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quarta-feira, 29 de maio de 2013

"A maldição da Fonte Nova, o desabamento do ufanismo e a desmoralização da caxirola"


Por Augusto Nunes
Nos palavrórios que festejam a inauguração de estádios que não ficaram prontos, Dilma Rousseff espanca a verdade com a mesma lenga-lenga: o Brasil Maravilha está mostrando aos eternos pessimistas, todos loiros de olhos azuis, que cumpre o que promete, faz o impossível, acelera na hora certa e por tudo isso, como avisou o padrinho Lula, vai matar a Argentina de inveja com a Copa de 2014. Em 5 de abril, como atesta o vídeo na seção História em Imagens,  a discurseira ufanista se repetiu na Arena Fonte Nova, em Salvador, reconstruída com milhões de reais tungados dos brasileiros que pagam impostos.
Na segunda-feira, 27,o desabamento da parte da cobertura do estádio na Bahia - um dos tantos monumentos à gastança concebido pelos arquitetos da Copa da Roubalheira - desmontou a farsa. Quem acreditou em Dilma dormiu sonhando com a oitava maravilha do mundo. Acordou com o barulho do teto que não resistiu ao primeiro temporal. Melhor que a presidente se recolha ao silêncio por alguns dias. Enquanto faz de conta que só conhece as velhas fontes de Roma que viu na visita ao papa, Dilma talvez aprenda onde fica o gol. A diferença entre o pau de escanteio e o bandeirinha pode ficar para depois.
É um perigo debochar dos orixás da Bahia, confirma a maldição da Fonte Nova. Dilma Rousseff desafiou os deuses do candomblé durante a cerimônia no Palácio do Planalto que, em 23 de abril, promoveu a caxirola a símbolo da Copa do Mundo e Carlinhos Brown a gênio da raça. "O Carlinhos não disse, mas ele me falou que a caxirola também tem um sentido transcendental de cura, de enfim, de paz com o mundo, de estar, de fato em sintonia com a natureza e com todos os orixás", desandou a presidente.
Decidida a enxergar a pátria em forma de chocalho no que nunca passou de um caxixi pintado de verde e amarelo, Dilma envolveu as poderosas entidades numa tapeação de quinta categoria. Está pagando caro pela heresia. Em 28 de abril, uma chuva de caxirolas no gramado da Fonte Nova demonstrou que Carlinhos Brown inventara uma arma. Na segunda-feira, as retaliações se intensificaram: num mesmo dia, a caxirola foi expulsa da Copa das Confederações e a cobertura do estádio desabou.
A presidente que mantenha distância da Fonte Nova: pelo jeito, orixás não perdoam insultos em dilmês de boleiro.
Fonte: "Direto ao Ponto"

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