Fachada do Cine Santana
Ilustração de
Juraci Dórea do Cine Santana, no livro "O Lobisomem de Feira de
Santana" de Fernando Ramos, lançado em 2002
"Cine-Teatro Santana, que me
faz sonhar,
outrora com bandidos roubando a
minha coleção de selos
e com certa lourinha mordendo-me a ponta do nariz!"
Há 93 anos, num 24 de maio, a inauguração do Cine-Teatro Santana, a partir da fusão do Cinema da Vitória e o Teatro Santana. O
espaço passou a ser utilizando tanto para as exibições de filmes, quanto para
os espetáculos teatrais, musicais e literários. Era situado na antiga rua Direita, atual
rua Conselheiro Franco, numa área que pertencia à Santa Casa de Misericórdia.
Antonio Moreira Ferreira, Antonio do Lajedinho conta:
"(...) Tendo na frente uma porta larga que
servia de entrada para a sala de espera, mais duas portas de frente, para
saída, e duas bilheterias entre as portas. Ainda na frente existiam três janelas na
parte alta, no mezanino, que, com advento do cinema, foram fechadas as
laterais e transformadas em seteiras. A central onde foi instalada máquina de
projeção. (...) A parte interna era mobiliada com cadeiras, tendo uma divisão
na parte próxima do palco."
Quanto às exibições de filmes e séries,
foram apresentados aqueles que tinham a participação de atores renomados no
período, como Buck Jones, Buster Keaton, Charles Chaplin, Douglas Fairbanks Jr., Rodolfo Valentino, Tom Mix, entre
outros. Filmes como "Tarzan, O Homem Macaco" (Tarzan of the Apes), de Scott Sidney, 1919, com Elmo Lincoln; "O Garoto" (The Kid), de e com Charles Chaplin, 1921; "O Filho do Sheik" (The Son of the Sheik), de George Fitzmaurice, 1926, com Rodolfo Valentino e Vilma Banky; "A General" (The General), de e com Buster Keaton, 1926; "Cavalheiro Amador"
(The Amateur Gentleman), de Thornton Freeland, 1936, com Douglas Fairbanks Jr. e Elissa Landi; "Flash Gordon" (Flash Gordon), de Frederick Stephani, 1936, com Buster Crabbe e Jean Rogers;"As Aventuras de Sherlock Holmes" (The Adventures of Sherlock Holmes), de Alfred L. Werker, 1939, com Basil Rathbone e Nigel Bruce; e muitos outros.
Os espetáculos musicais ficavam a cargo
das filarmônicas - Vitória, Euterpe
Feirense e 25 de Março - que faziam sarais, além cantores de fora que
animavam a noite feirense com diversos ritmos. A poetisa e musicista Georgina
Erismann, criadora do Hino à Feira, por várias vezes se apresentou no espaço.
Em 1919, quando da passagem do Circo Belga pela cidade, foi realizada uma
exibição da trupe belga Leb Alberts e "seus cães sábios".
Além de um espaço de lazer, o Cine-Teatro
Santana foi palco de grandes eventos políticos, como a conferência de Rui
Barbosa, quando de sua visita a Feira de Santana, em 25 de dezembro de 1919
Eurico Alves Boaventura no poema "Cinema" (trecho no início deste texto),
destaca que o cinema era um espaço para se sonhar.
Antonio do Lajedinho diz mais que a platéia se
entusiasmava com as exibições dos filmes: "a rapaziada fazia questão de ocupar
as gerais, porque ali todos aplaudiam batendo o acento da cadeira e gritando a
cada castigo que o mocinho aplicava no bandido."
Ao piano, Anita Novais executava ritmos
compatíveis com as cenas exibidas. As de amor eram acompanhadas com valsas. As
de pancadaria, com fox-trot.
Durante muitos anos, até a década de 50, o Cinema Santana funcionou sem concorrentes.
2 comentários:
Muito bacana conhecer um pouco mais sobre a história de Feira, estou em processo de pesquisa sobre fatos que marcaram a cidade da sua fundação até a década de 30. Quem tiver, encaminha por favor!
Esse é que é o blog da Feira! Que outro dá uma nota preciosa como essa?
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