Por Augusto Nunes
Nos palavrórios que festejam a inauguração de estádios que não ficaram
prontos, Dilma Rousseff espanca a verdade com a mesma lenga-lenga: o Brasil
Maravilha está mostrando aos eternos pessimistas, todos loiros de olhos azuis,
que cumpre o que promete, faz o impossível, acelera na hora certa e por tudo
isso, como avisou o padrinho Lula, vai matar a Argentina de inveja com a Copa
de 2014. Em 5 de abril, como atesta o vídeo na seção História
em Imagens, a discurseira ufanista se repetiu na Arena
Fonte Nova, em Salvador, reconstruída com milhões de reais tungados dos
brasileiros que pagam impostos.
Na
segunda-feira, 27,o desabamento da parte da cobertura do estádio na Bahia - um dos
tantos monumentos à gastança concebido pelos arquitetos da Copa da Roubalheira - desmontou a farsa. Quem acreditou em Dilma dormiu sonhando com a oitava
maravilha do mundo. Acordou com o barulho do teto que não resistiu ao primeiro
temporal. Melhor que a presidente se recolha ao silêncio por alguns dias.
Enquanto faz de conta que só conhece as velhas fontes de Roma que viu na visita
ao papa, Dilma talvez aprenda onde fica o gol. A diferença entre o pau de
escanteio e o bandeirinha pode ficar para depois.
É um perigo
debochar dos orixás da Bahia, confirma a maldição da Fonte Nova. Dilma Rousseff
desafiou os deuses do candomblé durante a cerimônia no Palácio do Planalto que,
em 23 de abril, promoveu a caxirola a símbolo da Copa do Mundo e Carlinhos
Brown a gênio da raça. "O Carlinhos não disse, mas ele me falou que a caxirola
também tem um sentido transcendental de cura, de enfim, de paz com o mundo, de
estar, de fato em sintonia com a natureza e com todos os orixás", desandou a
presidente.
Decidida a enxergar
a pátria em forma de chocalho no que nunca passou de um caxixi pintado de verde
e amarelo, Dilma envolveu as poderosas entidades numa tapeação de quinta
categoria. Está pagando caro pela heresia. Em 28 de abril, uma chuva de
caxirolas no gramado da Fonte Nova demonstrou que Carlinhos Brown inventara uma
arma. Na segunda-feira, as retaliações se intensificaram: num mesmo dia, a
caxirola foi expulsa da Copa das Confederações e a cobertura do estádio
desabou.
A presidente que
mantenha distância da Fonte Nova: pelo jeito, orixás não perdoam insultos em
dilmês de boleiro.
Fonte: "Direto ao Ponto"
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