Por Reinaldo Azevedo
O deputado Marco Feliciano
(PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara,
expulsou um manifestante da sala que o chamou de "racista". O rapaz integrava
a turma que queria impedir uma nova sessão da comissão. A pauta do dia nada
tinha a ver com direitos dos gays, mas com a contaminação por chumbo na cidade
de Santo Amaro da Purificação, na Bahia, terra de Caetano Veloso. Caetano
Veloso é aquele senhor que se destaca na música e que acredita, com acerto, que
o Brasil precisa de um Congresso. Mas deu a entender também que o Congresso
aceitável é aquele formado por pessoas com as quais ele concorda. Se jovens
cantores e compositores se inspirarem em Caetano, estarão, creio, no bom
caminho no que respeita à música popular. Se pessoas interessadas em democracia
política tiverem Caetano como referência, aí estamos fritos.
Mas volto. "Racismo" é crime.
Acusar alguém de "racista" corresponde a acusá-lo de ter cometido um crime. Não
havendo provas, trata-se de calúnia, o que também é… crime!!! A imprensa
brasileira tem sido vergonhosa nesse caso. Ela é livre para odiar Feliciano o
quanto quiser; é livre para considerá-lo o mais despreparado dos seres para
essa comissão ou qualquer outra. Mas é uma estupidez acusar alguém de homofobia
por ser contra o casamento gay ou de racismo porque cita (e mal) um trecho da Bíblia.
Isso é militância, não é jornalismo. Eu opino bastante, sim, quebro o pau a
valer. Mas não atribuo nem às pessoas que mais desprezo crimes que não
cometeram só para facilitar a minha crítica. Ao contrário até: prefiro a crítica
difícil; prefiro demonstrar o erro de quem considero aparentemente certo a
evidenciar o obviamente errado. Que graça há nisso?
Feliciano mandou retirar o
rapaz da Câmara. Se quiser, pode processá-lo, sim, e aí o moço teria de provar
que Feliciano cometeu racismo - se não o fizer, caracteriza-se a calúnia.
Muito bem! Expulso, e com
motivos, da sala, Marcelo Regis Pereira, de 35 anos, antropólogo, gravou um vídeo,
que já está no YouTube. Diz-se vítima de preconceito - e a imprensa está dando
corda - por ser, atenção!, "negro, gay e pobre". Vejam o vídeo, Volto em seguida.
Voltei
Negro, como se vê, Pereira não é. Como ele mesmo diz, assim ele se "autodeclara". Eu posso me "autodeclarar" índio, por exemplo. Tenho legitimidade pra isso. Meu bisavô paterno mal arranhava o português. Aliás, a melhor parte que há em mim é o Espírito da Floresta. Feliciano, que tem comprovadamente a mãe negra, deve ser mais negro do que o acusador.
Negro, como se vê, Pereira não é. Como ele mesmo diz, assim ele se "autodeclara". Eu posso me "autodeclarar" índio, por exemplo. Tenho legitimidade pra isso. Meu bisavô paterno mal arranhava o português. Aliás, a melhor parte que há em mim é o Espírito da Floresta. Feliciano, que tem comprovadamente a mãe negra, deve ser mais negro do que o acusador.
Ele chama o outro de "racista",
é expulso da sala e diz "Fizeram isso porque sou gay". Ainda que isso estivesse
na cara, ser gay não lhe dá o direito de ofender os outros. Ou dá? Mas como
Feliciano poderia saber? Está escrito na testa? Há gente que parece e é, que não
parece e é, que parece e não é… A menos que devamos estabelecer agora um outro
padrão. Ofendido por alguém, ao reagir, devemos antes indagar: "Por favor,
cidadão, como o senhor define a sua sexualidade? Hétero? Ah, então vou
responder". Ou no outro caso: "Ah, o senhor é gay? Então eu peço desculpas por
tê-lo levado a me ofender".
O rapaz tem 35 anos e é
antropólogo. Não existe faculdade de antropologia no Brasil. É uma pós-graduação.
Isso quer dizer que ele tem um curso universitário e uma especialização. É esse
o padrão da pobreza no Brasil? Tome tento, meu senhor! Tenha compostura! Não
seja ridículo! Pobre não tem cara, não! Mas a pobreza, ah, essa tem? Revejam: é
o caso dele? Ademais, meus caros, "universitário com especialização" se
declarar "pobre", num país como o Brasil, ofende a inteligência de qualquer
pessoa de bom senso.
Esse vídeo é a manifestação
do mais escancarado oportunismo. Faltassem evidências da pantomima que está em
curso, agora não falta mais, está aí.
De fato, há gente acreditando
que é legítimo invadir uma comissão, subir na mesa, chamar o outro de racista
etc. Uma vez coibida a agressão, então é hora de gritar: "Preconceito!" Com a
pressurosa colaboração da imprensa, esse troço está indo longe demais!
Se e quando, na comissão,
Feliciano fizer alguma coisa que esteja fora de sua competência e de seu
direito legal, então que se proteste - aliás, a praça é imensa! Tentar arrancá-lo
de lá porque não gostam de suas opiniões é intolerância, sim. De resto, esses
fanáticos não se dão conta de que, na prática, estão dando à luz um herói. Já
volto ao tema.
A farsa, enfim, se revela.Fonte: "Blog Reinaldo Azevedo"
Um comentário:
Hoje, foi vergonhosa a palhaçada que essa turma protagonizou, na câmara. Como se só eles tivessem o direito à palavra. Se acham perfeitos. O presidente da comissão não deve abandonar o cargo, de forma alguma. Foi eleito pela maioria e, na minha opinião, uma boaopção. Chega de gente que usa o cargo, prá fazer apologia ao gayzismo.
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