Por
Reinaldo Azevedo
Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, o executivo da Toyo Setal que
afirmou que parte da propina paga ao PT foi registrada como doação legal, fez
outras revelações que chegam a assumir certo tom jocoso, mas que dão conta do
grau de delinquência a que chegaram as relações da Petrobras com empreiteiras e
partidos políticos.
Três homens, disse ele, passavam para recolher a propina em
dinheiro vivo. Atendiam pelas alcunhas de "Tigrão", "Melancia" e "Eucalipto". A
Polícia Federal tem tentando chegar a esses senhores, mas, até agora, não
conseguiu.
"Tigrão", segundo o executivo, é "moreno, 1,70m a 1,80m de altura,
meio gordinho e com idade aproximada de 40 anos". Júlio Camargo, o segundo
diretor da Toyo Setal que fez delação premiada, descreveu os dois outros deste
modo: "Um deles era mulato, forte, 1,85m, idade aproximada de 55 anos, e outro
era de estatura baixa, bem branco, idade aproximada de 60 anos".
Pronto! Suponho que o segundo fosse o "Melancia", e o outro, o "Eucalipto".
Nessa zoologia criminosa, é evidente, falta identificar os ratos, as raposas,
as baratas, as hienas não faltam ratos, raposas, cães ladravazes e baratas.
Como é mesmo aquele trecho de uma música dos Titãs, do tempo ainda
em que certo partido pregava a ética na política?
Bichos!
Saiam dos lixos
Baratas!
Me deixem ver suas patas
Ratos!
Entrem nos sapatos
Do cidadão civilizado
Saiam dos lixos
Baratas!
Me deixem ver suas patas
Ratos!
Entrem nos sapatos
Do cidadão civilizado
O clube
Mendonça Neto também sintetizou as regras do chamado "Clube das Empreiteiras", que operaria em parceria com a quadrilha instalada na Petrobras e os políticos que lhe davam suporte, segundo informa a Folha:
Mendonça Neto também sintetizou as regras do chamado "Clube das Empreiteiras", que operaria em parceria com a quadrilha instalada na Petrobras e os políticos que lhe davam suporte, segundo informa a Folha:
- Reuniões eram convocadas por mensagens de celular ou por
telefone. A frequência variava conforme as oportunidades de negócio oferecidas
pela Petrobras
- Quem participava das reuniões não tinha a entrada registrada e
recebia um crachá já na portaria
- Cada empresa atribuía um grau de interesse, de 1 a 3, às obras
que seriam licitadas pela estatal
- Em caso de conflito e coincidência de prioridades, as empresas
interessadas resolviam entre si quem ficaria com a obra. Se a disputa
persistisse, o caso era arbitrado pelo clube’, que redistribuía contratos para
acomodar interesses
- A empresa ou consórcio escolhido para "vencer" a licitação tinha
que informar previamente sua proposta de valor
- As empresas do clube’ que participariam da licitação para
simular uma concorrência poderiam contestar o valor, caso achassem exagerado.
Isso é que é organização!
A ser tudo verdade, precisamos chamar Francis Ford Coppola, Robert
De Niro e Al Pacino para filmar a versão nativa de "O Poderoso Chefão". Só não
vai dar para contar com Marlon Brando! Que pena!
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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