Por
Reinaldo Azevedo
A Abert, que é a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão, emitiu uma nota oficial vergonhosa. Entidade que deveria estar na
linha de frente na defesa da liberdade de expressão, abre mão de sua missão
para fazer política populista e baixo proselitismo. Vai ver é por isso que
certas emissoras - de rádio e televisão - fazem uma cobertura da política e da
Copa mais perdida do que cachorro caído de mudança. Leiam a nota, que segue em
vermelho. Volto em seguida.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert)
repudia violência cometida por policiais militares contra profissionais de
imprensa nesta quinta-feira, 12/6, em São Paulo.
As jornalistas da emissora norte-americana CNN Barbara Arvanitidis e
Shasta Darlington, e o assistente de câmera do SBT Douglas Barbieri foram
feridos por estilhaços de bomba quando cobriam manifestações na zona leste da
capital paulista.
Balas de borracha feriram ainda o jornalista argentino Rodrigo Abd,
da agência de notícias Associated Press, e um repórter de uma equipe de TV
francesa. Em Belo Horizonte, um fotógrafo da agência Reuters foi atingido na
cabeça por uma pedra lançada contra a polícia.Todos os profissionais portavam
identificação de imprensa e usavam equipamentos de segurança.
É inaceitável que, a pretexto de conter protestos durante a Copa do
Mundo, a polícia empregue métodos violentos contra jornalistas, impedindo-os de
exercer sua função profissional. Da mesma forma, são intoleráveis ataques de
manifestantes contra a imprensa.
É imperioso que a orientação das autoridades de segurança da União e
dos Estados esteja voltada ao respeito aos direitos humanos e, em especial, à
liberdade de expressão, princípio basilar de uma democracia.
DANIEL PIMENTEL SLAVIERO
Presidente
A ABERT é uma organização fundada em 1962, que representa 3 mil emissoras privadas de rádio e televisão no país, e tem por missão a defesa da liberdade de expressão em todas as suas formas.
DANIEL PIMENTEL SLAVIERO
Presidente
A ABERT é uma organização fundada em 1962, que representa 3 mil emissoras privadas de rádio e televisão no país, e tem por missão a defesa da liberdade de expressão em todas as suas formas.
Retomo
Em primeiro lugar, a nota mente ao afirmar que a Polícia Militar de São Paulo cometeu violência contra jornalistas. Uma pergunta ao sr. Slaviero: eram eles os alvos dos PMs? Fosse eu comandante da força policial, convidaria o presidente da Abert para ministrar uma aula sobre como proteger jornalistas, especialmente quando estes cobrem os eventos misturados a depredadores e segundo o ponto de vista material destes. Estivessem entre os soldados, certamente seriam feridos pelos manifestantes. Não custa lembrar que, até agora, houve um único morto nos conflitos: o cinegrafista Santiago Andrade. E o assassino não é um policial. Há uma enorme diferença entre um jornalista ser ferido num conflito e a Polícia ferir um jornalista num ato deliberado.
Em primeiro lugar, a nota mente ao afirmar que a Polícia Militar de São Paulo cometeu violência contra jornalistas. Uma pergunta ao sr. Slaviero: eram eles os alvos dos PMs? Fosse eu comandante da força policial, convidaria o presidente da Abert para ministrar uma aula sobre como proteger jornalistas, especialmente quando estes cobrem os eventos misturados a depredadores e segundo o ponto de vista material destes. Estivessem entre os soldados, certamente seriam feridos pelos manifestantes. Não custa lembrar que, até agora, houve um único morto nos conflitos: o cinegrafista Santiago Andrade. E o assassino não é um policial. Há uma enorme diferença entre um jornalista ser ferido num conflito e a Polícia ferir um jornalista num ato deliberado.
Escreve ainda o sr. Slaviero: "É inaceitável que, a pretexto de conter
protestos durante a Copa do Mundo, a polícia empregue métodos violentos contra
jornalistas, impedindo-os de exercer sua função profissional. Da mesma forma,
são intoleráveis ataques de manifestantes contra a imprensa."
Com a devida vênia, "sob o pretexto" uma ova! A nota faz supor que
a PM mente quando diz que está contendo os protestos, como se tivesse especial
interesse em reprimir o trabalho da imprensa. Ora, e por que o faria? De resto,
quem ataca a imprensa de forma sistemática, deliberada e planejada são
manifestantes de extrema esquerda e baderneiros, que, na nota da Abert, ganham
uma menção apenas lateral. Os jornalistas só não são mais agredidos porque são
obrigados a ir para ruas sem identificar os veículos aos quais pertencem.
Muitas emissoras de rádio e televisão estão com um medo covarde
das "ruas", muito especialmente dos grupos organizados que partem para a
porrada. Há tempos, dispensam-lhes uma cobertura reverente e acham que, caso
lhes puxem o saco, serão poupadas dos ataques organizados nas ruas e nas redes
sociais. Mais: em algum grau, haverá, sim, a tal "regulamentação da mídia" - ou "controle social". Tanto pior para o setor (e para a liberdade de imprensa) se
Dilma vencer.
Também a Abert decidiu se acovardar, vergar a cerviz ao espírito
dos extremistas de rua, dando piscadelas para black blocs e outros
delinquentes. No caso, então, melhor atacar a Polícia. A propósito: quando
emissoras de televisão estão sob ataque, a Abert acha que se deve apelar a
quem? Ao Lobo Mau? Aos Chapeuzinhos Vermelhos?
Certa cobertura da imprensa, muito mais do que as ações impróprias
das polícias, é responsável pelo vulto que tomaram as ações violentas. Nesta
quinta, deu para notar o esforço para "equilibrar" as coisas. Ocorre que, de um
lado da balança, estava a PM tentando manter desobstruída a principal via que
conduzia ao Itaquerão; do outro, gente disposta a bater, a quebrar, a
incendiar. Se o noticiário estivesse certo, seríamos levados a concluir que os
dois lados têm sua parcela de razão e de culpa.
E não que falte à Abert uma causa realmente séria e relevante em
defesa da liberdade de expressão. E ela está fugindo, por comodismo, às
suas obrigações. Falarei a respeito nesta madrugada. Bater nas Polícias
Militares é fácil. Quero ver é a associação brigar com gente realmente grande
em defesa da liberdade de expressão.
Fonte: "Blog
Reinaldo Azevedo"
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