Por Cesar Maia
1. Quando
a economia vai muito bem (digamos nota de 8 a 10), quase garante a reeleição
dos governos. Quando vai muito mal (digamos nota de 0 a 3), quase inviabiliza a
reeleição. Entre 4 e 7 a campanha vai decidir o jogo.
2. Mas há
nuances. Uma economia pode ter nota 3 e não afetar a chance de reeleição do
governante. Mas para se medir a probabilidade de sucesso nas diversas notas de
3 a 7, há que se analisar duas coisas. A primeira é a curva para se chegar a
estas notas. A nota 3 a 7 vem de uma curva ascendente? Por exemplo, veio de 0
para 3? Ou numa curva descendente? Veio de 10 para 7?
3. Quando
Carville cunhou a frase "é a economia, estúpido", naquele ponto, a economia dos
EUA estaria numa nota média de 6. Mas o problema é que ela havia chegado a uma
nota 10 e vinha mergulhando. A curva era descendente. Curvas descendentes criam
incômodos, desconfortos. Ao contrário, as curvas ascendentes criam conforto e
expectativas positivas quanto ao futuro.
4. A
segunda coisa é quando a economia fica situada horizontalmente, ou seja,
flutuando em torno de uma nota. Mesmo que a nota seja 3 ou 7, ela precisa ser
analisada dentro dela mesma para se projetar conclusões.
5. Que
nota se daria para a situação econômica do Brasil, hoje, sem se fazer qualquer
tipo de análise dos fundamentos macroeconômicos, ou coisas no estilo. Uma
porcentagem de crescimento econômico, ou de inflação ou outro parâmetro é uma
média entre setores ou entre valores. Não é a mesma coisa que todos os setores
da economia ou todos os preços estejam crescendo numa mesma taxa ou variando e
flutuando muito entre setores e preços. Uma situação cria sensação de
previsibilidade. Outra, de imprevisibilidade, de insegurança, de desconforto.
6.
Chegando ao Brasil, digamos que a nota dada pela percepção média seja 5. Mas
que 5 é esse? Nos últimos 3 anos o crescimento flutuou perto de 2%. Mas veio de
7,5%. A indústria vem caindo e a agricultura e serviços flutuaram. A inflação
cresceu em relação a 2010 e os preços relativos flutuaram muito. Isso sem falar
nos preços chamados neste verão de SuReal. A balança comercial vem numa curva
fortemente decrescente. Os juros - base - oscilaram pela política monetária do
governo. Passaram de 11% para 7,5% e voltaram a crescer para o patamar
anterior.
7. O
câmbio cresceu muito, de 1,70 para 2,40 nos últimos meses, afetando o preço dos
bens importados e do turismo da classe média. A baixa taxa de desemprego que o
governo alardeia, vista por dentro, mostra uma alta proporção de emprego sem
qualificação. Sem o emprego precário, os quase 6% de taxa de desocupação iriam
para perto de 20%. Com as taxas maiores entre os jovens. E pior: a taxa de
rotatividade é altíssima e a tendência ao se conseguir um novo emprego é que
este seja de um nível salarial inferior e com menor exigência de qualificação.
8. Com
isso tudo se pode garantir que a situação econômica atual produz desconforto e
pessimismo quanto ao futuro, mesmo que aparentemente estabilizada num certo
patamar. Garantidamente não será trunfo do governo, podendo ser da oposição, desde
que essa saiba fazer a crítica colando-a ao cotidiano das pessoas e não as
análises macroeconômicas.
9. E nem
se precisa ir muito longe. Pesquisa Ibope-CNI do final de 2013. Taxas de
Desaprovação: política contra desemprego 49%; Impostos 71%, Inflação 63%, e
juros 65%.10.
Resumindo: a economia conspira contra a reeleição de Dilma.
Fonte: "Ex-Blog do Cesar Maia"
Nenhum comentário:
Postar um comentário