Opção de transferência bancária para a Pessoa Física: Dimas Boaventura de Oliveira, Banco do Brasil, agência 4622-1, conta corrente 50.848-9

Clique na imagem

*

*
Clique na logo para ouvir

sexta-feira, 27 de junho de 2014

"Copa 2014: Assessor da CBF tem piti e faz voltar clima de 'Ame-o ou deixe-o' da ditadura para cima de jornalista chileno"


Por Ricardo Setti
Uma pergunta absolutamente normal e corriqueira de um jornalista do Chile dirigida hoje ao técnico Felipão e ao capitão da Seleção Brasileira, Thiago Silva, durante entrevista coletiva em Belo Horizonte provocou uma reação intempestiva e absurda do assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva.
O jornalista queria saber a reação de Felipão e Thiago à preocupação existente no Chile quanto à possibilidade de não haver uma arbitragem isenta na partida que o Brasil disputará amanhã, no Maracanã, contra a seleção chilena, pelas oitavas de final.
Paiva, encastelado na CBF há 21 anos, amigão de Ricardo Teixeira - o mesmo Teixeira escorraçado da CBF sob uma nuvem de denúncias após 23 anos de mando e desmandos, hoje em exílio milionário na Flórida - que o sucessor, José Maria Marín, manteve no cargo, censurou a resposta e investiu contra o jornalista chileno:
- Esse tema é primitivo e imaturo - atacou ele. - Soa até ridículo. Não é apenas um desrespeito com a Fifa, é um desrespeito com a história da seleção brasileira e com o povo brasileiro. O Brasil não precisa de árbitro para ganhar título e nós não vamos mais falar sobre isso -, avisou, enquanto Felipão e Thiago permaneciam calados e imóveis.
Desrespeito "ao povo brasileiro" como, cara-pálida?
Quando, como e por que esse camarada acha que pode se arvorar em alguém que fala "pelo povo brasileiro"?
Por acaso estamos na época infeliz e negra do "Ame-o ou deixe-o"?
Paiva praticamente mandou o jornalista chileno calar a boca, quando deveria ficar quietinho em seu canto e deixar que Felipão e Thiago Silva respondessem - até porque perguntar é obrigação de jornalista e, como se sabe, não ofende.
Além de que o repórter chileno fez uma pergunta absolutamente pertinente, devido ao peso da camisa verde-amarela ao qual se soma o fato de o Brasil ser o anfitrião da Copa. Tão pertinente que basta lembrar o pênalti inexistente em Fred contra a Croácia, causa do primeiro gol da Seleção na Copa.
A pergunta era mais pertinente ainda sendo o jornalista do Chile, país onde o Brasil conquistou a Copa de 1962, sendo bicampeão deixando atrás de si, porém, um rastro de irregularidades. No terceiro e decisivo jogo da fase de grupos, por exemplo, em que a Seleção precisaria pelo menos empatar com a Espanha mas, já no segundo tempo, perdia por 1 a 0, houve um pênalti escandaloso de Nilton Santos no ponta Collar que o juiz assinalou como falta fora da área.
Na sequência da jogada, a falta que não foi falta, batida pelo grande Puskas, resultou em gol de Peiró, que o árbitro anulou até hoje não se sabe por quê. Um 2 a 0 para a Espanha já passada a metade do segundo tempo seria um problemaço, meio caminho andado para a eliminação do time do técnico Aymoré Moreia. (A Seleção jogou sem Pelé, contundido no 0 a 0 anterior contra o Tchecoslováquia.)
Na semifinal contra o próprio Chile, vencida pelo Brasil por 4 a 2, Garrincha - o principal craque do time com a ausência de Pelé - foi expulso por falta violenta e, obviamente, não deveria jogar a final, que seria contra a mesma Tchecoslováquia. Ao Tribunal Disciplinar da Fifa, o juiz peruano Arturo Yamasaki informou que mandara Garrincha para o chuveiro por informação do bandeirinha uruguaio Esteban Marino, já que não vira direito o lance.
A Fifa tentou ouvir Marino, mas ele havia sumido do Chile. Até hoje não se sabe direito o que ocorreu, embora haja grandes suspeitas - inclusive porque Marino fez proveitosa carreira como árbitro, posteriormente, no Brasil.
Então, onde é que está o desrespeito?
Seria desrespeito "ao povo argentino" falar do gol de mão de Maradona contra os ingleses na Copa de 1986?
Desrespeito ao povo brasileiro não é fazer perguntas, tarefa e obrigação de jornalistas.
Desrespeito ao povo brasileiro são as práticas, hábitos e forma de agir, em nome do Brasil, que a CBF faz, impunemente, há décadas. Desrespeito é ter tido João Havelange e Ricardo Teixeira como presidentes. Desrespeito é ter no comando, desde 2012, um político aposentado de terceira, cria do malufismo e ex-governador biônico de São Paulo durante alguns meses por imposição da ditadura militar.
Fonte: "Coluna do Ricardo Setti"

Nenhum comentário: