Por Augusto Nunes
Ainda na chefia da Casa
Civil mas já fantasiada de candidata à Presidência, Dilma Rousseff
juntou-se em 23 de maio de 2009 à tropa incumbida de abortar outra tentativa de
abrir a caixa preta da Petrobras: uma Comissão Parlamentar de Inquérito
proposta pelo senador Álvaro Dias, do PSDB do Paraná. Se o parto fosse consumado,
a CPI se dedicaria a lancetar simultaneamente três tumores: licitações
fraudulentas envolvendo plataformas marítimas, a pilha de contratos
superfaturados que continuava aumentando na Refinaria Abreu e Lima e
bandalheiras de bom tamanho fisgadas nas ondas dos royalties do petróleo.
No vídeo, Dilma tenta
provar que crime - e crime hediondo - era colocar sob suspeita um monumento à
lisura e à competência. Merecia mais respeito "uma empresa que hoje ocupa, e
vai ocupá, cada vez mais, a partir do pré-sal, um espaço muito grande,
né?…ela é uma empresa que tem que sê preservada". Pausa para descanso do
neurônio solitário. "Acho que você pode… é… todos os objetos, pelo menos os que
eu vi, da CPI, você pode investigá usando TCU, Ministério Público", recomeça o
palavrório em dilmês castiço. "Essa história de falá que a Petrobras é uma
caixa preta… a Petrobras pode ter sido uma caixa preta em 97, 98, 99, 2000".
Nos tempos de FHC, claro.
Nada a ver com a estatal
pronta para premiar com a carteirinha de sócio-atleta da OPEP o Brasil
Maravilha que Lula pariu e Dilma ainda amamenta. "A Petrobras de hoje é uma
empresa dum nível de contabilidade dos mais apurados do mundo", caprichou na
tapeação a supergerente de araque. Em junho, a CPI nasceu já enfraquecida pela
anemia e morreu de inanição em novembro. Em setembro, enquanto uns poucos
oposicionistas tentavam furar o cerco da base alugada, Dilma recebeu o email
enviado por Paulo Roberto Costa divulgado por VEJA em 26 de novembro deste ano.
Antes do Petrolão, o vídeo
era só uma prova de que Lula resolvera instalar no Planalto um poste incapaz de
dizer coisa com coisa. Depois da descoberta do maior e mais repulsivo escândalo
político-policial da história do Brasil, virou prova de crime. Dilma já sabia
do que se passava na estatal saqueada anos a fio. Só comparsas fingem enxergar
um viveiro de gênios da raça a serviço da nação na catacumba infestada de
delinquentes companheiros.
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