Por Ricardo Setti
O
governo atrasou o pagamento de pelo menos 5 bilhões de reais em obras
de infraestrutura, de acordo com informações publicadas nesta sexta-feira pelo
jornal Folha de S. Paulo.
Empresários do
setor estimam débitos de cerca de 2 bilhões de reais em projetos do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), 1,5 bilhão de
reais em pagamentos atrasados para construtoras do programa Minha Casa, Minha
Vida (MCMV) e mais 1 bilhão de reais em ferrovias, transposição do rio São
Francisco e obras do Ministério das Cidades.
Empresários
afirmam que a equipe da presidente Dilma Rousseff (PT) havia
prometido quitar as dívidas contanto que as construtoras apoiassem a manobra fiscal que autoriza
o descumprimento da meta do superávit primário deste ano. Mas apesar da
alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, o governo não
cumpriu sua parte no acordo. "O combinado não foi cumprido", disse o presidente
da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), José Alberto
Pereira Ribeiro.
O presidente da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), José Carlos Martins,
reuniu-se na quinta-feira com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Preocupados
com um possível calote, eles lembraram que estão ocorrendo greves em canteiros
de obras e que empresas estão reduzindo o nível de serviço para evitar uma
paralisação.
Algumas
companhias temem não ter dinheiro para pagar o 13º salário de seus funcionários
ou para reparar estragos típicos em estradas nesta época do ano.
O governo negou
acordo com as construtoras, mas disse que analisará e solucionará as pendências
na medida do possível. De acordo com empresários do setor, as dívidas
acumularam por causa de uma tentativa do ministro Guido Mantega de encerrar seu
mandato com superávit primário. Mesmo assim, o fechamento das contas este ano
ainda dependerá da parcela dos débitos que será liquidada.
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