Pastor Everaldo: até agora, dizendo as coisas certas
e sem temer a
patrulha politicamente conveniente
Foto: Reprodução
Por Reinaldo Azevedo
Amplos setores da imprensa
brasileira estão acostumados a tratar religiosos, especialmente evangélicos,
como seres primitivos e folclóricos. A Lei 7.716 pune também o preconceito
religioso, no mesmo artigo que trata de outras discriminações: de raça, cor e
procedência nacional. Mas não é levado muito a sério por ninguém nesse
particular. A afirmação nunca é frontal, mas são muitos os subterfúgios para
sugerir que o crente - em especial o cristão, de qualquer denominação - é meio
idiota, apatetado ou pilantra. A menos que se trate de um desses padres da "Escatologia da Libertação". Se for desafiado por alguém, provo. Não é preciso
ir muito longe: tentaram tirar Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão
de Direitos Humanos na marra. Não! Eu não concordava com suas teses. Deixei
isso claro. E daí? Queriam defenestrá-lo, no entanto, com base em que lei, em
que código? Não havia. Era só o cerco politicamente conveniente (que não chamo
mais "correto" porque, de correto, nada tem). Afinal, se é para punir alguém de quem não gostam, que mal há em transgredir a lei nãoémesmo?
Muito bem! Por que essa introdução? Porque esses mesmos setores
estão quebrando a cara com o Pastor Everaldo, candidato do PSC à Presidência da
República. É inteligente, articulado, fala coisa com coisa e não tem receio de
parecer o que é: um conservador - no melhor sentido, até agora ao menos, que
essa palavra possa ter. Conheço, deixo claro, pouco de sua trajetória. Prometo
tentar saber mais. Falo sobre o que leio e ouço do credo político que tem
externado. Está tudo no lugar. Nos EUA, só para ter uma referência, integraria
alguma ala moderada do Partido Republicano. Por aqui, ainda é tratado com certa
suspicácia. Sabem como é… O homem é um cristão!!! E isso pode ser muito
perigoso, né? Quando veio à luz o escândalo Luiz Moura, o deputado estadual
petista que se reuniu com membros do PCC, fui ler as reportagens que haviam
saído sobre ele quando apenas candidato. Foi tratado como um exemplo de
recuperação! De um cristão, no entanto, convém suspeitar sempre, certo? Se um
adepto do consumo de drogas se candidata, isso enriquece a democracia. Se é um
pastor, há quem veja nisso grande perigo.
Everaldo esteve nesta quinta-feira, 26, em Salvador, na convenção do PSC que
oficializou o apoio à candidatura de Paulo Souto (Democratas) ao Governo da Bahia.
Segundo informa Aguirre Talento, na Folha, afirmou:
"Defendemos a vida do ser humano desde a sua concepção, defendemos a família como está na Constituição brasileira, sem discriminar ninguém. A pessoa mais democrática e liberal é Deus, que deu livre arbítrio para o homem fazer o que bem entende de sua vida. Não é o Estado que vai dizer como vai o cidadão se comportar".
"Defendemos a vida do ser humano desde a sua concepção, defendemos a família como está na Constituição brasileira, sem discriminar ninguém. A pessoa mais democrática e liberal é Deus, que deu livre arbítrio para o homem fazer o que bem entende de sua vida. Não é o Estado que vai dizer como vai o cidadão se comportar".
É um repúdio ao aborto - e, em todo o mundo democrático, há
partidos plenamente integrados à democracia, é evidente, que têm essa pauta (só
no Brasil é que se tenta criminalizar moralmente essa escolha). Deixa claro que
defende a manutenção da família nos termos da Constituição, formada por homem,
mulher e filhos. Mas condena discriminações ao, com acerto, afirmar que não
cabe ao estado definir certos comportamentos e escolhas. Notem: um partido tem
o direito de ter uma opinião sobre o que deve ser a família legalmente
constituída. Tal tese, de resto, no que concerne ao estado brasileiro (e contra
a Constituição), está vencida. Mas só os autoritários, fascistoides mesmo,
ambicionariam impedir a expressão de uma opinião.
Gosto da coragem que tem Everaldo de dizer coisas nas quais
acredita, sem ligar para a patrulha: "Graças a Deus, estamos numa democracia, e
vou repetir sempre isto; aqui não é Cuba nem Venezuela". Na mosca! Fez, mais
uma vez, uma defesa de um estado enxuto, com redirecionamento dos gastos
públicos para saúde, educação e segurança pública. Está certo! No programa
nacional do partido, no horário político gratuito, enfrentou a "doxa" e mandou
ver: defendeu a privatização de estatais. É capaz de falar com propriedade
sobre esses assuntos.
Sem máquina, sem governos de estado, dirigente de um partido
pequeno, sem aparecer na televisão, sem ter a simpatia de jornalistas (muito
pelo contrário), Everaldo surge com 3% ou 4% nas pesquisas de intenção de voto.
E pode, escrevo de novo aqui, fazer diferença num segundo turno. Os petistas
acompanham com temor a sua candidatura por motivos óbvios.
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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