Recebi na terça-feira, 23, o romance "Setembro na Feira", de Juarez Bahia, adquirido no Sebo Estação Cultural Taubaté, através da Estante Cultural.
Este romance regionalista se passa em Feira de Santana,na década de 40, "época marcada pela adesão brasileira à frente aliada na Segunda Gerra Mundial e pelo fim da ditadura getulista".
Na trama, "Florêncio e Adélia são dois adolescentes que descobrem o amor. Juntos, eles vão enfrentar a incompreensão de suas respectivas famílias ao amor que sentem e conviver com o clima de transformação sócio-econômica e cultural que dominou então o país."
Quem é
Benedito Juarez Bahia nasceu em Cachoeira, no dia 18 de novembro de 1930. Não tinha completado ainda seis anos quando migrou para Santos, litoral de São Paulo. Ainda menino, aos 12 anos, voltou para a Bahia, estabelecendo-se em Feira de Santana. Foi nesta cidade que ele deu os primeiros passos para o que viria a ser sua grande paixão: o jornalismo. Aos 13 anos, conhecido por sua boa conduta, foi secretário de um dos grandes advogados da cidade, Arnold Ferreira da Silva, tornando-se responsável por toda a movimentação do escritório.
Este romance regionalista se passa em Feira de Santana,na década de 40, "época marcada pela adesão brasileira à frente aliada na Segunda Gerra Mundial e pelo fim da ditadura getulista".
Na trama, "Florêncio e Adélia são dois adolescentes que descobrem o amor. Juntos, eles vão enfrentar a incompreensão de suas respectivas famílias ao amor que sentem e conviver com o clima de transformação sócio-econômica e cultural que dominou então o país."
Quem é
Benedito Juarez Bahia nasceu em Cachoeira, no dia 18 de novembro de 1930. Não tinha completado ainda seis anos quando migrou para Santos, litoral de São Paulo. Ainda menino, aos 12 anos, voltou para a Bahia, estabelecendo-se em Feira de Santana. Foi nesta cidade que ele deu os primeiros passos para o que viria a ser sua grande paixão: o jornalismo. Aos 13 anos, conhecido por sua boa conduta, foi secretário de um dos grandes advogados da cidade, Arnold Ferreira da Silva, tornando-se responsável por toda a movimentação do escritório.
A
família do advogado era dona do jornal "Folha do Norte". Surgia a
oportunidade para Juarez Bahia iniciar seu destino. Aos 15 anos, já era
considerado um jornalista. Mas voltou a Santos, onde foi trabalhar na estiva,
como carregador de saco no cais.
Projeto ambicioso
Mais
tarde, como tipógrafo, ingressou no "Diário de Santos". Começou a
escrever no jornal "A Tribuna", onde fez carreira brilhante:
tornou-se repórter competente e respeitado, transformando-se em jornalista premiado.
Juarez Bahia sempre se caracterizou
pela modéstia. Mas cultivou um projeto ambicioso: tornar-se um profissional de
imprensa reconhecido pela sua corporação profissional. Não hesitou em
matricular-se no Curso de Jornalismo, criado no início dos anos 50, pela
instituição acadêmica santista que se converteria depois na Universidade
Católica de Santos.
Jornalista tarimbado pela vivência na editoria de jornais e
revistas, cedo granjeou admiração dos seus colegas de classe. Ao concluir o
curso, foi escolhido como orador da primeira turma de bacharéis em jornalismo
de Santos. Imediatamente, tornou-se professor da faculdade onde realizaria a
sua formação acadêmica. Depois, lecionou na Faculdade de Jornalismo Casper Líbero, de São Paulo.
Quando
foi criada a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ele
foi convidado a lecionar no Curso de Jornalismo. Ali editou, com seus alunos, a
primeira revista-laboratório do país - K-Comunicação - um arrojado projeto
gráfico-editorial, supervisionado em parceria com o professor de diagramação
Hélcio Deslandes. Na época, não havia no Brasil muitos teóricos na área. Bahia
preocupou-se em transformar suas aulas em textos didáticos. Produziu vários
livros, escrevendo sobre história e técnica da profissão, discorrendo sobre
assessoria de imprensa, relações públicas e publicidade.
Obra
Sua
obra inicial como teórico do jornalismo é constituída por: "Três fases da
imprensa brasileira" (Santos, Ed. Presença, 1960); "Jornal, História
e Técnica" (Rio de Janeiro, Ministério da Educação, 1964) e
"Jornalismo, Informação e Comunicação" (SP, Martins, 1971).
Posteriormente, ele ampliou e consolidou todo o conhecimento sistematizado
sobre jornalismo, produzindo um manual com o mesmo titulo do seu livro
anterior: "Jornal, História e Técnica" (SP, Ed. Ática, 1990).
O
primeiro volume é dedicado à "História da Imprensa Brasileira" e o
segundo enfoca especificamente "As Técnicas do Jornalismo". Trata-se
de obra didática que, sendo reeditada até hoje, serve de apoio aos estudantes
dos cursos de jornalismo de todo o país. Seu último livro intitulou-se
"Introdução à Comunicação Empresarial" (Rio de Janeiro, Mauad, 1995).
No
período do governo militar, além do trabalho no jornal "A Tribuna",
de Santos, Juarez Bahia passou a ser chefe do Gabinete do Prefeito da cidade, José Gomes. Ali estreitou sua relação com o
advogado Francisco Prado de Oliveira Ribeiro, reitor da Universidade Católica
de Santos e secretário da Habitação do Governo do Estado de São Paulo.
Francisco foi nomeado, em 1963, secretário de Justiça de Santos. Com ele,
Juarez Bahia viveu os problemas "pré-revolucionários" e tornaram-se
amigos.
Em
Santos, todos os jornalistas conheciam Juarez Bahia. Ele foi um grande mestre
do jornalismo, em dois sentidos: pelo conhecimento que tinha sobre Comunicação
e pela capacidade de transmitir o que sabia em sala de aula. Lecionava no curso
de Jornalismo da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Sociedade
Visconde de São Leopoldo, atual Universidade Católica de Santos. Entre aqueles
que admiravam Bahia, como mestre na profissão de ensinar e fazer Jornalismo,
estava Carlos Conde, vice-presidente da Imprensa Oficial do Estado de São
Paulo.
Conde
trabalhava no "Diário de Santos", quando teve a sorte de conhecer
Bahia. Mas a amizade surgiu quando, por indicação do mestre, foi para o jornal
"A Tribuna" de Santos, veículo com circulação bem maior do que aquele
onde trabalhava e que lhe daria melhores oportunidades para crescimento na
carreira profissional.
A
ligação entre os dois se fortaleceu a partir de 1966, quando a empresa
"Folha de S.Paulo" inaugurou o jornal "Cidade de Santos", o
primeiro com o sistema off-set colorido do Brasil. Giufredo e Roberto Mário
Santini, proprietários do jornal "A Tribuna", chamaram Bahia, o
melhor jornalista da região, para fazer uma revolução no jornal. Ele, então,
assumiu a responsabilidade, convidando dois jornalistas para assessorá-lo
diretamente: Carlos Conde e Oswaldo Martins. Bahia, como secretário de redação,
organizou a redação em editoriais. Assim, Martins ficou com a responsabilidade
das editorias locais, e Conde, com as editorias Nacional e Internacional.
Correspondente internacional
Na
carreira de Juarez Bahia, constam passagens pelos "Jornal do Brasil"
e Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, Canal 2, a
televisão pública do Estado de São Paulo. Juarez Bahia conquistou o título de bacharel em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Santos. E também o de bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da
Universidade Católica de Santos. Na Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo ministrou cursos de "Jornalismo
Especializado".
Juarez
Bahia foi, ainda, correspondente internacional, e fixou residência em Portugal.
Daquele país europeu, o mestre trabalhou na Espanha, China, Estados Unidos e
outros países, escrevendo para órgãos de muita importância, tais como os
jornais "Folha de S.Paulo" e "O Estado de S.Paulo", além da
revista "Visão".
Fez também algumas incursões pelo campo da
literatura. Como ensaísta, publicou "Um Homem de Trinta Anos"
(Santos, SP, Ensaio, 1964). Como ficcionista, escreveu o romance "Setembro
na Feira" (Rio de Janeiro, RJ, 1986), ambientado em sua terra também adotiva, Feira de
Santana.
Do
mesmo gênero, o jornalista e escritor lançou em 1994 "Ensina-me a Ler", que trata das greves do porto de Santos em 1964. Sua morte ocorreu na cidade do Rio de
Janeiro, RJ, em janeiro de 1998, quando contava com 67 anos de idade. Juarez
Bahia foi vítima de uma embolia pulmonar.
Fonte: Osmar Mendes Júnior, do Dicionário do Jornalismo Brasileiro PJ:BR
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