrever, dado o seu volume, o que será um escândalo tão grande quanto o que deveria ser julgado.
Mas se a oposição não soube fazer uso do escândalo quando acontecia, permitindo que o PT reelegesse Lula meses depois, como supor que faria algo melhor agora?
E, afinal, escândalo tornou-se rotina no país: o do dia faz esquecer o da véspera - e o Mensalão, nesses termos, é coisa de um passado pré-diluviano, num país em que a própria memória é coisa prescrita.
* Ruy Fabiano é jornalista
Fonte: "Blog do Noblat"

Um comentário:

Mariana disse...

Resumindo, nossa oposição nos colocou nesta posição, com cara de bobões, sem sabermos prá onde correr. Eu, fico com minha consciência, julgando sim, as atitudes canalhas de qualquer governo, de qualquer parlamentar, não votando em corrupto nem mensaleiro algum, é só. Do resto, espero que Deus cuide, porque se dependermos de uma maioria do povo prá extirparmos êsse mal de nossas vidas, estamos fritos e mal pagos.