Por Reinaldo Azevedo
O
ridículo, no caso que envolve a Caixa Econômica Federal e a bagunça gerada pelo
pagamento dos benefícios do Bolsa Família, parece não ter fim. Nesta quarta, a
presidente Dilma Rousseff, imaginem vocês!, emitiu uma nota oficial para
afirmar que nada muda na direção da instituição financeira e que a "a diretoria é formada por técnicos íntegros
e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os
beneficiários de programas tão importantes para o Brasil, como o Bolsa Família
e o Minha Casa, Minha Vida".
Ah,
bom, se é assim…
Façamos,
pois, uma síntese da história, à qual Dilma, finalmente, empresta, então, uma
moral. E a moral da história é a seguinte: quando não se conhecia a origem da
confusão, a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) houve por bem culpar a
oposição, com aquela clarividência que, a gente nota, ela traz, de hábito,
estampada na testa. Já o ministro José Eduardo Cardozo, o Garboso, e a
presidente Dilma preferiram apontar uma conspirata. Para a governanta, o
responsável, além de "desumano", era também "criminoso".
Muito
bem! Agora já se sabe - embora seja frenética a busca de um bode expiatório -
que foi a própria CEF a responsável pela confusão. Menos do que o boato do fim
do benefício, o que pegou mesmo foi a informação - e se tratava de um fato
parcialmente verdadeiro - de que havia um "dinheiro a mais" na conta… E havia:
a antecipação do pagamento de maio.
Com a
informação em mãos - apurada pela imprensa (reportagem da Folha), não pelo
governo ou pela própria CEF -, os "desumanos" e "criminosos" de antes viram
heróis. E não pode haver, convenham, melhor síntese do petismo do que essa.
Esse episódio, já que tem uma moral da história, assume mesmo o tom de uma
fábula - do subgênero perverso. E sua síntese é esta: "Os inocentes, se nossos
inimigos, são criminosos; os culpados, se nossos aliados, são virtuosos". Ou
ainda: "Os adversários são sempre culpados, mesmo quando inocentes; os aliados
são sempre inocentes, mesmo quando culpados."
Quem
estranha? Voltemos ao caso do mensalão e dos mensaleiros, que estão por aí,
para escândalo do bom senso, atacando o Supremo Tribunal Federal. A impressão
que se tem é que o país não foi vítima do maior escândalo da história
republicana; os protagonistas dos atos criminosos é que teriam sido vítimas,
coitados!, de um tribunal de exceção. Se bem que, convenham, a coisa faz
sentido: aqueles que, no fundo, odeiam o processo democrático acabam se sentido
perseguidos por suas regras e por suas leis. É um vexame!
Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
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