Por Merval Pereira
A mais recente pesquisa do
Ibope sobre a corrida presidencial tem números ruins para a presidente Dilma,
mas nenhum igual ao que mostra que hoje, pela primeira vez, na avaliação de seu
governo o índice de ruim e péssimo já é maior do que o de bom e ótimo, 33% a
31%, respectivamente.
A esse saldo negativo
soma-se o fato de que a presidente permanece no menor índice de aprovação
possível para a reeleição, na faixa que indica, segundo pesquisas de
estudiosos, dificuldades para obter um novo mandato.
Outro dia, fiz referência a
essa pesquisa do cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto
Análise, sobre a qual já escrevera anteriormente, e muitos leitores
espantaram-se com o fato de a presidente Dilma estar em primeiro nas pesquisas
eleitorais e, ao mesmo tempo, correr o risco de perder a eleição.
Conforme já escrevi aqui, a
taxa de aprovação de seu governo está "no limbo", na definição de Alberto
Carlos Almeida. Ele tem um estudo que mostra que, em 46 de 104 eleições para
governador realizadas entre 1994 e 2010 em que havia um candidato à reeleição,
todos os que chegaram à eleição com o índice de ótimo e bom igual ou maior do
que 46% foram reeleitos.
Ao contrário, os que
disputaram a reeleição com a soma de ótimo e bom igual ou menor do que 34%
foram derrotados.
Como, na ocasião, a
presidente Dilma tinha 35% de ótimo e bom, segundo pesquisa do Ibope, estaria
em situação delicada, à beira da reeleição ou da derrota, segundo a forma como
os números se comportarem durante a campanha.
Hoje, a mais recente
pesquisa do Ibope detectou que esse índice já caiu para 31%, e na pesquisa mais
recente do Datafolha ele estava em 33%.
Nesse mesmo estudo, o
cientista político Alberto Carlos Almeida mostra que 40% a 43% dos candidatos à
reeleição nos governos dos estados que chegaram às urnas com índices de ótimo e
bom entre 35% e 45% se reelegeram, o que demonstra que a derrota é mais
provável nessa faixa de avaliação, embora não uma certeza.
Uma ressalva importante que
Alberto Carlos Almeida faz é que é possível melhorar a avaliação no decorrer da
campanha. Dilma terá três vezes mais tempo de propaganda eleitoral que o tucano
Aécio Neves e sete vezes mais que Eduardo Campos, do PSB.
O fato negativo para a
presidente é que quanto mais ações ela faz para reequilibrar sua candidatura,
mais ela cai nas pesquisas eleitorais, o que pode indicar que, como disse o
candidato oposicionista Aécio Neves, não há marqueteiro no mundo que consiga
reeleger a presidente Dilma.
Evidentemente, esta é uma
linguagem de campanha eleitoral, e ainda é muito cedo para decretar a derrota
da incumbente.
Ao contrário, ela continua
à frente das pesquisas, e há algumas até, como a do Vox Populi, que mantém a
aposta em uma vitória no primeiro turno.
Esse instituto, que faz
pesquisas para a revista situacionista "Carta Capital", é o preferido dos
petistas, que desconfiam dos números do Datafolha e do Ibope.
Os dois institutos, no
entanto, têm um histórico de acertos melhor do que o do instituto do sociólogo
Marcos Coimbra, que ficou famoso quando dirigiu a campanha vitoriosa de Collor,
seu primo, à Presidência.
Um outro detalhe da
pesquisa do Ibope que merece ser acompanhado de perto nas próximas é que a
presidente Dilma começa a perder fôlego nas capitais nordestinas, região em que
mantém ampla margem de vantagem para seus adversários.
Se for uma tendência
sustentável, é provável que essa perda de substância se alastre pelo interior,
o que pode ser uma ameaça à posição de Dilma, que deve sua eleição em 2010
substancialmente à votação que teve no Norte e no Nordeste.
Fonte: "O Globo"
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