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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

E a memória de Raimundo de Oliveira?



Foi Edivaldo Boaventura então secretário estadual de Cultura, quem disse, há mais de 25 anos, que “é preciso conservar a lembrança pública de sua memória. É preciso uma exposição retrospectiva de toda sua obra. É preciso fazer muita coisa, em Feira de Santana, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Não só pela memória mas também pelo alto significado que a arte de Raimundo de Oliveira alcançou”.
Agora, quando se completam 47 anos de sua morte (provavelmente no dia 16 de janeiro de 1966, com seu sepultamento no dia 19) questiona-se o que foi feito aqui em Feira pela preservação de sua memória. Além do filme de Olney São Paulo, “O Profeta da Feira de Santana”, do lançamento do livro “A Via Crucis de Raimundo de Oliveira”, da mostra de trabalhos no Clube de Campo Cajueiro, da denominação de uma galeria de arte, qual a homenagem póstuma relevante para aquele que só alcançou a glória, a níveis nacional e internacional, depois da morte?
A resposta é nenhuma. Até mesmo a lembrança da data poucos tiveram. Raimundo de Oliveira deixou obra de grande importância para a arte brasileira, sendo ainda hoje um de seus raros nomes com cotação no exterior. Mas sua terra não sabe o que isso representa.
Como registro de alguém que conheceu sua obra apenas na leitura do livro “A Via Crucis de Raimundo de Oliveira” e na visão de alguns poucos trabalhos, as citações de trechos do livro em pauta, que no lançamento aqui, no Museu Regional (hoje, Museu Regional de Arte), não teve mais de dez compradores.
"O profeta Raimundo, grande da pintura brasileira, carregado de drama, de solidão e de pecado, é no entanto o mais alegre e termo, o mais puro e numeroso, jamais sozinho pois sua palavra é de solidariedade e sua mensagem é o amor entre os seres humanos, é a alegria fluindo dos pincéis e de seu coração. É o profeta de Feira de Santana, lá vem montado em seu jumento e vai levar sua carga de amor aos confins do mundo" - Jorge Amado.
"A grande morte que cada um traz em si, no dizer de Rainer Maria Rilke, e afinal por ele encontrada e pelas próprias mãos, de maneira tão comovedora para tantos de seus amigos, tragicamente lembrados na última hora, com os bilhetes de despedia e agradecimento". (...) "Sentimento, espiritualidade deram forma e expressão à sua pintura plena de religiosidade popular, da ingenuidade e da pureza das coisas mais simples do seu povo, da sua Feira de Santana" - Carlos Eduardo da Rocha.
"Que nunca mais suceda o que aconteceu comigo a nenhum artista brasileiro nem de lugar nenhum" - Raimundo de Oliveira, na carta que deixou.
Artigo - atualizado - de Dimas Oliveira originalmente publicado na coluna "Comentando", na "Gazeta Feirense", edição de 25 a 21 de janeiro de 1986


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