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sexta-feira, 25 de março de 2016

148 anos da Sociedade Filarmônica 25 de março

Das três filarmônicas feirenses que fizeram história, a Sociedade Filarmônica 25 de Março é a mais destacada. Criada com o objetivo cultural de desenvolver a arte da música ao nível do Teatro e Escola de Piano, já existentes, ela surgiu muito próxima da primeira a ser criada no Estado, a Sociedade Filarmônica Erato Nazarena, fundada em 1863, cinco anos antes da primeira em Feira de Santana.
A Sociedade Filarmônica 25 de Março está sendo resgatada, inclusive com restauração do prédio que a abriga, na rua Conselheiro Franco. O prédio da entidade é um bem histórico pertencente à população e está com tombamento provisório pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac).
O atual presidente da instituição é o professor Carlos Brito.
Desativada por cerca de nove anos, a entidade se livrou de um imbróglio jurídico que estava impedindo que se iniciasse o processo de restauração, para que o prédio da entidade volte às suas atividades.
A Sociedade Filarmônica 25 de Março voltou à atividade. Recentemente, participou do V Festival de Filarmônicas Princesa do Sertão. A Escola de Música Estevam Moura foi criada e estimular a formação de jovens músicos.
História
Jornalista, advogado e escritor, Antônio Moreira Ferreira, Antônio do Lajedinho, é também poeta, cronista e historiador. Ele conta que a Sociedade Filarmônica 25 de Março fez história, assim como a Sociedade Filarmônica Vitória e a Sociedade Filarmônica Euterpe Feirense.
Fundada a 25 de março de 1868, está completando este ano 148 anos, quase sesquicentenária, "com o objetivo cultural de desenvolver a arte da música ao nível do Teatro e Escola de Piano, já existentes, como a primeira a ser criada na Bahia, a Sociedade Filarmônica Erato Nazarena, fundada em 1863, cinco anos antes da primeira em Feira de Santana".
Na sua primeira diretoria, "abnegados pelo desenvolvimento da 'Divina Arte'", os nomes de João Manoel Laranjeira Dantas, Eduardo Franco, Afonso Nolasco, Antônio Joaquim da Costa, Alípio Cândido da Costa, José Pinto dos Santos (Cazuza do Deserto), Joaquim Sampaio - primeiro intendente de Feira de Santana, entre fevereiro e julho de 1890 -, Francisco Costa, Galdino Dantas, Juvêncio Erudilho, José Nicolau dos Passos, Alexandre Ribeiro, Joviniano Cerqueira, Pedro Nolasco Néu e Tibério Constâncio Pereira, como informa o professor Carlos Brito, a partir do que consta no Estatuto da secular entidade de Feira de Santana.
"Cinco anos depois houve um desentendimento entre os membros da diretoria e criou-se uma dissidência.  Como o padre Ovídio Alves de São Boaventura estava fundando a Sociedade Filarmônica Vitória, os dissidentes da 25 de Março juntaram-se a ele e, em 1873, foi criada mais uma filarmônica", continua Antônio do Lajedinho.
Ele diz mais que "59 anos depois de fundada, em 1927, a Sociedade Filarmônica 25 de Março, por questões internas, dissolveu o corpo musical e fechou suas portas. E assim ficou durante quatro anos, até 1931, quando o coronel Américo de Almeida Pedra, voltou a residir em Feira de Santana. Foi então que o herói das lutas horacianos na Chapada Diamantina e combatente contra a Coluna Prestes convocou os velhos companheiros como Antonio Cipriano Pinto, Alfredo de Castro, Euclides de Souza Pinto, Alfredo Pereira, Argemiro Souza e o maestro João do Espírito Santo, com os quais constituiu uma diretoria, tendo ainda a colaboração de homens de destaque de então, como Arnold Ferreira da Silva, João Marinho Falcão, Raul Ferreira da Silva, Heráclito Dias de Carvalho, Carlos Rubinos Bahia, Adalberto Pereira, Dálvaro Ferreira da Silva e outros que faziam parte da elite feirense. Juntos soergueram a primogênita filarmônica de Feira".
Grande maestro
O historiador destaca que a Filarmônicas 25 de Março teve grande maestro compositor, o professores Estevão Moura da 25 de Março, que "além de ensinar a música e a arte dos instrumentos musicais, ainda compunham músicas das mais diversas categorias".
Em 1977, o maior feito da 25 de Março, quando se classificou entre as quatro melhores  filarmônicas do Brasil, disputando o I Campeonato Nacional de Bandas Civis, promovido pela Fundação Nacional de Arte (Funarte), Mobral e Rede Globo de Televisão. Coincidentemente no dia em que completava seu 109º aniversário, a 25 de Março seguiu para o Rio de Janeiro, viagem em dois ônibus especiais.
A apresentação no festival ocorreu na manhã do domingo, 27 de março. No dia 10 de abril, durante o programa "Concertos Para a Juventude", a transmissão pela Globo. A comissão julgadora deu a nota 7,84 - a mais alta até então alcançada pelas demais - sendo classificada para a fase final, em 22 de abril.
A 25 de Março executou a marcha "Constelação" e o dobrado "Deputado Arnold Silva", ambos de autoria do maestro Estevão Moura. "Não sejam tão egoístas a ponto de terem somente para si o acervo musical desse grande músico. Permitam que todo o Brasil e o mundo dele se aproximem, pois o seu talento precisa ser evidenciado e proclamado", afirmaram então os componentes do júri sobre Estevão Moura.
Os julgadores do concurso foram os maestros Celso Woltzenlogel (São Paulo), Henrique Morelembaun (Rio de Janeiro), Alceo Bocchino (Paraná), Marlos Nobre (Pernambuco), que deram nota nove, e Julio Medaglia (São Paulo), que deu nota sete.
Maior feito
Em 19 de junho, participou da grande final, ficando em terceiro lugar, representando o Estado da Bahia, quando obteve a nota 8,6, perdendo para as representantes de São Paulo e Pernambuco. O terceiro lugar foi um título considerado honroso e que foi festejado por Feira de Santana quando retornou à cidade. A viagem para o Rio de Janeiro dessa feita foi de avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
Então, Claudemiro Daltro, o maestro Miro, foi quem regeu o grupo, formado pelos músicos instrumentistas Alfredo, Toninho, Arcanjo e Jacinto (tumbas), José Ferreira, Francisco, João Babau, Agostinho, Farias e Zequinha (trombones), Gilberto, Nagib, Elias, Valdomiro e Zabidiel (pistons), Aquino, Dé, Wilton (trompas), Carlito, Ferreira, Bento e Chicão (saxofones), Tupinam (sax barítono), Elói, Ulisses, Braga, Otoniel, Humberto, Bonfim e Nivaldo (clarinetas), Nilo (requinta), Rafael (flautim), Saul (pratos), Aloisio (bumbo), Raimundo (tambor e caixa).
O empresário João Domingos Gonçalves, o Doute, presidente de então, chefiou a delegação, composta ainda dos diretores José Manuel de Araújo Freitas, Werther Mascarenhas Farias, Eduardo Pereira da Silva, José Portugal, Djalma Ferreira, Hildeberto Erudilho Suzart, Alpiniano Reis e o radialista Lucílio Bastos, representando a imprensa feirense.

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