Por Josias de Souza
Em nota divulgada na
sexta-feira, a frente parlamentar integrada por Caiado acusa a líder da Rede
Sustentabilidade de "sectarismo". Indaga: "Marina vai continuar dividindo?"
Sustenta que "o campo continua bancando o país." E insinua que o setor cresce
sem amparo governamental. "Enquanto as montadoras contam com a 'mãozinha' da
redução do IPI, […] a mesma mãozinha nunca abre os dedos quando o assunto é
agronegócio", exagera o texto.
O documento encerra com a
insinuação de que Marina ataca o setor rural por ignorância: "O setor produtivo
só pode lamentar a demonização de sempre e dizer que o maior inimigo do
desenvolvimento são os rótulos, as resistências vãs e a ignorância quando não
deseja ser superada."
Também na sexta, a
Sociedade Rural Brasileira (SRB) disse em nota não entender "a intolerância e
hostilidade da ex-ministra [Marina Silva] com os produtores rurais e seus
representantes políticos legítima e democraticamente eleitos."
A SRB escreveu que "discriminar o mais moderno setor da economia brasileira, responsável por 1/3
do PIB, por 37% dos empregos, e pelo superávit de US$ 80 bilhões na balança comercial
não condiz com a postura que se exige de alguém que pleiteia ocupar o mais alto
cargo da República."
O texto prossegue: "Rotular
o agronegócio de 'atrasado' é desconhecer a realidade de um setor que apresenta
taxas chinesas de crescimento e ímpeto americano de inovação, enquanto a maior
parte da economia patina."
A entidade pede "respeito". E
acrescenta: "Ao destratar o agronegócio, Marina colabora para a disseminação de
preconceitos com relação ao produtor rural brasileiro, seja ele familiar, pequeno,
médio ou grande."
Veio à luz também uma nota
da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Num texto em que se
autodefine como "instituição suprapartidária", a OCB defende a combinação do
estímulo à produção com a preservação do meio ambiente. "Entendemos que, sim, é
possível preservar e produzir."
A OCB elogia o deputado que
Marina alvejou: "O médico e produtor Ronaldo Caiado é um parlamentar que tem
compromisso com as cooperativas brasileiras - tanto na área agrícola quanto nos
outros setores da economia no qual estamos presentes. E a OCB, como instituição
representativa do cooperativismo, apoia Caiado e todas as lideranças que
trabalham por nossas cooperativas." Encerra: "Os 11 milhões de cooperativistas
brasileiros agradecem ao deputado…"
"A Associação Brasileira
dos Produtores de Soja vem a público repudiar as declarações da ex-senadora
Marina Silva contra o deputado Ronaldo Caiado", diz outra nota divulgada nesta
sexta. "[…] Infelizmente, além de deselegante, a agressividade da declaração assume
uma proporção maior ao atacar não só o deputado Caiado, mas também o setor mais
importante da economia brasileira, o agronegócio."
"A Associação Brasileira
dos Criadores de Zebu manifesta o seu inconformismo com as recentes
declarações à imprensa da ex-senadora Marina Silva a respeito do deputado
federal Ronaldo Caiado", reagiu, por escrito, mais uma entidade. "Difunde visão
preconceituosa e injusta das causas defendidas pelo setor agropecuário,
como se houvesse contraposição entre os interesses deste setor da economia
nacional e os interesses do povo brasileiro."
Também tomou as dores de
Caiado a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana).
Os usineiros enalteceram em nota "a importância dos deputados que compõe
a Frente Parlamentar da Agropecuária." Ecoaram os argumentos econômicos da
SRB: "Nossa atividade tem grande importância econômica, responsável por cerca
de 25% do PIB nacional e cerca de 40% das exportações brasileiras." A entidade
lamentou os ataques "sem motivos" que Marina desferiu conta o agronegócio.
Caiado foi amparado também
por duas entidades de Goiás. A Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura
anotou: "Marina Silva, aliada do também pré-candidato Eduardo Campos, criou uma
hostilidade gratuita com todos os segmentos do agronegócio. É temerária a face
de intolerância e preconceito demonstrados por quem deseja governar um país.
Repudiamos essa atitude e orientamos nossos companheiros para avaliarem bem o
cenário em 2014. Identifiquem claramente quem está contra o setor produtivo
rural brasileiro."
A Associação de Criadores e
Proprietários de Cavalos de Corrida de
Goiás tachou de "inaceitável,
preconceituosa e agressiva" a crítica que levou Caiado a romper o acordo que
firmara com o PSB de Eduardo Campos no seu Estado.
Há dois dias, a
Confederação Nacional da Agricultura (CNA), presidida pela senadora Katia Abeu
(PMDB-TO), associara-se à Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás numa
nota conjunta. Referindo-se aos ataques de Marina a Caiado, as duas entidades
lamentaram "o radicalismo e agressividade". Consideraram “inadmissível” que a
nova parceira de Eduardo Campos trate Caiado "como inimigo histórico dos
trabalhadores rurais". Chegaram mesmo a classificar os ataques como "calúnia e
difamação".
A onda de reações do setor
rural deve crescer nos próximos dias. Cogitam entrar na briga entidades do Mato
Grosso, do Mato Grosso do Sul e do Paraná. Considerando-se o tamanho da
revolta, fica claro que haverá algum prejuízo eleitoral para o presidenciável
do PSB. As pesquisas e, sobretudo, as urnas dimensionarão os danos.
Fonte: "Blog do Josias"
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