Por Reinaldo Azevedo
É o
feitiço do tempo.
É o
passado que não quer passar
É o
peso das gerações mortas, como diria um pensador que os petistas apreciavam
antigamente, oprimindo o cérebro dos vivos.
É a
miséria moral se fingindo de resistência.
É o
assalto ao Estado brasileiro e às suas instâncias.
É o
novo patrimonialismo roubando o futuro dos brasileiros.
Enquanto
o país se espantava com a bandalheira do mensalão - aquele esquema em que um
partido, banqueiros e altos funcionários da administração se organizavam numa
quadrilha para criar um Congresso paralelo -, outra maquinaria criminosa, em
tudo semelhante e com boa possibilidade de ter movimentado quantidade ainda
maior de dinheiro, vigorava na Petrobras, a principal empresa brasileira.
Não,
senhores! Seus promotores e operadores não se intimidaram. Talvez escarnecessem
do país: "Vejam lá aqueles se estapeando por causa de pouco dinheiro, e nós,
aqui, a operar uma máquina de corrupção bilionária".
Sim,
leitores, por mais que o mensalão petista tenha movimentado uma fábula, o valor
é troco de pinga na comparação com os recursos que passaram pelo "Petrolão". Só
a compra da refinaria de Pasadena - uma das operações da máfia que tomou conta
da Petrobras, segundo Paulo Roberto Costa - gerou aos cofres da empresa um
prejuízo de US$ 792 milhões nas contas do TCU - ou R$ 1,8 bilhão.
Segundo
o engenheiro da Petrobras Paulo Roberto Costa, que está preso, ao contratar
obras de empreiteiras, a Petrobras pagava propina a um grupo de políticos do
PT, do PP e do PMDB. Entre os principais nomes implicados na lambança, está o
de João Vaccari Neto, homem que cuida das finanças do petismo.
O
esquema da Petrobras, que chamo aqui de Petrolão, em tudo reproduz o mensalão.
Não é diferente nem mesmo a postura do Poder Executivo, da Presidência da
República. Dilma repete, ainda que de modo um tanto oblíquo, o conteúdo da
frase célebre de seu antecessor: "Eu não sabia", ainda que, no comando da
Petrobras, durante os oito anos de governo Lula e em quase dois da atual
gestão, estivesse José Sérgio Gabrielli, um medalhão do PT, o principal
responsável pela compra da refinaria de Pasadena.
Nada,
nada mesmo, lembra tanto a velha política como a gestão miserável que tomou
conta da Petrobras. Infelizmente para o país, o nome de Eduardo Campos,
antecessor de Marina Silva na chapa presidencial do PSB, aparece no centro do
escândalo. As falas de petistas e peessebistas se igualavam na desconversa até
ontem. Nesta segunda, Marina Silva mudou um pouco o tom.
Para
arremate da imoralidade, um ministro como Gilberto Carvalho vem a
público para atribuir a corrupção desavergonhada ao sistema de financiamento de
campanha. Segundo ele, caso se acabem com as doações privadas, isso
desaparecerá. Trata-se de uma falácia espantosa. Ao contrário: se e quando as
doações de empresas forem extintas, mais as estatais estarão entregues à sanha
dos partidos.
Escreverei
isto aqui pela enésima vez: é claro que o PT não inventou a corrupção. Os
larápios já aparecem em textos bíblicos; surgem praticamente junto com a
civilização. Mas nenhum outro partido na história da democracia (e até das
ditaduras), que eu me lembre, buscou naturalizar a prática corrupta como mera
necessidade, como uma imposição dos fatos, como tática de sobrevivência.
Até
quando?
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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