Por Reinaldo Azevedo
É detestável que a Petrobras me obrigue a interromper aquele que
é, a rigor, meu primeiro dia de férias. E por quê? Porque entregaram a empresa
a uma quadrilha, e essa quadrilha, por sua vez, era a operadora de um projeto
de poder que tem como protagonista um partido político. Já chego lá.
Estava viajando quando o Fantástico foi ao ar. Na noite deste
domingo. Assisti à entrevista de Venina Velosa da Fonseca, a executiva da
estatal que botou a boca no trombone, na reapresentação do programa, na
GoboNews. Se Dilma tiver ao menos 5% de sua avantajada cabeça tomada pelo
juízo, Graça Foster amanhece ex-presidente da Petrobras nesta terça. Aliás, a
própria Graça poderia fazer um favor à sua amiga e cair fora.
Não resta dúvida: Venina advertiu, sim, Graça para uma série de
desmandos na Petrobras. Também José Carlos Cosenza, atual diretor de
Abastecimento e sucessor de Paulo Roberto Costa, tomou conhecimento das
denúncias. Sérgio Gabrielli, ex-presidente da empresa, idem. Os e-mails são
evidentes. Se Venina só veio ou não a público em razão de algum ressentimento,
isso é irrelevante.
Ela reafirmou todas as suas denúncias na entrevista ao
Fantástico, deixou claro que a diretoria sabia de tudo e disse ter fornecido
documentos ao Ministério Púbico Federal. Dilma confia em Graça? Pior para
o país. Venina está determinada e parece disposta, se preciso, a enfrentar a
presidente da Petrobras cara a cara. Aliás, o comando da emprsa insiste em
desqualificar aquela que, até outro dia, era considerada tão competente que até
mereceu um alto cargo em Cingapura.
E que se note: o caso de Venina é muito diferente do de seu
ex-chefe Paulo Roberto. Ela não é investigada em nada. Contar o que sabe não
lhe traz vantagem nenhuma – a rigor, só lhe causa prejuízo. Mesmo assim, sem
contar com nenhum benefício futuro, como Paulo Roberto ou Alberto Youssef,
decidiu dizer o que sabe.
Venina reafirmou que, ao confrontar Paulo Roberto sobre
superfaturamento, este teria apontado para o retrato de Lula, então presidente
da República, e para a sala de Gabrielli, indagando: “Você quer derrubar todo
mundo?” É evidente que, ao dizê-lo, o então diretor de Abastecimento sugeria
que Lula sabia de tudo.
Não, ouvintes, eu não vou abandonar a minha tese! A Petrobras não
é exceção, mas regra. O que se viu na estatal se repete em toda parte. É um
método. E quem o comprova é Rui Falcão, presidente do PT.
Neste domingo, no Estadão, Falcão confessa que o partido está
mapeando os cargos do governo federal nos Estados para fazer o que ele chama de
“recall”. Nas suas palavras: “Estamos fazendo um mapa dos cargos federais nos
Estados para saber quem é quem, quem indicou, qual a avaliação que a gente tem
disso, e fazer uma proposta (de nomes à presidente.”
É claro que ele deveria ter vergonha de dizer essas coisas, mas
ele não tem. É que o PT pode perder alguns cargos na Esplanada dos Ministérios,
e os companheiros já estão pensando uma forma de compensação.
Um desastre como o que está em curso na Petrobras é parte de um
modo de entender a coisa pública.
Será que o Projeto Reinaldo Ensolarado começa nesta segunda. No
pais em que a política é caso de Polícia, nunca se sabe.
Fonte: “Blog
Reinaldo Azevedo
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