No ano em que a presidente
Dilma Rousseff disputa a reeleição, o Palácio do Planalto acelerou seus
gastos com autopromoção: de janeiro a maio, a Presidência da República
desembolsou 92,3 milhões de reais em publicidade institucional. O montante
representa um salto de 61,84% em relação ao mesmo período em 2013,
quando mais de 57 milhões de reais foram pagos, segundo levantamento feito pela
ONG Contas Abertas a pedido do
site de VEJA. Em relação a 2011, quando 39,2 milhões de reais foram usados de
janeiro a maio para promover ações da Presidência, o aumento foi de
132,51%.
O valor planejado pelo
Planalto para a publicidade institucional é ainda maior: 201,2 milhões de
reais. A cifra se refere ao montante empenhado (jargão orçamentário para um
compromisso de gasto) até maio. Os 92,3 milhões de reais referem-se,
portanto, àquilo que foi realmente pago pela Presidência. O levantamento do
Contas Abertas leva em conta apenas os gastos da Presidência, excluindo-se
ministérios.
O levantamento indica ainda
que os gastos seguem a todo vapor. No mês de junho, até o dia 17, o Planalto
gastou 28,1 milhões de reais em publicidade. O valor é 56,2% superior ao
montante gasto nos trinta dias de junho do ano passado - 15,8 milhões de reais.
A cifra desembolsada até a segunda quinzena deste mês já supera os montantes
gastos em cada um dos meses anteriores. Junho não é apenas o mês em que começou
a Copa do Mundo no país - evento celebrado repetidamente em propagandas
oficiais e discursos de Dilma -, como também o último em que a publicidade
institucional é liberada pela legislação eleitoral. Esse tipo de publicidade é
vetado nos três meses anteriores ao pleito.
Preparação - Também pela lei, o governo só pode
gastar em publicidade em ano eleitoral aquilo que já foi gasto no ano
anterior. Tamanha elevação das despesas com publicidade em 2014 é, portanto, um
reflexo da corda que Dilma começou esticar no passado, quando desembolsou 1,87
bilhão de reais com publicidade institucional - e 2,6 bilhões de reais no
total, se somada a de utilidade pública.
Na terça-feira da semana
passada, Dilma utilizou-se de um pronunciamento nacional e rádio e televisão
para emitir um discurso eleitoreiro. A pretexto
de comemorar o início da Copa do Mundo, que ocorreria dali a dois dias, a
presidente deu lugar à candidata e, por dez minutos, promoveu seu governo e
atacou os críticos, que chamou de "pessimistas". O mesmo discurso - com dados inflados pelo governo -
foi repetido em um palanque em Salvador e no programa semanal de rádio da
Presidência, que foi ao ar nesta segunda-feira. Dilma só vai oficializar sua
candidatura neste sábado, em convenção do PT. Mas a promoção de sua imagem por
meio das prerrogativas do cargo já está a todo vapor.
Padilha – A publicidade institucional tem o
objetivo de divulgar informações sobre atos, obras, programas, metas e
resultados de governo. Já a publicidade de utilidade pública tem a
função de informar, orientar, prevenir e alertar a população sobre temas
específicos. Nesse quesito, o campeão de gastos é o Ministério da Saúde,
comandado até o final de janeiro por Alexandre Padilha, que deixou o cargo para
concorrer ao governo de São Paulo pelo PT. A pasta foi a campeã de gastos com
publicidade entre todos os ministérios em 2013: 226,8 milhões de reais. E se
mantém à frente também em 2014 - 103,8 milhões de reais até 17 de junho.
Em janeiro, prestes a
deixar o comando da Saúde, Padilha usou uma campanha de vacinação contra o HPV
como pretexto para fazer propaganda eleitoral antecipada em cadeia de rádio e
televisão. Ele falou durante quatro minutos em horário nobre e não deixou de
lado sequer a gravata vermelha. Em tom eleitoral, Padilha não se restringiu à
vacina. Falou do programa Saúde Não Tem Preço, que distribui medicamentos
gratuitamente, e destacou o Mais Médicos, principal bandeira de sua futura
campanha eleitoral.
Fonte: "Veja On-line"
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