Mostra de 30 telas permanece até o dia 28 de julho
1. "Moças ao Luar", de Anthony Donaldson
2. "Mulher Com Brinco Azul e Branco", de Neville King
Fotos: Museu Virtual/Jornal Feira Hoje
Nesta terça-feira, 4, às 15 horas, o Palacete das Artes recebe a exposição "Coleção Inglesa Doada por Assis Chateaubriand, em 1967". A mostra é composta por 30 telas, que pertencem ao acervo do Museu Regional de Arte, do Centro Universitário de Cultura e Arte da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).
O coordenador do Museu Regional, Cristiano Silva Cardoso, explica que a coleção foi doada por Chateaubriand em 1967, época em que o empresário esteve engajado na Campanha Nacional de Interiorização das Artes, com a proposta de dinamizar a vida cultural de Feira de Santana. "Dentre as obras que compõem este acervo, a coleção inglesa marca a liberdade de composição, característica da Escola de Londres nas décadas de 1950 e 1960. As obras permitem, além do estudo e deleite sobre a evolução da pintura inglesa modernista, uma fonte de pesquisa única na América Latina, promovendo o atravessamento de lógicas sobre tessituras territoriais, estéticas, de memórias e criatividade, em pleno solo sertanejo".
A única coleção de artistas modernos ingleses em um museu brasileiro, apresenta obras em óleo sobre tela, óleo sobre eucatex, esmalte sobre metal, técnica mista sobre eucatex e técnica mista sobre papel. Destacam-se artistas como Frank Auerbach, Antony Donaldson, Alan Davie, Bary Burman, Brett Whiteley, Bryan Organ, David Oxtoby, Derek Hirst, Derek Snow, Howard Hodgkin, Graham Sutherland, John Piper, John Kiki, Joe Tilson, Paul Wilks e Pauline Vincent.
A obra intitulada "Três Torres de Suffalk", de John Piper, já pertenceu ao acervo da destacada Tate Gallery. A tela "Muggeridge em Azul", de Bryan Organ, merece destaque pelo fato do seu autor ter se tornado famoso, em todo o mundo, por ter pintado o retrato de Lady Di, exposto na galeria dos retratos da família real, no Buckingham Palace. O trabalho de Brett Whiteley, um tríptico de beleza extraordinária; e ainda a pintura em óleo sobre tela, de dupla face, denominada "Jane Avril", de autoria de John Kiki. Howard Hodgkin, que tem no museu a obra "Mr. Mrs. Roger Coleman", tornou-se notável pelo longo tempo utilizado na preparação de trabalhos. E este, especificamente, foi realizado durante dez anos; vale ainda referência ao trabalho de Pauline Vicent, intitulado "Seated Figure" que se destaca pela técnica e natureza dos materiais, esmalte sobre metal.
Verdadeira aula de pintura e da história da arte
Murilo Ribeiro, diretor do Palacete das Artes, lamenta que, diante da grandiosidade do acervo, e a poucos quilômetros de Salvador, as obras ainda são pouco conhecidas do público. "O desconhecimento é, inclusive, do significado do mecenato (prática de estímulo à produção cultural e artística). É sintoma de uma sociedade civilizada, mas, infelizmente, pouco praticada no Brasil. É por isso que não podemos deixar de ressaltar a importância da formação humanística de Assis Chateaubriand, quando providenciou a curadoria da compra desta Coleção. Considero-a uma verdadeira aula de pintura e da história da arte daquele período", ressalta Ribeiro.
O antigo Museu Regional de Feira de Santana, incorporado à Universidade Estadual de Feira de Santana e rebatizado como Museu Regional de Arte (MRA) em 1985, é hoje parte do complexo do Centro Universitário de Cultura e Arte. Seu acervo naturalmente foi ampliado desde sua inauguração, mas ainda guarda uma identidade predominantemente associada ao estilo modernista que sempre o marcou. "A Coleção Inglesa, por sua vez, ainda é uma das mais expostas e visitadas, porém não mais como um exemplo de uma arte de 'elite' capaz de educar um povo 'rude', e sim como a expressão de um diálogo possível em uma aldeia global cada vez mais interconectada e multirreferencializada, o que a torna ainda mais surpreendente e significativa que há cinquenta e dois anos", complementa Aldo Morais, diretor do Cuca.
Além da coleção moderna inglesa, que já foi apresentada no Museu de Arte Moderna da Bahia e no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, o MRE reúne importantes exemplares dos movimentos culturais brasileiros, datados de 1922 até 2010, com destaque para as obras modernistas brasileiras, arte nipo-brasileira, arte naif, e artistas contemporâneos, totalizando um acervo com trezentas peças.
A exposição ficará à disposição do público até 28 de julho. O Palacete das Artes é um equipamento vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac)/Secretaria de Cultura/Estado da Bahia. Funciona de terça-feira a sexta-feira, das 13 às 19 horas, e sábados, domingos e feriados, das 14 às 18 horas.
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