O advogado retado Aurélio Miguel Dórea, feirense, um cabra da roça, com 50 anos de atuação, mais em Barreiras, Angical e Wanderley, por sucedidos da vida, se revela contador de causos, com o delicioso "Rosinha, Uma Estória de Amor", cometendo a assumida maluquice de publicar, encorajado por amigos pessoais e virtuais.
Ele agradece - "a gratidão é um sentimento a ser cultivado" - a benfeitores como Zayra Samila e José Olívio de Oliveira, mais três pessoas, além da família, que o ajudaram a definir sua "trajetória e destino": Francisco José Pinto dos Santos, Jorge Bastos Leal e Osvaldo Brasileiro Franco - com "homenagem de coração" aos três saudosos advogados.
Na introdução, o autor faz "um reconhecimento à grandeza das mulheres", revelada na estória. No causo, bichos falam, amam e protegem - a Onça Sussu e a Cabra Mimosa, são destacadas, além do Onço Filomeno e do Bode Somoza.
Ele comparece em seu livro de estreia como Lelinho Tuia de Osso e parece que deve ter visto muito seriado no poeira Cine Plaza, pertinho de onde veio ao mundo, na Rua de Aurora de sua querida Formosa e Bendita, Paraíso com nome de Feira, para capitular "Rosinha" em episódios - são LIII até o FIM de 178 páginas, lidas sem nenhum avexamento.
Em "Rosinha", elementos da tradição da literatura de cordel, cultura popular, regionalismo nordestino, da tradição religiosa. No balaio, traços de linguagem oral na escrita do autor, com corruptelas e neologismos.
E não é que a estória de Rosinha dá um filme? Até Ariano Suassuna chega ao segundo "Auto da Compadecida". Muitos elementos da trama de um está na narrativa de outro. O também advogado Ivan Dórea, primo de Lelinho, já enveredou no pretérito pelo fazer filme e poderia assumir a empreitada.
A estória - sendo assim, assim -, transcorre em Feira de Santana - em locais como a Rua de Aurora, Praça 2 de Julho, Barroquinha, Rua do Meio, Praça do Nordestino, becos do Bom e Barato e do Pinga Pus, Tamarino, Campo do Gado, Caeiras, Queimadinha, Gameleira, Barraca do Diva, Igreja dos Remédios, Saboaria de Vadinho, Serras de São José, Tanque de Gonçalinho, 125, Boate Lindaura, e em várias partes do sertão da Bahia, outros sertões. E até locais do exterior são citados, como Itália (Cartona, Florença, Montese, Monte Castelo, Nápoles, Pistoia), Espanha (Toledo), Cuba, Suíça e Rússia. A estória é contada tin-tim por tin-tim.
Pe-rê-rê caixa de fósforo. Além dos personagens fictícios, na trama bem enredada por Aurélio Miguel, são citadas ou mencionadas - "sem consentimento, mas sem ser lutrido ou desassuntado, gestos de respeito, reconhecimento e querer bem" - pessoas vivas e outras não, como os médicos Jackson do Amaury, Miltinho Marinho e Marcelino, Dona Dorada, Dona Rosinha e Seo Dimas Simões, Mium, Juju, Mary Pintura, Pedro Falcão Vieira, radialista Edval Souza, Luciano Ribeiro mais sua mulher e irmãs (as Purezinhas), Armando Sampaio, jornalistas Barreto de Jesus e Maura Sérgia, Sargento Mourão, os cantores Luiz Gonzaga, Patativa e Waldick Soriano, Maria Renilda, Humberto Mascarenhas, Normando Leão, Chiquinho Nascimento, Raimundo Morais, Beto Moura Pinho, Joviniano Neto, Celso Cotrim, Luiz Viana, Seo Nerino e Armandine Avanti (donos do Circo Nerino), Antonio Conselheiro, Lampião e Maria Bonita, Dadá e Corisco, Zé Rufino, Frei Damião, Cuíca de Santo Amaro, até Adolf Hitler e o "Duce" Benito Mussolini com Clara Petacci, mais Salomé, Belzebu, São Nunca, bem como o galã Rodolfo Valentino, entre outros.
Também citados os jornais "A Tarde", "Luta Democrática", "O Dia" e "Notícias Populares" (leitores de gazeta) mais a Rádio Sociedade de Feira de Santana (ouvintes de rádia).
Enfim, "Rosinha" é uma estória de bem querer! Um causo de amor bem contado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário