A ex-gerente da Petrobras
Venina Velosa da Fonseca afirmou em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que alertou pessoalmente a
presidente da empresa, Graça Foster, sobre irregularidades em contratos.
"Eu estive com a
presidente pessoalmente quando ela era diretora da área de gás e energia.
Discutimos o assunto. Foi entregue uma documentação com uma denúncia na área de
comunicação”, disse.
Na última terça-feira, a
Petrobras afirmou que a ex-gerente só havia feito afirmações vagas em mensagens
e que Graça Foster só foi alertada sobre irregularidades em um e-mail enviado
em 20 de novembro deste ano, após a demissão da funcionária.
Só que Fantástico mostrou um e-mail que Fonseca
enviou para Graça Foster em outubro de 2011 em que ela se queixava sobre os
técnicos da empresa estarem sendo passados para trás e sobre o
"esquartejamento" de projetos para dificultar a fiscalização. À época
do e-mail, Graça Foster era diretora de gás e energia. Ela assumiu a presidência
da empresa em fevereiro de 2012.
Na entrevista, Fonseca
também disse que alertou seguidamente Paulo Roberto Costa, José Raimundo
Brandão Pereira, José Carlos Cosenza e o ex-presidente Sergio Gabrielli sobre
irregularidades. "Informei a todas as pessoas que eu achei que poderiam
fazer algo para combater aquele processo que estava se instalando dentro da
empresa".
A ex-gerente disse que
outros funcionários conhecem as irregularidades na empresa. Ela disse esperar
que eles denunciem as irregularidades. "Espero que os empregados criem
coragem e comecem a reagir", disse.
Ela também afirmou que não
tem a intenção de "derrubar" ninguém. "Eu quero uma empresa
limpa. Eu quero que os funcionários tenham orgulho", disse.
Fonseca disse ainda que recebeu "várias ameaças" quando trabalhava na empresa e apurou as primeiras irregularidades. “Se eu tivesse participado de algum esquema eu não estaria aqui denunciando.”
Fonseca disse ainda que recebeu "várias ameaças" quando trabalhava na empresa e apurou as primeiras irregularidades. “Se eu tivesse participado de algum esquema eu não estaria aqui denunciando.”
Emocionada, Fonseca lembrou
durante a entrevista sobre seu afastamento e sua realocação em Singapura, logo
depois de fazer as primeiras denúncias “Eu tinha uma família, um marido,
um apartamento. O que eles fizeram foi me afastar para Singapura”, disse.
O papel de Fonseca nas
denúncias foi revelado no dia 12 de dezembro. Reportagem do jornal Valor afirmou que a ex-gerente
prestou depoimento ao Ministério Público Federal em Curitiba, que investiga os
escândalos envolvendo contratos da empresa.
Fonseca ocupou vários
cargos na Petrobras nos últimos 24 anos. Em 2004, ela se tornou gerente
executiva da Diretoria de Refino e Abastecimento quando passou a trabalhar na
área de abastecimento com o então diretor Paulo Roberto Costa, preso na
Operação Lava Jato.
Fonseca prestou novo
depoimento na manhã da última sexta-feira por cinco horas seguidas ao
Ministério Público e desmentiu a Petrobras e disse que os altos diretores da
companhia, incluindo a presidente da Petrobras Graça Foster foram avisados
previamente por ela e sabiam pelo menos desde 2009 de irregularidades e desvios
de recursos na estatal.
Venina prestou
esclarecimentos na condição de testemunha de acusação e sob juramento e
apresentou às autoridades notas fiscais, cópias de e-mails, atas de auditoria,
relatórios internos da petroleira e deixou com o Ministério Público até seu
próprio computador pessoal, com detalhes de como foram celebrados contratos na
companhia. A ex-funcionária vai ser ouvida pelo juiz Sergio Moro, responsável
pela Lava Jato na Primeira Instância, em fevereiro.
Fonte: http://veja.abril.com.br/
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