Por Eurico Borba
Em Washington há um monumento belíssimo em homenagem aos fuzileiros navais, (“marines”). Linda homenagem ao heroísmo e ao patriotismo. Na base da obra há uma inscrição muito apropriada ao nosso mundo atual: "A incomum coragem era uma virtude comum...".
Lembrei-me da frase e do que ela pode expressar neste momento de covardia generalizada, como uma comum determinação de relegar a dignidade a uma posição secundária, de onde a maioria parece se afastar, se omitindo ou pelo silencio ou pela inação, não se opondo ao descalabro moral que assola nossa civilização construída em séculos de lutas, de sonhos de felicidade e segurança acalentados por gerações. Agora, quando as primeiras luzes das conquistas humanas começavam a surgir, em horizontes ainda tumultuados, as pessoas passaram como a que se esconder por detrás do que é fácil e cômodo, do que oferece prazer, do que não se precisa refletir não provocando debates esclarecedores e reflexão critica, estimuladoras de novas conquistas - apenas aceitação e adesão. A maioria parece ter vergonha de pautar suas ações por valores antigos, ao não aceitar o conceito de modernidade de uma juventude que não mais lê, não mais conversa, não mais acredita em nada que não seja a satisfação dos seus anseios superficiais e vazios. O "politicamente correto", raso e simplista, passa a conduzir o pensamento e as ações da maioria dos povos. É como se a ignorância e a compreensão do muito que já foi feito pela construção do Humanismo - a supremacia da dignidade da pessoa humana no processo histórico - com todas as suas ainda imperfeitas e inacabadas conquistas, não valessem nada - tudo precisaria ser redescoberto...
Isto é abdicar da inteligência, fazer mau uso da liberdade, desperdiçar o valor insubstituível da convivência democrática, por em risco a própria existência da humanidade (vejam o que está acontecendo com o meio ambiente). A história pressupõe a progressiva e contínua superposição organizada de saberes verdadeiros para possibilitarem o progresso e o refinamento de conquistas anteriores. O deboche, a indisciplina social sistemática e o cinismo permanente impedem o adensamento da consciência integra e responsável, a descoberta do belo e do respeito pela integridade do próximo, pelas exigências de tudo aquilo que é necessário para a explicitação progressiva da sacralidade da vida, que se manifesta em todo o seu esplendor na pessoa humana - ser individuo de natureza racional, livre e social.
Afirmar verdades permanentes e faze-las prevalecer no cotidiano das sociedades orientando suas caminhadas, no que diz respeito às exigências da pessoa humana, da família, da paz, da dignidade inerente a todas as pessoas, conquistas reais da história da humanidade, não significa humilhar ou oprimir o outro, mesmo que veementes discussões perdurem por muito tempo. Esta atitude de coerência exige, nos dias atuais, muita coragem, coragem física inclusive, com a indispensável reação à truculência e ao crime. O debate organizado pode ser desconfortável, pois obriga a reflexão, a aceitação da critica e a honesta revisão do erro, da posição equivocada, uma vez comprovado o equivoco. É impossível ficar em silencio se se quer a preservação do Humanismo - é imperiosa a coragem para afirmar as poucas verdades que orientam e conferem significado e beleza às nossas existências.
Eurico Borba é aposentado, ex-professor da PUC RIO, ex-presidente do IBGE, escritor, mora em Caxias do Sul.
Fonte: http://www.diariodopoder.com.br
Em Washington há um monumento belíssimo em homenagem aos fuzileiros navais, (“marines”). Linda homenagem ao heroísmo e ao patriotismo. Na base da obra há uma inscrição muito apropriada ao nosso mundo atual: "A incomum coragem era uma virtude comum...".
Lembrei-me da frase e do que ela pode expressar neste momento de covardia generalizada, como uma comum determinação de relegar a dignidade a uma posição secundária, de onde a maioria parece se afastar, se omitindo ou pelo silencio ou pela inação, não se opondo ao descalabro moral que assola nossa civilização construída em séculos de lutas, de sonhos de felicidade e segurança acalentados por gerações. Agora, quando as primeiras luzes das conquistas humanas começavam a surgir, em horizontes ainda tumultuados, as pessoas passaram como a que se esconder por detrás do que é fácil e cômodo, do que oferece prazer, do que não se precisa refletir não provocando debates esclarecedores e reflexão critica, estimuladoras de novas conquistas - apenas aceitação e adesão. A maioria parece ter vergonha de pautar suas ações por valores antigos, ao não aceitar o conceito de modernidade de uma juventude que não mais lê, não mais conversa, não mais acredita em nada que não seja a satisfação dos seus anseios superficiais e vazios. O "politicamente correto", raso e simplista, passa a conduzir o pensamento e as ações da maioria dos povos. É como se a ignorância e a compreensão do muito que já foi feito pela construção do Humanismo - a supremacia da dignidade da pessoa humana no processo histórico - com todas as suas ainda imperfeitas e inacabadas conquistas, não valessem nada - tudo precisaria ser redescoberto...
Isto é abdicar da inteligência, fazer mau uso da liberdade, desperdiçar o valor insubstituível da convivência democrática, por em risco a própria existência da humanidade (vejam o que está acontecendo com o meio ambiente). A história pressupõe a progressiva e contínua superposição organizada de saberes verdadeiros para possibilitarem o progresso e o refinamento de conquistas anteriores. O deboche, a indisciplina social sistemática e o cinismo permanente impedem o adensamento da consciência integra e responsável, a descoberta do belo e do respeito pela integridade do próximo, pelas exigências de tudo aquilo que é necessário para a explicitação progressiva da sacralidade da vida, que se manifesta em todo o seu esplendor na pessoa humana - ser individuo de natureza racional, livre e social.
Afirmar verdades permanentes e faze-las prevalecer no cotidiano das sociedades orientando suas caminhadas, no que diz respeito às exigências da pessoa humana, da família, da paz, da dignidade inerente a todas as pessoas, conquistas reais da história da humanidade, não significa humilhar ou oprimir o outro, mesmo que veementes discussões perdurem por muito tempo. Esta atitude de coerência exige, nos dias atuais, muita coragem, coragem física inclusive, com a indispensável reação à truculência e ao crime. O debate organizado pode ser desconfortável, pois obriga a reflexão, a aceitação da critica e a honesta revisão do erro, da posição equivocada, uma vez comprovado o equivoco. É impossível ficar em silencio se se quer a preservação do Humanismo - é imperiosa a coragem para afirmar as poucas verdades que orientam e conferem significado e beleza às nossas existências.
Eurico Borba é aposentado, ex-professor da PUC RIO, ex-presidente do IBGE, escritor, mora em Caxias do Sul.
Fonte: http://www.diariodopoder.com.br
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