Por Mary Zaidan
Trem-bala, seis mil
creches, 500 UPAs, Brasil rico, sem miséria. Fome Zero, transposição do Rio São
Francisco, presídios federais de segurança máxima. Promessas de um futuro
espetacular que nunca chega. Especialidade da geração de marqueteiros que
alcançou o ápice no período Lula, a venda do paraíso - que tem sido repetida
com sucesso - pode não ter tanta valia em 2014.
Os sinais são
muitos. Nas ruas e fora delas. No bolso do cidadão que paga cada vez mais
impostos sem a recíproca de serviços mínimos, no cotidiano de quem depende da
esfera pública para ter educação, saúde e transporte.
Daí ser quase
incompreensível a insistência dos arquitetos eleitorais da presidente Dilma
Rousseff em apostar nos fogos de artifício do PAC 3, previsto para abril.
Apresentado por
Lula em 2007, o primeiro PAC era arrebatador, com obras que pretendiam
revolucionar o País. Ganhou forte apoio do empresariado, chegou a causar inveja
até em gente da oposição. Mas empacou.
Para turbinar a
campanha de 2010, o PAC ganhou uma segunda edição, e uma mãe, a então ministra
Dilma Rousseff, a quem Lula atribuía o sucesso da versão anterior que mal saíra
do papel: 54% das obras nem projeto tinham. Na época, anunciou-se com
estardalhaço que o PAC 2 significaria investimentos em torno de R$ 1,6 trilhão.
Os últimos dados apontam a execução de R$ 665 bilhões, a maior parte em
financiamento habitacional. O 9º balanço, aguardado para a semana que passou,
nem mesmo foi divulgado.
Pouco importa se os
demais PACs empacaram. O ano de 2014 tem eleição e vem aí o PAC 3. Apelidado
como PAC da mobilidade, o mesmo termo que sustentou a ilusão do upgrade das
cidades que sediarão a Copa do Mundo da Fifa.
Na mesma toada que
deu certo na eleição anterior, no site do PAC, o futuro é hoje. Em destaque
estão investimentos de R$ 2,5 bilhões em Belo Horizonte, capital do estado-base
do candidato tucano à presidência, Aécio Neves. Antes de tudo, reforça a
campanha do mais querido dos auxiliares de Dilma, o ex-ministro Fernando
Pimentel, que disputará do governo de Minas.
O PAC oficial
festeja ainda o legado dos Jogos Olímpicos de 2016, com quase R$ 1 trilhão de
investimentos. Comete-se o mesmo erro dos sonhos dourados da Copa.
Difícil imaginar
que os marqueteiros de Dilma, com todo o instrumental de que dispõem, incluindo
pesquisas de opinião pagas com o dinheiro do contribuinte, errariam o tom. Deve
ser por isso que decidiram misturar o requentado discurso do "quem não está
conosco está contra o País" à promessa do Brasil Xangri-La.
Pode até dar certo
de novo. Mas é muita cara de pau.
Fonte: "Blog do Noblat"
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