Em 1975,
o radialista Lucílio Bastos repercutiu em programa na Rádio Cultura de Feira de Santana, o discurso
do então deputado federal Francisco Pinto (MDB) contra o presidente do Chile,
Augusto Pinochet. A concessão da
emissora foi cassada em seguida.
O
discurso:
"O
que nos vem do Chile de Pinochet é o fechamento de jornais, é a censura
desvairada à imprensa remanescente. O que nos vem do Chile é a opressão mais
cruel, de que nos dá idéia a reportagem e as fotos publicadas pela revista Visão,
do campo de concentração da Ilha Dawson. O que nos vem do Chile é o clamor dos
presos (...) Três mil mortos, segundo Pinochet declarou a Dorrit Harazim, da
revista Veja (...)
Mas o que
nós desejamos, Sr. Presidente, é apenas deixar registrado nos Anais, o nosso
protesto e a nossa repulsa pela presença indesejável dos vários Pinochets que o
Brasil infelizmente está hospedando. Se aqui houvesse liberdade, o povo
manifestaria seu descontentamento e a sua ira santa, nas ruas, contra o
opressor do povo chileno. Para que não lhe pareça, contudo, que no Brasil estão
todos silenciosos e felizes com sua presença, falo pelos que não podem falar, clamo
e protesto por muitos que gostariam de reclamar e gritar nas ruas contra sua
presença em nosso País".
A pedido
do presidente Ernesto Geisel, o ministro da Justiça Armando Falcão representou
contra Chico Pinto, com base num artigo da Lei de Segurança Nacional que vedava
ofensas a chefes de nações estrangeiras.
Em 28 de
maio, veio a determinação da censura federal, registrada no pioneiro livro A
censura política na imprensa brasileira, do jornalista Paolo Marconi:
- De
ordem superior, fica terminantemente proibida a divulgação, através dos meios
de comunicação social, escrito, falado e televisado, de notícias, comentários,
referências, transcrição e outras matérias relativas ao deputado Francisco
Pinto.
Fonte: Sebastião Nery
Fonte: Sebastião Nery
Um comentário:
Um grande comunicador que se vai. Parabéns ao Blog Demais pela velocidade na informação.
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